EPÍLOGO
A última palavra
Saio em patrulha, atento a todos os odores deste novo território. Ele mudou desde a última vez em que estive aqui. Está mais brilhante de certo modo, com mais bugigangas espalhadas para a minha diversão. Há duas prateleiras cheias de garrafas esquisitas para eu derrubar. Quanta consideração. Vou investigá-las mais a fundo amanhã. Hoje, tenho outras coisas em mente!
Durante semanas, eu vaguei pela selva desta estranha cidade, acanhado por montanhas de um lado e por água de outro. Água na qual aprendi – da pior maneira – a não confiar, imprevisível e imbebível que só ela. “Água salgada”, assim a chama o capitão dos Highsteppers. A gangue dos High Steppers é formada pelos gatos de rua mais sábios que eu encontrei durante as minhas andanças; duros, porém justos. Nada parecidos com os Whisker Sours, que são simplesmente malvados.
Fui convidado a entrar para os High Steppers, motivo de grande honra para mim. No entanto, eu sabia que o Alimentador estava me procurando. Assim, percorri as encostas à procura da casa da qual eu acidentalmente tinha fugido.
Aqui vai a verdade que nenhum gato quer admitir. Nós ansiamos pela liberdade; nós ansiamos por correr e saltitar e brincar. Mas – e isto é um segredo – vocês não podem nos deixar sair.
Porque nós nem sempre encontramos o caminho de volta. Eu tive sorte. Nunca desisti. Eu sabia que o papai, ops, o Alimentador devia estar sentindo muito a minha falta e eu não podia aceitar isso. E então? Então, eu encontrei as donzelas. Ou melhor, elas me encontraram… Mas essa é uma história para outro dia.
Eu sabia que os meus humanos ficariam muito felizes em me ver e que não me destituiriam das minhas donzelas, agora seguras dentro de um palete feito de cobertores, sob a mesa de café. O Altão colocou a cama no descoberto, porém eu a puxei para baixo da mesa, ciente de que as donzelas estão acostumadas a dormir mais protegidas. Essa é a diferença entre ser esperto e ser malandro. As ruas sórdidas de Sossa Leeto me ensinaram isso.
Continuo a inspecionar o perímetro, monitorando um galho de árvore que faz um desagradável barulho em contato com uma janela do lado leste. Não se trata de uma ameaça imediata, mas eu vou ficar de olho. Caminho até a sala de jantar e me deparo com a janela que me conduziu à maior e mais angustiante aventura das minhas sete vidas. Texto o reparo; parece firme. Observo o mundo lá fora, que sempre me pareceu tão grande e bonito e cheio de agitação. E é mesmo!
Mas agora, virando-me para observar este espaço tranquilo que é o lado de dentro, cheio de cantos e recantos para cochilar e me lamber e correr e brincar, percebo que esta também é uma grande aventura.
Me afasto da janela e subo a escada. Ao passar pelas minhas donzelas, ouço a respiração pesada; elas dormem profundamente. Vou me enfiar entre elas em breve. Tem uma mancha na minha nuca que precisa ser limpa, e seria muito mais fácil fazer isso num banho em grupo.
Ao entrar no quarto do Alimentador e do Altão, estudo a posição em que eles estão dormindo. Nada mudou durante a minha ausência, ainda bem. O Altão está comprimido de um lado, e o Alimentador, esparramado como uma estrela-do-mar. Igualzinha à que eu tinha visto na “água salgada”.
Pulo na nossa cama e me sento no travesseiro entre os dois. Quero desfrutar um momento com os meus humanos. Esticando o corpo de modo que as minhas patas da frente descansem na testa do papai um e as de trás toquem o queixo do papai dois, eu enfim relaxo.
Estou em casa.
(....)
Será que teremos um bônus de 6 capítulos pra ver como vão ficar essa turma?
Podem apostar seus popôs delícia que sim !!!!!!!!!!!
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Amor entre as paredes ( livro II)
FanfictionA segunda parte do nosso amado Trepador de Paredes!!!!