Capítulo 4

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"Não entra nessa neura, Becca. "

"Você não precisa de mais problemas."

Ouvir o meu cociente não era o problema aqui. Segui seus conselhos sim.

Desde a minha visita ao local do possível crime e depois ir à casa de Hernandes, não paro de pensar nele.

Depois daquela noite passei a ver o homem morto sentado ao meu lado ou na minha cama.

Hoje era minha folga e isso não seria bom, pois tenho tempo para sair e buscar mais informações. Meu plano era seguir a pista da noite passada e buscar pela imagem da única câmera de segurança que pode ter registrado algum automóvel entrar naquela rua tão tarde da noite.

Óbvio que o ceifador não andaria com um corpo pela rua. Minha teoria é de que ele usou algum plástico para transportar o corpo e não enchendo de evidências.

Por isso acordei cedo, peguei um Uber e voltei àquele lugar. Usar o meu distintivo para conseguir as imagens poderia me levar à demissão.

- Há, oi senhor. - Chamei o homem que saía com uma placa na mão, com informações sobre os seus serviços. Ele acabara de parar na frente da loja quando me aproximei. Por um mero segundo pensei no que estava fazendo, se era o certo e por fim, seguir o plano louco. - Sou da polícia. - Mostrei o distintivo sentindo o gosto amargo na boca. - Acho que sua câmera de segurança pode ter registrado algo que possa me ajudar em uma investigação.

- Investigação? - Repetiu confuso. - Assalto? Olha, ultimamente esse bairro está ficando perigoso.

O senhor, que eu ainda não sabia o nome, me olhou com simpatia. Seus olhos quase se escondiam quando sorria. Me deixou entrar no seu estabelecimento, me mostrou por onde ir e cada vez que eu andava um passo adiante a sensação de culpa me pegava.

- O senhor viu alguma movimentação estranha, pelos arredores, nessas últimas semanas? - O questionei, enquanto ele sentava-se na mesinha que estava em um cubículo minúsculo que comportava o computador. - Mais precisamente a 3 semanas.

O homem que deveria ter entre 60 a 70 anos, colocou os óculos no rosto e com certa dificuldade olhou para a tela do computador.

- Coisas estranhas sempre acontecem, filha. - Ele disse com simpatia, como se isso não abalasse. - Qual a data mesmo?

Claro, a data.

- Dia 15 de março, exatos 3 semanas atrás. Provavelmente entre as 8:30 e 9 horas. - Respondi. - A criminalidade está se espalhando.

- Sim, mas desde o último caso, eles vêm se escondendo. - Revelou com um sorriso no rosto. - Pronto, esse é o arquivo, até posso apostar no que está buscando.

O homem se levantou, me dando o lugar. A filmagem não era muito nítida, porém poderia ver qualquer veículo que passasse.

- O último caso? - Lembrei do que ele comentou.

- Se bem sei, está aqui por conta do ceifador. - Ele respondeu, parecendo até feliz de falar sobre ele. - Foi ele que matou aquele homem aqui, não foi? É o que quer buscar?

- Bem, sim. - Confessei sem tirar os olhos da tela. Aumentei a velocidade para chegar logo onde eu quero.

- Sinceramente, a polícia deveria estar trabalhando em outra coisa. - O homem contou, pensativo. - Há muito tempo esperávamos por alguém que colocasse medo nos bandidos, e agora temos. O ceifador é o único nessa cidade que realmente trabalha, mas a polícia agora o trata como um assassino, o vilão.

- O ceifador põe medo, ele corre atrás dos caras maus. - Comentei. - Mas não vim aqui em busca de prendê-lo, na verdade, quero conhecer.

- Conhecer o assassino? - Ri, pois anteriormente ele não via como assassino. - Por que?

dupla obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora