Capitulo 50

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ENZO

Sabe aquele momento em que seu coração para? O meu parou. É como um gelo súbito que inicia no fundo das suas entranhas e sobe ardendo até o peito. Merda, merda, merda - cantarolo em minha mente enquanto corro pra chegar até o caminhão onde Amanda e o pequeno menino Miguel estão escondidos dentro de alguma daquelas caixas.

Escuto os galhos e folhas quebrarem em contato com a sola das minhas botas militares, esmagam-as conforme corro sem perder o ritmo. Minhas botas afunda na terra fofa enquanto olho meu relógio de pulso e percebo que estou a uns bons 15 minutos de caminhada do local onde estacionamos.

_Porra - xingo e cuspo ao chão sentindo o suor começar a correr no meu rosto - Fodida mamãe cardigã e seus problemas de merda!

A culpa não era dela! Porra! Eu sabia! Deus sabia! Mas porra se um problema não estivesse num raio de 15 km se não iria encontrar ela primeiro!

Pelo amor de Deus cara!

Não ferra as coisas mais ainda!


Eu estava suando. Sinto os músculos da minha perna tremer enquanto meu total despreparo - já fazia um tempo em que a adrenalina não me atingia assim - me fazia acelerar minha corrida e provocava uma fadiga muscular. Meu coração ecoava em meu ouvido ensurdecendo o barulho dos animais a minha volta.

Floresta de merda! Desvio de mais galhos do que posso contar e como se o inferno estivesse subindo do sub solo o sol estralava sem nuvens acima daquelas copas esverdeadas.

Repasso as cenas na minha cabeça. Eu cuspo a desculpa do "quero sai pra mijar" e caminho ao sudoeste para pegar um celular descartável que tinha enterrado por aquela região a alguns dias atrás. Iria pegar as novas coordenadas e... não há tempo? São mais tiros? Eu devia chegar atirando? Eu atiro? Mato a todos? Pego o caminhão e sumo? Não, não posso me precipitar. Seria uma questão de horas pra descobrirem que o caminhão da rota 67 não chegou na próxima parada. Teriam a área coberta e então estaríamos ferrados ao dobro.

Paro logo ao escutar as risadas profundas. Fecho minhas mãos em punhos ao redor da arma que está na minha coxa. Eu poderia resolver isso agora. Mas e se eles estivessem mortos?
A

culpa seria minha, eu lacrei os dois naquela caixa, eu deixei o caminho seguir mais do que era previsto.

Se eles estivessem mortos, tudo pelo o que lutamos até agora teria sido em vão . O fim. Nós teríamos falhado. Eu teria falhado. Maluma nunca iria me perdoar. A Elite nunca iria me perdoar. Eu nunca iria me perdoar.

Pauso. _Okay, plano B - carrego minhas duas armas e deixo as munições ao alcance para recarregar facilmente. - O plano é... não seguir o plano.

Quantos tinham no carro? O motorista, eu, dois pau mandado e um mexicano? Tinha um caminhão atrás de nós a poucas horas. Prestes a parar por aqui também. Ao lado dessa área de preservação tinha um posto vagabundo e uma conveniência chechelenta. Era praticamente deserta, se você ignorar o velhote fingindo dormir na cadeira a frente e o cara do caixa.

Péssimo local pra matar um bando de filho da puta.

_Porra - suspiro, não ia rolar. - Tudo bem, plano C.

Limpo o suor no meu rosto e coloco minha máscara novamente, entro no pátio do posto e cumprimento com a cabeça os babacas que estão rindo ao olhar as caixas todas furadas.

Livro 2 - Doce RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora