Ísis Bellini
2013Semanas atrás Bellini contava dia após dia, ansiando para o show de seu cantor favorito de sertanejo na sua cidade. Sua família não estava tão animada, até poucas horas antes do show começar.
Ísis observava os indícios do alvorecer no céu, da sacada de seu quarto. Tinha se arrumado não conforme o evento, mas sim com a sua camisa favorita do Corinthians com a famosa patch do mundial.
Aquele era o limite tênue da razão. Bellini nunca tinha sentido algo tão avassalador como aquele dia 16 de dezembro de 2012, quando o mundo parou para assistir o triunfo do time alvinegro sendo campeão mundial, pela segunda vez.
Ísis recordava de cada detalhe daquele jogo, como ficava agitada nas tentativas fracassadas de contra-ataque, das diversas vieses que agradeceu aos céus pelas defesas do eterno camisa 12, e de como que ela suspirou fundo ao ver o seu time inteiro no campo de ataque com 23 minutos do segundo tempo, quando Paulinho faz o passe para Danilo, que limpou o pé e sua jogada acaba batendo nas costas do defensor do Chelsea, mas a sobra foi perfeita para o toque de cabeça de Guerreiro. E naquele instante o seu mundo se reduziu às batidas agitadas de seu coração, que a fez pular do sofá e soltar o grito que estava preso em sua garganta desde o início do jogo.
Ela encostou no guarda corpo de madeira que havia ali. E o vento frio fez com que seu corpo se arrepiasse, e Bellini revirou os olhos em pensar em colocar um moletom, e não poder exibir sua camisa.
Suas memórias eram ardilosas e furtivas, pois no mesmo instante lembrou que no momento do apito final, onde os três palmeirenses olhavam incrédulo para o símbolo do Corinthians no meio da Tv e o hino tocando ao fundo, o único corajoso o suficiente pra deixar a rivalidade de lado, que tinha secado suas lágrimas e a abraçado, tinha sido Veiga.
E essa lembrança tinha sido o suficiente para que a tristeza estampasse sobre o seu olhar, e que o peso da dor que sentia recaísse em seu coração partido.
— Ísis, tá pronta? — Felipe perguntou, se detendo a observar o quarto vazio de sua irmã.
Ele revirou os olhos ao ver ela na sacada com seu fone de ouvido, e entrou no quarto, tendo que desviar do skate e da prancha jogado no chão.
— Você já tá pronta? — ele tirou o fone da jovem, que em um gesto rápido secou as lágrimas que escorriam em seu rosto — O que aconteceu?
— Nada — Ísis mentiu, torcendo para Felipe acreditar — Você já tá indo?
— Sim, estou indo com o Veiga. Quer ir junto?
Ouvir aquele nome, fez com que ela hesitasse.
— Agora não — ela desviou o seu olhar — vou ir mais tarde com o Igor.
Felipe deu de ombros, e saiu.
Ísis respirou fundo, em uma tentativa frustrada de lidar com aquela dor. Fechou seus olhos e sentiu o vento secando suas lágrimas.
(...)
Já era noite, quando Bellini suspirou frustrada por ter perdido Igor de vista. Estava exausta, e por isso saiu cabisbaixa da festa que tinha ansiado por tanto tempo.
As ruas e calçadas estavam vazias, e Ísis caminhava com passos lentos. Seu destino era a sua casa, mas xingou mentalmente por perceber que sua casa era longe para ir andando.
Ela seguiu a sua intuição e decidiu descer a escadaria de madeira que ia em direção à praia mais famosa da cidade. Ísis jamais negaria o fato que amava viver no litoral, o mar era irresistível, os sons das ondas era o calmante que Bellini almejava naquele instante.
Ísis sentou no último degrau, e cruzou seus braços já arrepiado devido ao vento, e ela se arrependeu de não ter pegado seu moletom.
— Ísis — aquela voz que acelerava o seu coração, a chamou — precisamos conversar.
— Não! — Bellini evitou de olhar para Raphael — não precisamos.
Era a mentira mais tola que tinha contado, que nem o seu coração acreditava naquelas palavras amarguradas.
— Por favor, Ísis.
A jovem soltou uma risada baixa e desagradável, mas confiante o suficiente para que levantasse e encarasse Veiga, tinha sido necessário cada gota de autopiedade para que seu verdadeiro estado não se revelasse.
— Seus amigos não estão por perto, então não precisa fingir que eu sou a sua boa ação — mesmo com a baixa iluminação era possível perceber que seus olhos nadavam em lágrimas — Vai embora Raphael Veiga.
Ísis não entendia como as palavras saiam de sua boca, sendo que aquela era a última coisa que desejava.
E ela odiava aquilo.
O jovem ainda continuava parado, com uma certa distância separando-os. E Bellini desejou que Veiga não percebesse, mas ela ficou aliviada de ele não ter partido.
— Eu nunca quis falar aquilo — Raphael disse — mas eu precisava inventar alguma coisa para o seu irmão.
Ísis encarou Veiga, e um silêncio constrangedor predominou entre eles.
— Você não tem noção de como me machucou ouvir que eu não passava de uma boa ação sua, Rafa — Ísis não percebeu, porém estava roubando o espaço que havia entre eles — E eu espero que seja mentindo, porque eu vou me arrepender muito de ter me dedicado tanto tempo a amar você. Eu demorei Veiga, demorei demais a perceber que sempre te amei. Eu te amo tanto, que tá me quebrando por dentro ter que suportar isso. E eu te odeio por isso, Raphael Veiga.
— Não odeia não! — Um sorriso surgiu em seu rosto.
— Porque você fez isso comigo, Rafa?! — A voz de Ísis era baixa e urgente.
— Por céu, ísis, me escute — ele segurou o rosto dela delicadamente — Eu te amo. Escutou isso? Eu te amo — Raphael sussurrou, quase aproximando os seus lábios aos dela — Eu te amo tanto, que até um idiota como o seu irmão, percebeu que estou perdidamente apaixonado por você. Precisei agir rápido, porque eu sabia que se ele descobrisse, ele jamais te deixaria em paz.
A respiração de Ísis era ofegante.
— Seu irmão é capaz de cada coisa, e eu não estou disposto a perder o meu primeiro e único amor, Ísis Bellini — ele explicou — Me perdoe, por favor.
Já não existia mais nenhum espaço entre eles.
— Tudo bem — Ísis sentiu as mãos de Veiga em sua cintura, e os olhares se encontraram — essa é a hora que você me beija, Rafa.
O sorriso do jovem era pura malícia, quando os seus lábios se encontraram com os dela.
Naquele instante, diante da noite estrelada, Ísis achou que o destino parecia bom e agradável, mas na verdade era perfeito.
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NOTAS DA AUTORAOie pessoal, tudo bem?
Gente... eu sumi, e esqueci 100% disso. Estava em semanas de prova, e semana passada eu ainda coloquei um aviso no meu perfil que postaria no sábado. Mas sabe como funciona a mente de uma pessoa de férias? Pois é, eu passei meu final de semana assistindo Bridgerton.
Eu ia até fazer um desabafo, falando de todos os problemas que o Corinthians está enfrentando (inclusive estou assistindo ao protesto no momento de postar o capítulo), mas esse capítulo está perfeito demais para uma tristeza dessa, então vamos deixar no OFF.
Ao invés disso, o que vocês estão achando da fanfic?? Não se esqueçam de curtir :)
Enfim, até semana que vem!
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SINAL POSITIVO | Raphael Veiga
FanfictionÍsis Bellini acreditava que o tempo tinha sido necessário para amadurecer os dois corações que ansiavam por se amar, porque ela jamais tinha deixado de amar Raphael Veiga, o melhor amigo de infância de seu irmão mais velho. E Bellini tinha concluído...