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CAPÍTULO DEZESSEIS

O tempo livre se estendeu pelo domingo; eu precisava desesperadamente de uma folga. Poderia ter ido para o Claremont. Deveria estar aprovando a instalação de cortinas e varões; definindo as pedras de mármore dos banheiros; aprovando um pedaço de madeira reutilizada para uma mesa feita sob medida; eu deveria… eu deveria… eu deveria estar cabulando. Então eu cabulei.
Eu dormi, comi ovos sentado à mesa (em vez de uma torrada enquanto andava de um lado para o outro), saí com Yibo para um passeio durante a tarde – sem qualquer rumo ou obrigação. Cabulando. Curtindo.
Percorrendo a rua principal, paramos para um café, depois tomamos uma trilha guardada por um velho portão de jardim a qual subia a encosta. Nós batemos papo enquanto caminhávamos de mãos dadas. Yibo me contou que Haiukan tinha ligado. Os dois mantiveram contato depois do encontro, e o esposo de Haiukan de fato tinha me mandado um livro de receitas autografado por Ina Garten.
Ina tinha tocado aquele livro. Aquele livro que agora fazia parte do meu criado-mudo. Imaginei se o marido dela, Jeffrey, também o tinha tocado. Talvez ele tivesse dado uma passadinha no escritório de Ina enquanto ela assinava incontáveis exemplares. Talvez ele tivesse acariciado a mão dela, cansada de tanto assinar o próprio nome, enquanto os dois conversavam sobre mudas de alecrim e sanduíche de lagosta (como todos fazemos). Talvez a mão dela (e agora a de Jeffrey também) tivesse descansado sobre o livro que veio a ser o meu livro de receitas! É possível.

Paramos numa esquina, incertos de onde estávamos. Eu divisava trechos do Pacífico, mas não o suficiente para me orientar.
– Em que direção está a casa? – perguntei, olhando para trás na direção da encosta. Não há nenhum ponto de referência que eu conheça.
– Estamos perto, a alguns quarteirões. Acho que entrei na direção errada. Mas a gente não deve estar longe – Yibo disse, olhando para a esquerda, depois para a direita, depois para a esquerda de novo. – Acho que é por aqui.
Seguimos em frente, e o meu celular tocou. Eu o desliguei.
– Faz semanas que não vejo você fazer isso – Yibo falou, e deu uma risada pesarosa.
– Vou me sentir culpado na segunda, mas hoje não consigo pensar em nada relacionado ao trabalho. Minha cabeça vai literalmente explodir.
Yibo concordou com a cabeça e apertou a minha mão enquanto caminhávamos.
– Vamos falar sobre o que vamos fazer pra janta, estou a fim de cozinhar. Que tal passar naquele mercadinho que você adora e ver se a gente encontra alguma coisa legal?
Continuei caminhando e não percebi que Yibo tinha parado. Puxei o braço dele.
– Empacou, homem? Vamos! – Estalei os dedos para chamar a sua atenção. Yibo estava olhando fixamente para uma casa no final da rua, parcialmente escondida entre árvores e uma selva de ervas daninhas.
– Amor, olha isso.
– O quê? Aquela cabana? Sim, parece bem abandonada. Vamos. Mercadinho? Jantar? – Puxei a mão dele de novo.
Yibo continuou observando impassivelmente aquela ruína.
– Não, olha aquela casa. Não é interessante?
– Não é bem a palavra que eu usaria…
Ele me puxou em direção à casa. No jardim, havia uma placa de vende-se.
Hum… o quê?
– Está brincando, né? – questionei, arrastando os pés enquanto ele me puxava.
À medida que nos aproximávamos, vi que a casa deveria ter sido muito bonita em outros tempos. Estilo vitoriano, mas sem fru-fru. A tinta descascada lhe conferia uma aparência melancólica, porém as vigas estavam em bom estado e o tamanho parecia não ser nada mau. Observei as outras casas da rua; todas lindamente conservadas. Como essa tinha se deteriorado tanto?
– É linda, não é? – comentou uma voz.
Yibo e eu nos viramos e vimos uma senhora na sua varanda nos olhando por sobre o seu jornal.
– Hum, er… – respondi, sorrindo para ela.
– Bem, ela era linda. Querem vê-la por dentro?
– Ah, não, não podemos… – eu comecei, mas Yibo me interrompeu:
– Sim, nós adoraríamos.
– Amor, o que você está fazendo? – sussurrei entre dentes, enquanto a mulher sacava um molho de chaves do bolso e o jogava para nós.
Yibo pegou as chaves no ar e disse:
– Obrigado.
– Fiquem à vontade. O corretor só aparece de vez em quando, mas eu tenho essa chave extra comigo. A senhora Shrewsbury, a antiga proprietária, foi morar com a filha em Sacramento. Ela não cuidou muito da casa nos últimos anos, mas a ossatura é muito boa – a mulher acrescentou, voltando ao seu jornal.
Ossatura. Pft. Alguém anda assistindo Discovery Home and Health. Mais alguém…
– Ficou louco? – eu perguntei baixinho conforme nos aproximávamos da casa.
Nos esquivando dos tufos de grama e galhos, seguimos até a varanda.
– Só quero ver a casa por dentro. Você não ficou curioso? – Yibo questionou; havia algo no seu olhar que eu não conseguia identificar.
– Claro…?
Enquanto Yibo brigava com a fechadura, eu olhei ao redor, notando as laranjeiras, as madressilvas, as roseiras. Sem dúvida, essa senhora Shrewsbury era jardineira. Para além dos arbustos, avistei a madeira branca, as persianas desbotadas cobrindo uma enorme janela panorâmica. Uma tradicional casa de dois andares, cuja varanda começava de frente para a rua e seguia pela lateral até os fundos.
– Aqui vamos nós – anunciou Yibo, abrindo a porta. Entramos, e a luz vespertina nos revelou um interior antiquado. Observei o papel de parede malva com fímbria de gatos malhados. No entanto, à medida que adentramos a casa, a parede dos fundos inteira se abriu numa vista deslumbrante da baía.
– Ah – resfoleguei ao ver as pequenas luzes de Sausalito que começavam a cintilar lá embaixo e, mais a distância, San Francisco.
A varanda contornava completamente a parte de trás da casa, e nela havia duas espreguiçadeiras posicionadas para contemplar a paisagem. A grama precisava ser aparada, assim como as ervas daninhas, mas a varanda era incrível.
Me virei para Yibo, que estava inclinado sobre a cornija da lareira, ladeada por estantes com portas envidraçadas. Estavam cobertas por papel de parede, porém o trabalho de artesanato era evidente.
Batendo os pés ao longo do carpete rosa que revestia o chão de um canto ao outro, lancei um palpite:
–  Aposto o que você quiser que tem madeira maciça debaixo do carpete. – O meu coração palpitou um pouquinho. Calma aí, Coração! O que diabos Yibo e eu estávamos fazendo ali?
Passei por ele a caminho da cozinha, onde encontrei eletrodomésticos verde-abacate, mas também um espaço amplo. A minha mente começou a trabalhar. Você também, Cérebro? Não, não!
– Interessante? – Yibo perguntou, segurando a minha mão.
– Interessante – eu confessei, deixando que ele me arrastasse até a escada.
No caminho, passamos por uma sala de jantar formal, com janelas panorâmicas e vista para… a baía. O carpete da escada permaneceu rosa, porém era apenas uma passadeira, deixando à mostra a madeira maciça embaixo. Conforme subíamos, a quietude era rompida pela luz do sol, vinda de uma janela que, embora escondida sob o beiral, iluminava maravilhosamente o ambiente. Prendi a respiração quando cheguei ao andar de cima e espiei os cômodos – um, dois, três quartos, um banheiro no corredor com azulejos de metrô, provavelmente originais, e, um pouco mais à frente… a suíte principal.
Acima das árvores, sobre a varanda e a vista estonteante, havia um quarto largo com janelas em ambos os lados. O assoalho de madeira, envernizado num tom caramelo, podia ser facilmente removido ou escurecido. Comecei a imaginar as possibilidades: uma cômoda Luís XV em uma parede, uma escrivaninha no canto. Já a cama… com dossel ou apenas trenó? Ah, não, eu estava decorando o quarto!
Yibo saiu do banheiro com um sorriso.
– Puta merda, você vai pirar quando vir o que tem aqui. Passei correndo por ele.
Banheira vitoriana. Vi-to-ri-a-na.
–  Pai amado! – exclamei, me escorando na parede enquanto Yibo ria.
Ele me deu um abraço, apoiando a testa na minha.
– Garoto do Baby-Doll, a gente precisa comprar esta casa.
– Ele gargalhou quando eu soltei um grito agudo.
As minhas pernas literalmente se transformaram em gelatina. Tudo abaixo do meu umbigo se liquefez – não fosse o meu core fortalecido pelas muitas horas no estúdio de ioga, eu teria derretido no assoalho e pingado no carpete do primeiro andar.
– Yibo – eu comecei, uma sobrancelha lá em cima.
– Xiao Zhan– ele respondeu, imitando debochadamente a minha sobrancelha.
– Yibo. Devagar. Quando você começou a fumar maconha?
Ele gargalhou de novo, depois desapareceu em um dos closets. Eu o segui, tentando conter a histeria que ameaçava me tomar por dentro.
– Me ouve um pouquinho. Sério. Você está chapado? Só pode estar, porque… Puta merda! – Parei, e a minha voz ecoou. Veja bem, ela ecoou porque o closet era do tamanho de um quarteirão. Eu imediatamente imaginei milhares e milhares de armários personalizados: gavetas, prateleiras, sapateiras. Deixei escapar um ganido.
Yibo, de frente para a janela (havia uma janela no closet, acredita?), gesticulava para a paisagem.
– Será que tem uma janela no meu closet também?
Engoli em seco.
– Tem outro closet? – Voltei correndo ao quarto. Sim, tinha outro closet. Dois closets. Dessa vez, deixei escapar mais do que um ganido. Olhei para Yibo, que, saindo do meu closet (o closet), caminhou até mim. Eu recuei em direção à parede a cada passo dele.
– Não. Yibo, não.
– Vamos fazer isso!
– Não, não vamos fazer isso. Não estou brincando.
–  Esta casa é incrível.
– Você já viu aquele filme Um dia a casa cai? Então, foi baseado nesta casa.
– Você já viu uma vista como a desta varanda? – Yibo apoiou as mãos na parede de modo a me encurralar. – Para de arrumar desculpa – pediu com um certo… aborrecimento?
– Você ainda não viu o porão.
– Então vamos ver.
– Tenho medo de porão, Yibo.
– Todo mundo tem medo de porão, Xiao Zhan.
– Você também tem? Uma vez, quando era criança, eu… Mas fui impedida de contar sobre a vez em que eu tinha ganhado um olho roxo subindo apavorado os degraus do porão com todas as minhas bagunças nas mãos por causa do lobisomem que estava me perseguindo, já que uma língua muito insistente e habilidosa se meteu entre os meus lábios e dentro da minha boca.
Mal consegui recuperar o fôlego, e fui atacado de novo. Ele pressionava a minha lombar, me puxava para perto. O beijo terminou, e ele apoiou a testa na minha. Havia desejo e fervor nos seus olhos, mas de um jeito diferente do habitual. Levei a mão ao seu rosto e acariciei a sua mandíbula.
– Não estou dizendo que não – sussurrei, e de repente o rosto de Yibo foi tomado por felicidade. Eu o afastei e observei o quarto.
Yibo envolveu a minha cintura, o que eu permiti. Sinceramente, precisava desse apoio. Aquilo era loucura.
– Desde quando você quer morar em Sausalito?
– É uma vontade que foi crescendo aos poucos. Além disso, vão transformar nosso prédio em conjunto comercial… Vamos ter que mudar mais cedo ou mais tarde.
– É um boato.
– É um fato. A moça do 2ª me contou.
– A moça do 2ª quer dar pra você. A gente está falando sério aqui. A gente pode bancar esta casa?
–  Eu posso, e você pode ajudar. Eu sei que já está pensando em todas as coisas que quer mudar.
– A começar pelo carpete. O carpete sai imediatamente – disse de pronto, depois tapei a boca com uma mão.
– Sabia. – Yibo riu e então me conduziu até o banco da janela. Deus do céu, um banco de janela! Eu estava ferrado. Quando Yibo me puxou para o seu colo, eu deixei.
– Ok, escuta – disse. – Vamos conversar sobre isso. Há um ano, você estava deixando seu harém pra trás. Agora quer mudar pro subúrbio comigo?
– Eu não chamaria este lugar de subúrbio…
– Você entendeu o que eu quis dizer. Esta situação é… Yibo, você tem que admitir que as coisas andam diferentes desde que… – Eu me detive.
– Desde?
– Eu não estava esperando por isso, só isso. Você está perguntando se eu… Espera. O que você está perguntando? – perguntei de súbito, o meu corpo tenso.
– Estou perguntando se você quer morar comigo, bobinho. Comprar esta linda casa inconveniente, que é grande demais pra duas pessoas, e morar nela comigo. Juntos.
E eu achando que a gente tinha saído para uma caminhada. Olhei ao redor do quarto, para a vista panorâmica através da janela. Olhei para Yibo, olhei bem nos olhos dele, e tentei adivinhar o que estava pensando.
– Você tem certeza de que quer isso? – eu indaguei, me referindo não só à casa.
– Claro que sim. Eu te amo, e isso não vai mudar. Quero isso, quero você, e acho… Droga, olha a gente num episódio de Dawson’s Creek de novo… – Ele fez uma careta, e eu soltei uma risadinha, apesar da seriedade do assunto.
O olhar de Yibo se tornou melancólico, e ele parecia tão jovem naquele momento…
–  Não quero me precipitar, sei que não faz muito tempo que estamos juntos. Eu não quero esperar… Nunca se sabe o que pode… Olha. Eu amo você e quero um lar. De novo. Com você.
Pronto. Sistema hidráulico acionado.
– Assim meu coração não aguenta, Yibo – disse, com direito a lágrimas e nariz começando a escorrer.
– Eu sei. Eu fico muito fofo quando estou vulnerável – ele brincou, me fazendo cafungar de um jeito nada elegante.
– Então, mesmo sem saber quanto esta casa custa, sem saber nada sobre comprar uma casa em Sausalito, sem nenhuma inspeção nem corretor de imóveis e ciente de que tem uma porrada de coisa pra reformar, mesmo assim você quer isso? Tudo isso… Tem certeza?
Determinado e um pouco reticente em relação à minha resposta, Yibo assentiu.
Levantei do seu colo e caminhei pelo quarto mais uma vez. Havia pelo menos cem motivos que faziam daquilo uma ideia não muito boa. Espreitei pela janela enorme novamente, admirando as roseiras no jardim. Apostei que ele ficaria deslumbrante na primavera.
Eu me debrucei no parapeito e observei os últimos raios do sol no outro lado da baía. Os parapeitos eram salientes, do tamanho ideal para um certo gato cochilar. Eu me virei para Yibo, que agora estava de pé sob o batente da porta, com a expressão mais esperançosa do que nunca.
Será que eu queria aquilo?
Então, ser adulto era aquilo? Tomar grandes decisões e depois encarar uma nova etapa da vida? Não era rápido demais, impulsivo demais…?
Eu queria aquilo. E queria aquilo junto com Yibo. Fiz que sim com a cabeça, e ele sorriu, gargalhou, então me beijou estupidamente.
Três horas depois, ele fez uma oferta. Que foi aceita. Adultos, não é mesmo?
– A gente não está indo rápido demais?
–  Não. Já estamos nisso faz um tempo. Se chamam preliminares, Xiao Zhan– Yibo murmurou, abaixo do meu umbigo.
– Conheço bem o termo – eu disse, apertando as pernas ao redor do seu tronco, me apoiando sobre os cotovelos para observá-lo.
  – Não estou falando das preliminares, embora estejam bem boas.
– Boas? Só boas? – Ele escalou o meu corpo inteiro aos beijos. Eu me arrepiei.
– Eu estava dando o meu melhor ali…
– Eu disse que estavam boas? Eu quis dizer fantásticas. Fenomenais. – Beijei-o na boca.
– De outro mundo!
– Ah, bom. Que história é essa de ir rápido demais? – Yibo usou o lado   esquerdo do meu peito de travesseiro enquanto roçava o direito com a ponta dos dedos.
– A casa. A gente não se precipitou? – Passei as mãos pelo seu cabelo, que ficou arrepiado. Modelei-o de um jeito, depois de outro, moicano, sem moicano, tigela, com franja. Enrosquei o seu cabelo em cada um dos meus dedos, sentindo os fios sedosos enquanto ele beijava a minha plele.
– Você ainda está pensando nisso? Se eu achasse que a gente estava se precipitando, não teria feito uma oferta. – Com a pontinha da língua, ele molhou o bico do meu mamilo.
– Eu não teria falado pro corretor que queria a casa mesmo com tantos problemas.
Os seus quadris se chocaram contra os meus, escorregando por entre as minhas pernas, que o embalaram instantaneamente. Senti-o excitado e sedento e insistente.
– Se eu achasse que era cedo demais, não teria te dado uma verba obscena pra transformar aquela casa em um lar – Yibo sussurrou com a voz rouca e grossa. Falando em grosso…
Ele enfiou, apenas um pouco.
– Piso térmico, Xiao Zhan…
Eu arqueei as costas.
– Balcões de mármore.
Eu abri as pernas ainda mais.
– Carrara? – perguntei.
– Não sei o que é isso, amor – ele disse, ofegante, pairando sobre o meu corpo. Ele se apoiou em uma das mãos, e a outra mergulhou lá embaixo para fazer aqueles movimentos perfeitos, no ponto que me leva às alturas.
– É um tipo de mármore que… hum… – eu gemi, e a minha cabeça desabou no travesseiro enquanto ele introduzia por inteiro.
– O que você quiser. Você pode pedir o que quiser. Você sabe disso, não sabe? – Yibo sussurrou, fincando as mãos nas minhas costas e me puxando mais para perto, empinando a minha cintura para que cada investida atingisse exatamente o Carrara. – Eu só preciso de você. – Os seus olhos arderam em contato com os meus, apaixonados e cheios de desejo.
– Você… eu preciso de você – ele repetiu, penetrando profundamente, me conduzindo em direção ao limite.
E foram aqueles olhos que me fizeram atingir o limite. Quando ele também atingiu, foi épico. Permanecemos deitados, enroscados e sem fôlego. Abraçando-o com força, eu sussurrei no seu ouvido o quanto o amava e o quanto aquela casa, aquele lar, seria feliz.
Eu só esperava poder dar a ele o que ele precisava.

(....)


Amor entre as paredes ( livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora