Oi gente desculpa estar postando mais devagar,esses dias estou com muita crise de ansiedade,dores horríveis então tá mais lento . Mas não vou deixar de postar tá bom !
CAPÍTULO QUATRO
Eu me sentei de frente para Max Camden, os projetos pregados em quadros ao redor da sala e a apresentação formal nas minhas mãos. E num DVD. E numa pasta. E num pen-drive, dentro da bolsa. E em outro pen-drive na bolsa de Jillian. E, depois de uma escapada no meio da noite até o apartamento de Sophia, mais um na caixa de jóias dela.
Eu tinha espalhado pela cidade todos os dispositivos de segurança que consegui. Mas será que eles iam assegurar o positivo que eu esperava receber de Camden?
Eu andara de um lado para o outro na sala por uma hora, rascunhando as minhas ideias, reforçando as imagens, planilhas e gráficos mais do que teria feito numa aula de geometria. Jillian tinha feito uma ou outra intervenção, mas me deixou no comando das coisas. O conceito que eu visualizava para o Claremont era clean e simples, com um toque dos hotéis-butique que havia aos montes na costa da Califórnia.
Embora os hotéis de Camden fossem conhecidos pelo design modernista, havia um motivo para que ele não quisesse trabalhar com os seus designers de sempre. Camden estava à procura de algo novo, tivesse consciência disso ou não. Será que a minha ideia seria capaz de seduzi-lo?
Os olhos cinzentos de Camden me encararam com agudeza e precisão. Esse cara era intimidador e sabia disso.
Durante a minha apresentação, ele me interrompeu poucas vezes, sempre com perguntas claras, concisas. E certeiras. Mas eu estava preparado. Tão preparado quanto possível considerando o tempo limitado que me fora dado, e acho que segurei a bronca. Agora, falávamos sobre quem mais Camden tinha consultado e se as propostas apresentadas estavam de acordo com o que ele queria.
Era a hora de vender o meu peixe.
Deslizei uma foto sobre a mesa em direção a ele, a cópia de um artigo do San Francisco Chronicle sobre a cidade de Sausalito. Tratava-se de um artigo antigo, de quase oitenta anos atrás, e a foto mostrava que a cidade continuava praticamente a mesma desde então. Pitoresca mas movimentada; antiquada mas altiva. Vizinha à grande San Francisco, Sausalito poderia ter vivido anos à sombra desta, porém tinha vida própria, um DNA. Era uma cidade familiar, qualquer que fosse a definição dos tempos modernos para isso.
– Como pode ver, senhor Camden, enquanto as outras cidades ao redor da baía cresceram e se expandiram, Sausalito se contenta em permanecer dentro da própria concha, cercada pela baía que faz dela uma comunidade única. Para que um novo hotel tenha sucesso aqui, precisa ser único também. O que existe hoje não é único. Este hotel precisa ser atraente para clientes novos e antigos; precisa ser ambientalmente consciente, mas sem ser afetado; precisa de um design que remonte aos primórdios da cidade, mas que ao mesmo tempo aponte para o futuro – expliquei, depois respirei.
Jesus! Odeio falar em “motivaciones”. Continuei:
– Um hotel moderno ficaria deslocado aqui, senhor Camden. O seu hotel precisa de mais: se homogeneizar com a paisagem e ainda assim proporcionar uma lembrança tão marcante que nenhum cliente jamais pense em fazer reserva em outro lugar.
Recostei na cadeira e coloquei a tampa de volta na caneta.
– E é exatamente isso que o senhor terá com a Jillian Designs – concluí, torcendo para que ninguém tivesse percebido o meu desespero sob a mesa para encontrar o sapato do pé esquerdo, que escapara em algum momento entre “remontar aos primórdios” e “apontar para o futuro”. Sempre que fico nervoso, os meus pés tendem a se retorcer.
A sala ficou em silêncio.
Camden me observou por um tempo com um olhar indecifrável.
Todos permanecemos sentados, esperando que ele dissesse algo. Por fim, ele suspirou. O meu coração afundou.
E lá se foi o pé direito do meu sapato.
– Bem, Max – Jillian quebrou o silêncio. – Tenho de certeza que você tem muito pra pensar. No que depender de nós, você e sua equipe terão tudo de que precisarem para…
– Consegue executar esse projeto a tempo, senhor? – ele me perguntou de um modo direto, enquanto todos ao seu lado começavam a se levantar.
– Sim, senhor.
– E acha que consegue fazer tudo com o orçamento que definiu?
– Sim, senhor – respondi, os dedos congelados na sua busca pelos sapatos.
Todos os demais estavam metade em pé, metade sentados. Camden sorriu para mim e então se levantou…
– … e em seguida disse: “Fechado. O trabalho é seu” e saiu da sal
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Simples assim! – exclamei.
– Consegui o trabalho! – contei para Yibo , que tinha me ligado assim que o seu avião pousara na Cidade do Cabo. Essa era a maior notícia da minha carreira e eu tive de contar para ele por telefone. Fazer o quê.
– Que ótimo! Ah, meu amor, fantástico! Que droga. Queria estar aí pra gente comemorar!
– Eu sei. Também queria que você estivesse aqui. Mas pode me dar um beijo de parabéns quando voltar. Daí a gente comemora.
– Vou te dar um beijo, claro, entre outras coisas mais.
– Por ora, eu me contento com o beijo. Me deixa fantasiar com as outras coisas. – Suspirei ao telefone e o ouvi suspirar também. É o que ele faz antes de as coisas saírem de controle…
– Bem, antes que as coisas saiam de controle…
– Antes que eu perca o controle, você quer dizer? – ele perguntou com a voz rouca.
– Yibo , então controle-se. Estou bastante certo de que você ainda está no aeroporto, não está? – perguntei, sentindo as bochechas corarem ao pensar nele atravessando a alfândega duro.
– Vou deixar passar desta vez apenas por esse pequeno detalhe técnico. Então, me acalma. Você conseguiu o trabalho, qual é o próximo passo? – perguntou num tom profissional agora.
Percebi que ele estava se esforçando para manter o controle, então peguei leve:
– O próximo passo é não conseguir respirar até o casamento e, depois, não conseguir respirar de novo. Falando sério, não sei nem dizer o quanto vou estar desesperadamente ocupado. Ainda bem que você está com a agenda cheia, porque eu estou com a corda no pescoço por tempo indeterminado. Vou entrevistar os últimos candidatos para vaga de estágio amanhã e também estou dando uns toques finais em vários projetos… Normalmente eu faria um por vez, mas agora, bem, o negócio está insano.
– Insano porém bom, certo? – Yibo perguntou, e abri um sorriso de orelha a orelha.
– Insano mas bom, sim. Fico feliz que você me entenda. Você é o melhor, Trepador de Paredes.
– Servimos bem para servir sempre.
– E como serve. Muito, muito bem – sussurrei com a voz rouca.
– Estou passando pela alfândega, Xiao Zhan .
– Faz ideia de quanto você me satisfaz, Yibo ? Só de pensar em você, sinto vontade de me satisfazer – murmurei e o ouvi gemer.
– Negócios ou diversão, senhor Wang? – escutei a voz de um oficial.
– Diversão, por favor – respondi lascivamente, e Yibo sibilou.
– Vou desligar na sua cara. – E foi o que ele fez.
Caí para trás, em cima dos travesseiros, as bochechas coradas, todo alegrinho.
– Trepador de Paredes, olha o que você me obriga a fazer…
Mensagem de Yibo para Xiao Zhan quinze minutos depois:
Y: Alguém vai ter problemas quando eu chegar em casa.
Z: Promete?
Y: Ômega, vc me fez imaginar coisas.
Z: Ah, é?
Y: Falando sério, deixando a sacanagem virtual de lado, parabéns. Estou mto orgulhoso de vc.
Z: Eu tbm. Obrigado.
Y: Agora voltemos. O que vc tá vestindo?
Z: Vai tomar uma ducha, Trepador de Paredes.
Y: É assim que a gente vai chamar a partir de agora?
z: (Suspiro) Lembra da primeira vez que me mandou msg? Da Irlanda?
Y: Lembro.
Z: E lembra qndo chutei sua porta?
Depois de uma pequena pausa, a resposta:
Y: Você acabou de chutar, ñ foi?
Z: Talvez.
Y: Te amo.
Z: Eu amo mais. Cuidado com os tubarões.
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– Tem um minuto? – perguntei, parado na porta de Jillian. Eu tinha passado a semana inteira tentando falar com ela para tomar uma decisão sobre o estagiário, mas ela estava correndo com os clientes e os últimos preparativos do casamento.
– Vou fazer a última prova do vestido daqui a vinte minutos. O que está pegando? – ela perguntou, parecendo exausta.
– Bem, entrevistei todos os candidatos, cheguei a três que eu acho que você vai querer conhecer, e um deles, um beta, até…
– Você escolhe, Xiao Zhan . O estagiário vai trabalhar principalmente para você, a escolha é sua. – Ela sorriu, desligou o computador e pegou o casaco no cabide.
– Hum, tudo bem, eu posso escolher, mas… espera! Está saindo? Pensei que tivesse vinte minutos!
– Eu tenho que estar lá em vinte minutos; contando com o trânsito, já estou atrasada. Me acompanha? – Ela gesticulou para que eu a seguisse.
– Jillian, tenho que conversar com você sobre algumas coisas. Tem algumas coisas que precisamos resolver antes de você…
– Xiao Zhan . A decisão é sua. Confio em você. Contrata o candidato que achar melhor, e eu assino embaixo, ok? – ela falou ao passar por mim e entrar no corredor.
Ela vai se casar, ela vai se casar, fica feliz por ela, repetia comigo mesmo.
– Tudo bem, mas precisamos alinhar algumas coisas urgentes antes de você sair. Não sei se…
– Faz uma lista de tudo que precisamos ver e me manda por e-mail, tudo bem? Vou ler hoje à noite e conversamos amanhã de manhã, prometo – ela disse, descendo a escada em disparada. Depois de atravessar a porta de saída, olhou para trás e acrescentou:
– E parabéns pelo seu primeiro estagiário!
Apesar da minha desgraça, sorri e a observei entrar no carro que a aguardava. Cabelo impecável, saltos matadores, rumo à última prova do vestido que usaria para se casar com o Príncipe Encantado.
Eu me virei sobre os meus sapatos bem menos caros,e dei de cara com a recepcionista.
– Ei, Ashley! Pode ligar pro último candidato, JiLi, da Berkeley? Diga que ele é o nosso novo estagiário.
Depois de cumprir a minha primeira tarefa, voltei ao escritório para enfrentar as próximas mil.
(....)
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Amor entre as paredes ( livro II)
FanfictionA segunda parte do nosso amado Trepador de Paredes!!!!