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CAPÍTULO DOZE
Entramos no salão em meio a burburinhos e olhares. O lugar estava lotado: jovens profissionais com os seus melhores trajes de magnata das leis/dos investimentos/da vida. Ah, os rapazes também estavam impressionantes.
Colégio é igual em qualquer canto do país. Este se localizava em uma das cidades mais ricas dos Estados Unidos, verdade, mas ainda compartilhava algumas verdades universais do ensino médio. Todos aqueles estereótipos de filme de colegial americano podiam ser encontrados ali, assim como alguns tipos em evolução. E todos não tiravam os olhos de Yibo. Que parecia estranhamente relaxado.
Assim que adentramos o salão, ele estufou o peito e alargou o passo, caminhando como quem desliza pelo chão. Nas paredes, viam-se grandes fotografias de anuário: líderes de torcida, jogadores de futebol americano, alguém usando uma peruca do figurino de uma peça e outro alguém de peruca correndo pelo campo de futebol. E lá estava Yibo, com uma coroa na cabeça e uma gostosona ao lado. O rei do baile.
– Agora entendi – falei, olhando para ele como um garotinho apaixonado.
– Entendeu o quê?
– Você era o boy magia da escola!
Yibo enrubesceu.
–  Não acredito nisso. Achei que você não vinha – ouvi uma voz atrás de nós, e, quando nos viramos, Yibo fez uma cara estranha.
Na nossa frente, estavam o Lobo de Wall Street e a sua comitiva do Clube dos Meninos Bilionários. Todos impecáveis. Todos agindo como a última bolacha do pacote.
Yibo passou o olhar por todos antes de se deter no cara no centro.
– Liu.
– Wang.
Senti a testosterona faiscando. Se fosse um filme de faroeste, tufos de feno teriam rolado. Mas, como estamos falando de Wall Street…
Troquemos o feno por papelotes de cocaína.
O momento de tensão durou tanto quanto o refrão de “Yeah”, do Usher, até que…
– Caralho, man! Não acredito que você veio! Que top, cara! O Wang voltou!
O Wall Street deu um tapinha nas costas de Yibo, que agora tinha um sorriso no rosto, seguido de um abraço de urso, tudo isso em meio a comentários do tipo: “Caraca, que foda!”, “Que da hora te ver por aqui” e “Cara, a MianMiam colocou silicone, você tem que ver os peitões novos dela!”.
Fiquei na minha enquanto Yibo era engolido pelo grupo. Eu nunca tinha visto aqueles caras, nunca tinha ouvido falar de nenhum deles, mas eles pareciam conhecer Yibo de um jeito que eu jamais conheceria.
Esses caras acompanharam a infância e a adolescência de Yibo, época em que o mundo dele se resumia a provas, Jackass e apostas de quem sabia pegar num peitinho. Apostava as minhas fichas em MiamMiam.
E então esse enclave privilegiado de mauricinhos pó de arroz fora abalado pela morte da família de Yibo. Com isso, ele tinha se isolado, aproveitando a primeira oportunidade para se afastar completamente, para estudar na universidade mais distante possível, perto do Havaí. Escolheu uma profissão que o fazia rodar o mundo e escolheu ter casa em San Francisco. O único vínculo que mantinha com este mundo era Benjamin – a quem eu era mais grato do que nunca.
Entretanto, Yibo tinha voltado para casa, e esta família queria lhe mostrar o quanto ele fizera falta.
Yibo, sorrindo de orelha a orelha, cumprimentou todos no grupo. Depois, olhou para mim e disse:
– Xiao Zhan, vem aqui. Você precisa conhecer esses caras!
O mar de pênis alfas se abriu, e eu caminhei até o centro do grupo, onde estava Yibo.
– Este é  Xiao Zhan – ele disse, e eu ouvi pelo menos um assobio. Talvez os botões aberto da blusa eram mais úteis do que eu imaginava. – Este é o Liu Haiukan.
Wall Street esticou o braço, e eu o cumprimentei, notando o seu rosto lindo. Os olhos castanhos e brilhantes cravaram em mim e assim permaneceram enquanto eu era apresentado a Wang Haoxuan, Li Bowen, e Ceasar. Wu; a gangue estava formada, ou melhor, completa.
Seja como for, o fato é que Haiukan continuava segurando a minha mão.
– Cara, sério, que gato – ele comentou.
Yibo afastou a mão dele, rindo.
– Sai fora, cuzão.
O cara era inofensivo. E tinha bom gosto.
– Chega aí, já vão servir o jantar. Vocês vão sentar com a gente. Lembra do Zhu Zanjin? – Haiukan perguntou conforme o grupo se deslocava à sala onde seria servido o jantar.
– Hum, esse nome não soa estranho – Yibo disse, tentando se lembrar.
– É Liu Zanjin agora. A gente casou.
– Vocês casaram? Uau!
– Sim, no verão do ano passado – Haiukan balançou orgulhosamente o dedo anelar.
–  Uau! – Yibo repetiu e olhou para mim.
Eu ri e enrosquei o braço no dele.
– Vamos, rei do baile.
Nós pegamos uma bebida no bar, cumprimentamos mais algumas pessoas e sentamos com os amigos de Yibo. E digo “amigos” de modo genérico, porque aparentemente todo mundo ali tinha sido amigo de Yibo em algum momento. Enquanto bebericava o meu coquetel, observei que alguns ômegas começaram a circular. Era óbvio que Yibo fora um pegador na adolescência, e eu imaginei quantos deles tinham sido pegas…
Conheci o esposo de Haiukan antes de o jantar ser servido e, quando Yibo se levantou para cumprimentar um antigo professor, bati um papo com ele. Zanjin tinha frequentado o mesmo colégio, porém era dois anos mais novo.
– Mas todo mundo conhecia o Yibo. Era o sonho de todos os ômegas. – Ele suspirou, o olhar perdido. Em seguida, se recompôs e me olhou com uma expressão de culpa. – Isso foi bizarro demais? Desculpa!
– Não, relaxa. Eu entendo – disse com um sorriso, enquanto Yibo apertava a mão de um senhor aparentemente muito gentil; o professor, presumo. – Você acabou de se casar, né? Parabéns!

Amor entre as paredes ( livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora