ASHLEY
As pétalas do meu pequeno lírio-azul estão todas fechadas, se escondendo da luz da lua e se guardando para a luz do sol. Queria poder olhá-lo melhor, mas minha pressa de encontrar Emily me impede. Haley e eu deixamos a horta e o jardim para trás depois de descer a escada do terraço e avançamos porta a dentro, vamos direto ao escritório de Emily. Quando não a encontramos, só nos resta o quarto, que não fica perto dos outros dormitórios como o meu, mas ao lado do escritório. Bato a porta três vezes e ouço alguma coisa cair e ela resmungar algo do lado de dentro.
Quando abro a porta a vejo sentada na cama com o avental sujo de tinta verde e os olhos de mesma cor semicerrados. Na sua frente está o cavalete com um quadro, e uma imagem que toma forma: um jardim, com uma mancha verde que não parece estar no lugar certo. No chão o pote de tinta está virado sobre uma poça verde do mesmo tom. Me dou conta de que a causa da bagunça sou eu e esta visita fora de hora.
— Eu espero muito que isso seja importante. — Ela diz com a sobrancelha erguida e eu fico sem graça. Sua perna machucada pela faca ainda exibe um curativo. Acredito que seja o motivo de ela pintar sentada, de um jeito que parece ser desconfortável. Eu vim visitá-la mais cedo, mas ela ainda dormia, então acabei não vendo direito como ela estava.
— Garanto que sim. — Digo com as mão atrás do corpo, ainda de pé perto da porta. Haley puxa o banquinho e se senta. — Como você está?
— Bem, bem. Prossiga. — Ela diz impacientemente e com um gesto de mãos que despensa o assunto.
— Nós vimos um sinal dado na capital, e achamos que pode ser Suzan. — Revelo e ela me olha com uma expressão intrigada.
— Por que você acha isso?
— Porque é o mesmo laser que você me deu. — Ela pondera por um tempo e eu mudo o peso de uma perna para a outra. Haley apenas observa o quarto. A pintura de Solares continua pendurada sobre a cômoda, mas a pintura da vila perto da praia não está mais aqui. Me pergunto onde ela pode estar agora.
— Você acha que Suzan é confiável, Ashley? Ela não parecia muito de acordo com sua vinda ou com a nossa causa em geral. — Não tenho duvida nenhuma quanto a Suzan ser confiável, e me sinto um pouco magoada pela desconfiança. Me reviro um pouco.
— Eu tenho certeza de que ela não faria nada que me colocasse em perigo.
— E quanto ao resto de nós? — Ela faz uma pausa e eu abaixo a cabeça. — Eu posso providenciar sua ida até a Cidade Solar. Mas preciso que faça um coisa por nós, e acho que Suzan pode ajudar. — Os olhos de Haley transitam dos meus para os de Emily com desconfiança.O plano de Emily é simples, só precisamos ser cuidadosas. Mas tenho medo de como Suzan reagirá a isso. Ela é importante para o sucesso da nossa missão.
— Haley, isso contará como sua missão para o Rito. E, Ashley, já pode fazer a sua tatuagem quando quiser. — Ainda não tínhamos conversado sobre isso, mas não sinto a satisfação que achei que isso fosse me trazer. — Vocês tem o dia de amanhã de descanso, mas partem no dia seguinte. — Apenas concordo com a cabeça e nós duas saímos.
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Cidade do Sol
General FictionUma sociedade distópica, com mortes misteriosas acontecendo. Duas mulheres completamente diferentes, unidas por um propósito em comum. Há dois lados de Meridia: a Capital Solar, onde o progresso atingiu seu ápice, e as Províncias Solares, onde tudo...