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EPÍLOGO

Eu tinha ouvido o Altão e  Alimentador falando algo sobre limpar. Não entendi o motivo. Depois de repetirem sem parar a palavra “bacon” em uma clara e gratuita provocação, o mínimo que eles podiam fazer era deixar para mim as costelas e os petiscos que sobraram de sua celebração.
Encontrei uma bandeja cheia de petiscos deliciosos e anunciei às minhas garotas que havia caçado um verdadeiro banquete para elas. É da minha natureza cuidar daqueles que vivem comigo, especialmente de minhas donzelas. Em troca do lar que eu lhes proporcionava e, claro, da proteção contra inimigos incansáveis, como Aspirador de Pó, Triturador e Caminhão de Lixo, meu trio me mantinha devidamente lambido e satisfeito. Se é que você me entende. Acho que entende.
Enquanto minhas damas se refestelavam com um bife particularmente saboroso, retornei à minha missão original. Normalmente, eu evitava latas de lixo – efeito de uma juventude desperdiçada atrás de cotonetes e bolas de algodão. Essas inúteis porém divertidas perseguições nunca terminavam bem. No entanto, algo tinha chamado minha atenção no andar de cima, no lugar que o Alimentador e o Altão usavam como sua caixa de areia.
Atravessei silenciosamente o quartel do sono dos dois; percebi que eles estavam apenas cochilando. O Altão tinha passado o dia com aquela cara que eu conheço bem: cara de quem vai fazer  Alimentador miar a noite inteira. Mas isso não importava agora; havia um peixe grande à solta. Hummm, peixe...
Me esgueirando para dentro da caixa de areia dos dois, fui direto para a lata de lixo. Bati nela com inigualável graciosidade para despejar seu conteúdo, que se espalhou no chão. Revolvendo os Kleenex, um frasco de comprimidos vazio, uma bola de algodão desgraçada (que decidiu fugir de mim e com isso me fez perder vinte minutos), deparei com o estranho item.
Completamente envolta em papel higiênico, como que para me dissuadir, havia uma caixa com um comprido taco dentro. O taco possuía um peso bacana e se encaixava bem na boca; seria um bom apetrecho para nossa disputa de hóquei felino. Abocanhando-o pela extremidade chata, caminhei até o outro aposento e subi silenciosamente na cama. Escalei pernas e joelhos e cotovelos e braços e me aninhei entre o Alimentador e o Altão e depositei meu taco ao lado; eu o usaria mais tarde.
Tinha sido um dia cansativo. Já fazia quase uma hora que eu estava acordado; a soneca estava chamando. Examinei o taco novamente e notei que em uma das extremidades havia um curioso símbolo. Duas linhas que se cruzavam no centro. Hum... Resolvi deixar o mistério de lado por ora e estiquei as patas para tocar meus dois humanos de estimação. Isso parecia confortá-los. E, afinal, esse era meu trabalho: garantir continuamente o conforto dos dois.
O Altão ficou meio agitado; era melhor eu dormir antes que ele acordasse e resolvesse perturbar o Alimentador.
Fechei os olhos e dormi instantaneamente. Bem-aventurado. Feliz. Alegre. Porque em meus sonhos havia restos de costelinha que davam para dias e dias…
• * *
– O que é isso na cama? Clive? O que você tr… Hum?
– Que foi? – O Alimentador bocejou. Longo silêncio…
– Zhan? Por acaso tem alguma coisa que você quer me contar?
Silêncio mais longo ainda…
– Então, Yibo. Por acaso, tem…

♤ FIM♤

Promessa é dívida então trouxe o Trepador de Paredes novamente espero que vcs tenham gostado

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Promessa é dívida então trouxe o Trepador de Paredes novamente espero que vcs tenham gostado....

Amor entre as paredes ( livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora