Ísis Bellini
Há alguns anos atrás
Era dia de clássico, entre Corinthians e Palmeiras. E por Ísis estava ansiosa, estava pela vez no Pacaembu, ao lado da sua madrasta, que no fim ela não era tão má assim.
Bellini tinha feito questão de que Kendra soubesse no mínimo os jogadores mais famosos do time, e respondeu diversas dúvidas dela durante o caminho. Acontece que por seus dois irmãos serem palmeirenses, Arturo tinha achado melhor que eles se dividissem e casa um ficasse com sua respectiva torcida, e por isso no fim, ela estava acompanhada por sua madrasta, que parecia empolgada com o jogo.
Ainda faltavam alguns minutos para começar a partida, quando uma pessoa sentou ao seu lado, e Ísis teria revirado os olhos e xingando mentalmente, se não fosse pela voz tão conhecida.
— Rafa! — ela o abraçou — o que você tá fazendo aqui, ta louco?
— Descobri que você estava aqui, e vim te fazer companhia — ele disse por fim sorrindo.
A última vez que tinha visto Veiga, tinha sido para se despedir, e talvez tenha sido um dos momentos mais difíceis para Ísis, já que ela estava começando a entender aquele seu coração que errava as batidas quando Raphael estava por perto.
— Desse lado você precisa comemorar se o Corinthians fizer gol, tá preparado para isso?
— Meu amor, para ficar ao seu lado eu sou capaz até de xingar o juiz que mais vai prejudicar o palmeiras do que seu time.
Ela sentiu suas bochechas ficaram quentes, torceu para que ninguém notasse, mas até sua madrasta a olhava, sua sorte era de que naquele exato momento o juiz apitou para iniciar a partida.
(...)
Para a felicidade de Ísis, e infelicidade de Raphael, o Corinthians havia ganhado. Kendra tinha saído desde o primeiro tempo para resolver um problema, e os dois decidiram esperar o estádio esvaziar para saírem.
— Faz tempo que não conversamos, tá tudo bem? — ele perguntou, enquanto ajeitava os cabelos rebeldes de Ísis
— Sim — Bellini tinha hesitado em responder, e ela torcia para que Veiga não percebesse.
Era bem mais fácil mentir para Raphael através do computador. Não queria contar os seus problemas ridículos, sendo que ele passava por algo pior.
Como contaria a Veiga que já não sentia mais vontade de fazer aquilo que amava, por ter virado motivo de piada na sua sala.
— Não mente para mim, meu amor, por favor — ele observou o brilho dançar nos olhos misteriosos de Ísis.
— Deixa para lá, rafa, não é importante
— Como não é importante? — Raphael segurou delicadamente o rosto da menina — Seu irmão diz que você não é a mesma já faz um tempo, que simplesmente abandonou tudo que gostava de fazer. É verdade isso, Sissi?!
Bellini fechou os olhos, e mesmo lutando com as lágrimas, ela sentiu o seu rosto molhado, e Ísis respirou fundo antes de responder, dessa vez a verdade que ela tanto relutava em dizer.
— Sim.
— Por que? — Veiga a abraçou, e ela se aconchegou em seus braços.
— Porque as pessoas são maldosas, e elas conseguiram me sentir mal por quem eu sou. E eu já estou cansada de tudo isso. Eu tento fingir que tudo o que a minha sala faz na escola não me magoa, mas isso me quebra por dentro. Não posso mais ir com o meu cabelo solto, porque sempre alguém vai fingir tomar um susto quando eu apareço. Tenho que dar todas as desculpas que posso para não ler em voz alta, pois eu tenho vergonha e erro o texto inteiro, ou então ser chamada para fazer uma conta no quadro, porque eu vou errar e vão dizer que meu pai prefere investir em meus irmãos que tem mais futuro do que eu.
Um nó se formou na garganta de Ísis, e eles ficaram em silêncio, enquanto ao fundo soava no estádio o hino do Corinthians.
— Acho que eles precisavam de alguma coisa para se orgulhar, e por isso foram na pista de skate que eu ia todas as tardes depois da escola, e ali eles terminaram de me quebrar internamente, disseram que eu sou tão insuportável de se conviver, que esse era o motivo de todas as pessoas saírem da minha vida, como a minha mãe. E talvez eles tenham razão, todo mundo vai embora, e eu estou cansada disso.
O mundo se reduziu, assim que Bellini tinha terminado de falar. Veiga a encarava,
— Por que não me contou isso antes?
— Eu não queria atrapalhar o seu sonho, Rafa. Eu sabia o quanto você desejava entrar em um clube grande, jamais teria coragem de fazer alguma coisa para te afastar disso, justo agora que você conseguiu.
— Para de dizer isso, entenda que o meu sonho, também envolve você, Ísis — ele segurou a mão da menina — e eu sou capaz de fazer absolutamente tudo por você.
Um discreto sorriso surgiu no rosto da menina.
— Mas não dá para fazer nada agora — Ísis falou — essas pessoas conseguiram destruir qualquer sonho que eu tinha.
— Não diga isso, eu preciso ter uma advogada, como você sempre me prometeu — ao escutar aquilo, uma parte do coração de Bellini se aquecer — Aqui no São Paulo não tá dando certo, por isso vou voltar para casa, e então a gente começa do zero. E te prometo que você jamais vai passar por isso novamente, eu não vou permitir isso.
Era difícil Ísis acreditar em alguém, mas dessa vez ela resolveu se apegar a essa pequena chance de esperança que Veiga a prometeu. E talvez fosse algo bom.
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NOTAS DA AUTORA
Oie pessoal, tudo bem?
Capítulo meio depre, igual a derrota do Corinthians para o juventude, e não eu não quero falar sobre isso, porque eu perdi o meu tempo, em uma semana de prova, para assistir esse jogo jurando que voltaríamos com 3 pontos para casa...
Sabe uma coisa boa? EU GABARITEI PENAL, gente to tão feliz, essa é uma matéria que eu dedico demais porque eu amo amo amo amo penal. Sou a pessoa que estudo muito por doutrina, qualquer matéria, e tinha uma questão que o autor tinha citado no livro, eu ri tanto com isso.
Eu não ia falar nada, porém... em menos de 24 horas eu planejei uma fanfic nova... Sobre qual jogador?? Não vou dizer kkkkkk mas é bem provável que eu poste essa e a nova por um tempo. Porque eu esqueci de dizer, mas essa vai ter uns bons capítulos...
Enfim, até semana que vem!
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SINAL POSITIVO | Raphael Veiga
FanfictionÍsis Bellini acreditava que o tempo tinha sido necessário para amadurecer os dois corações que ansiavam por se amar, porque ela jamais tinha deixado de amar Raphael Veiga, o melhor amigo de infância de seu irmão mais velho. E Bellini tinha concluído...