Capítulo 2

187 17 1
                                    


Nada melhor do que tomar um café forte, ouvindo a voz melancólica da Lana del Rey, assistindo a chuva do lado de fora da cafeteria que ficava a poucas quadras do trabalho.

Bem, esse era o meu ritual matinal quando estava em um caso. O curioso era que o meu trabalho se mantinha em analisar provas e elementos de uma cena de crime, mas eu tinha um espírito detetive que às vezes incomodava os meus colegas.

Meu trabalho era dentro do prédio ou quando ia a uma cena de crime, porém, muitas vezes eu me envolvia tanto com o caso que saía, sem permissão alguma, em busca de mais provas, atrás dos suspeitos, o que já me deu duas advertências.

A questão agora era bem mais complicada e talvez perigosa.

A equipe de Edward estava na investigação que buscava pelo chamado ceifador. Particularmente me sinto atraída por esse caso em particular.

Ele era sombrio e não tinha pistas suficientes para uma busca ou qualquer caminho investigativo. Se bem sei e como conheço o trabalho do Wilson, ele vai, primeiramente, investigar as suas vítimas.

Pelo menos os motivos não eram segredo. Todos sabemos que o perfil desse assassino é ceifar vidas de pessoas que se envolviam com o mundo do crime ou que cometeram algum ato cruel contra pessoas inocentes.

Alguns o via como herói, outros como vilão, para mim ele é só mais um homem misterioso que está me atraindo de formas assustadoras e que não posso explicar como.

Se Eduardo me ouvisse dizendo isso ele me prenderia em um sanatório.

Quem é esse homem? Com o que trabalha? É um policial, detetive, já foi um soldado?

Bem, ele não é um homem comum, pois tem habilidades suficientes para abordar as suas vítimas sem que elas o percebam.

Desde que começou a deixar o seu rastro de sangue não deixou muitas pistas. Se eu pudesse analisar aquela cena poderia descobrir algo. Entretanto, esse caso foi dado a Benedict. Análise Benedict.

A coitada não tem culpa. É o nosso trabalho, mas passei a odiá-la baseada nisso.

Contudo, um dia cheio e barulhento na agência, ela saiu da sala, deixando-me com algumas evidências sobre a mesa.

Meu lado moral tentou me impedir, mas o diabo em mim, expulsou qualquer racionalidade naquele momento, me levando a espiar, e como tenho memória eidética, meu cérebro guardou aquelas palavras e fatos como em um chip.

Toda vez que fecho os olhos, vejo aquela cena. O corpo, o beco e o lugar mais limpo de evidências.

Claro, estava tudo sujo, pois era um beco, porém, as pegadas e digitais que nos ajudaria a achar o assassino, não estava lá.

A vítima não foi morta no local onde encontramos o corpo. Seja lá quem for, o assassino sabia exatamente o que fazer, o que me deixou ainda mais curiosa e com uma pulga atrás da orelha.

Com certeza é um profissional. Da polícia, do exército, seja lá o que ele for, sabe como não deixar suas digitais.

Que ninguém me ouça, mas admiro esse ceifador.

- Gostaria de mais alguma coisa? - A garçonete perguntou, com aquele típico sorriso simpático que sempre exibia no seu rosto. As maçãs do seu rosto coravam toda vez que olhava para mim. Era estranho, mas eu acho que não era só comigo. Devo admitir que a mulher era bonita. Os cabelos escuros combinavam com o seu tom de pele pálida, os olhos claros chamavam atenção. Nunca conversamos mais do que duas ou três palavras.

- Não, obrigada. - Respondi e peguei a minha carteira na bolsa retirando a nota e pagando a mulher.

***

dupla obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora