Rosas

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Flashback do papo antes do Fiuk chegar com a Luiza.

Sabe quando de repente a gente se liga numa coisa? Foi esse o momento. Ela percebeu que eu percebi. Porque pousei o garfo no prato ainda olhando para a comida, cabeça baixa e um silêncio insuportável.

- Com que tipo de pessoa você anda fudendo, Helena ? – a pergunta saiu baixinha, mas ela ouviu, e eu ainda não a conseguia encarar, como não me respondeu, eu continuei – Falar de demonstrações financeiras padronizadas pela sigla... – levantei meus olhos, ela apenas sorriu um sorriso sem graça.

- Conheço muitas pessoas, já estou nessa vida há muito tempo, muito mais do que gostaria.

- Você não gosta do que faz, não é?

- Sim e não.

- Resposta ambigua, como devo entender?

- Do jeito que é, ambigua, por que tudo tem de ser preto no branco, certo ou errado, sim ou não?

- Eu não sei.

- Mudando de assunto, seu irmão vem a que horas?

- Devem chegar lá pelas nove, ele vem de Penedo.

- Tá, e tem alguma coisa que queira que eu faça... Ou que não faça?

- Sinceramente?... Não quero que seja a Helena , a mulher que faz programas, quero que seja você mesma.

Minha resposta a fez sorrir um sorriso aberto, feliz. Terminamos o jantar ainda conversando sobre contratos e administração e foi quando a Helena deixou escapar que "na faculdade houve um estudo de caso..." Caralho! Ela tem nível superior! Por isso tanta desenvoltura pra conversar sobre tantas coisas, deixei com que falasse bem à vontade, nada de pressionar por respostas, aceitei o que ela quis me dar. Lavei a louça e ela foi enxugando e guardando, as vezes ficava olhando ela falar e mexer o nariz, ela tem uma mania bonitinha. A forma que seus lábios se mexiam ao falar a letra "r", diferente, acho que ela fala outra língua que não seja o português, e a forma sútil com que levanta as sobrancelhas surpresa com alguma coisa que tenha dito.

Flashback off

Meu irmão surpreso, jogou o rosto pra trás, piscando seguidamente, ele não esperava que eu tomasse pulso, e a verdade é que nunca fui de enfrentar nada, de ficar batendo o pé, pra mim sempre foi " tá tudo bem". Mas aquela não era uma situação comum e a Helena não era uma mulher comum, era uma garota de programa.

- Gente que clima tosco, desnecessário, desculpa Clara , desculpa Helena , o fiuk está se roendo de ciúmes da irmã, só isso.

- Como eu disse anteriormente, compreendo e não estou nem um pouco chateada com suas palavras, Fiuk, pelo contrário, isso só me faz admira-lo. – que sacana esperta. Filha da mãe! – Um homem que zela pela família, é assim que estou te vendo e realmente te respeito e admiro, pra dizer a verdade...- Helena olhou pra mim, para meus olhos – Se tivesse uma irmã tão incrível e perfeita como a Clara , também estaria me preocupando, afinal uma pessoa surge do nada e já vai morar com ela.

- Pois é, como foi isso? Porque ela não me contou.

- Nos conhecemos na livraria do Ouvidor, começamos a conversar e acho que uma semana depois, uma semana não é amor? – fiz que sim com a cabeça – nos encontramos novamente, casualmente, e tomamos um drinque e então começamos a nos encontrar e cá estamos.

- Nossa, rápido. Em o que? Quinze dias? Surpreendente!

- Fiuk, o amor é surpreendente, a gente tá muito bem levando nossa vida e de repente dá de cara com um sentimento desses que não se pode medir ou explicar, a gente só sente e começa a rever tudo na vida, tudo.

A Acompanhante - ClarenaOnde histórias criam vida. Descubra agora