Capítulo 22

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Talvez eu estivesse colocando coisas no meio da minha confusão só para tentar esquecer os meus problemas pessoais.

Pelo menos isso pudesse realmente compensar a noite em claro, mas para isso eu teria que barganhar com Benedict que não estava com muito bom humor.

- Miller. – Ele disse concentrado no seu tablet. – O que você quer aqui? – O tom sarcástico começava a ganhar vida. – Roubar mais um trabalho?

- Relaxa Bem, somos amigos e você sabe que eu estava nesse caso anteriormente. – Expliquei.

- Até ser remanejada para um caso de muita repercussão. Certo?

Não existia uma rivalidade aqui. Ben e eu não éramos amigos, mas também não tínhamos uma inimizade.

- O que deu em você hoje, está ranzinza. – Passei pela fita de restrição amarela para poder ver o corpo da vítima em sua cadeira de trabalho. O homem tinha uns cinquenta e oito anos, um corpo de grande porte e estava sem as mãos e novamente o padrão da língua. – Estou de folga e pensei em ajudar você. Afinal, os últimos dois corpos foram periciados por mim.

- Claro – Falou de mal gosto. – Então arregace as mangas florzinha, porque se quer me ajudar, vai ter que por força nesse caso.

Até que foi fácil convence-lo de me colocar como sua assistente, mas a minha alegria durou bem pouco, pois como o caso passou a ser dele e eu só estava aqui para a ajuda-lo, o idiota mandou e desmandou em mim o dia todo.

Por sorte eu realmente gostava do que fazia e isso estava me colocando nos eixos por enquanto.

- Miller, você por aqui! – Tomás falou ao entrar na sala do juiz morto. – Achei que estava com os federais agora.

- Vim dá uma ajuda ao Benedict. – Falei e ele arregalou os olhos ao ver que eu segurava os dois membros decepados do homem. O coitado ainda não pegou o jeito.

- Correção, ela veio se meter onde não foi chamada. – Bem hoje estava todo azedo e mesmo eu realmente querendo estar nesse lugar, não me deteria quando colocasse em sua boca essas suas mãos brutamente arrancadas do seu dono.

- Enfim, como anda as investigações? – Perguntei curiosa. – As suas últimas vítimas não tinham uma ligação, mas creio que agora as coisas ficam mais fáceis, já que é só cruzar casos em que o advogado, o juiz e a prostituta estavam no mesmo lugar e situação.

- Há, desculpa. – Um carinha me interrompeu, chegando de fininho, com os cenhos franzidos e olhar curioso. Ele era lindo, cabelos escuros, bem aparados, uma barba rala e as roupas pretas juntamente com uma jaqueta de couro. – Quem é você e porque está dando palpite no meu caso?

O encarei sentindo um pouco de raiva por ele der dito essas palavras com tanta ironia.

- Rebecca Miller, muito prazer. – Também usei de ironia. – Trabalhei nos dois últimos casos. As mortes são bem parecidas e...

- Desculpa, mas esse, em especifico, é meu. Miller. – Nem toda a beleza do mundo faria desse homem alguém agradável.

- De que distrito é mesmo? – Franzi o cenho, peitando o homem alto.

- Quer saber, eu acho que já está tudo certo aqui. – Disse Benedict ficando entre nós. – Rebecca está certa, mas não é mais seu caso, não é? – Me encarou, dando uma bronca com aquele olhar duro que ele tem. – Posso continuar por aqui. – Completou. – Não desafia o novo detetive, parece que ele é o queridinho do delegado. – Sussurrou para mim. – Vai, eu te dou informações depois.

Ainda bufando, coloquei o material nos sacos de evidencia, tirei as luvas com muita raiva e sai do escritório pisando duro no chão.

Quem esse novato pensa que é?

Antes de desaparecer da frente dele, parei e olhei para trás. O homem, que eu nem sabia o nome, está rindo, um daqueles sorriso de vitória idiota, e o analisando agora, penso que ele se parece muito com Mila. Uma versão masculina perfeita e sexy, com um tom de sarcasmo a mais e muito irritante.

***

Sentada no meu lugar favorito na cafeteria, bebendo um café forte e quente eu mexia no notebook em busca de informações.

Me recusava a aceitar a expulsão exagerada daquele homem eu nem precisava de muito para saber como anda as investigações.

Muitos casos da vara judicial eram abertos ao público e felizmente o Juiz Oscar era um homem que mostrava para o que veio, com isso existia uma gama enorme de processos em que ele esteve envolvido.

No momento eu ainda estava tentando fugir da minha realidade, entrando em outro problema.

Não sei quanto tempo passei entrando e saído de pasta, lendo e relendo os processos até achar um no qual envolvia o falecido advogado e a primeira vítima.

Alex Stevens, acusado de roubo, assassinato, estupro e tráfico de drogas. Foi levado a corte a cinco anos. O julgamento foi fechado, e a sentença dele foi a pena de morte.

Espera! Morte! Mas se ele foi executado, como pode estar matando os culpados por sua prisão?

Obvio que não é ele, Becca!

Certo, se não foi o Alex que matou essas três pessoas, talvez ele tenha um irmão, pai ou até irmã, então....

O arquivo ainda estava aberto, passei um olho não muito detalhado, mas bom o bastante para que eu pudesse encontrar um nome conhecido.

O promotor do caso, Jonathan West pediu que a sentença, que era de prisão perpetua, passasse a ser pena de morte.

Jonathan era o promotor do caso. Se o assassino quer vingança pela morte de Alex Stevens, com certeza não irá parar até que todos os culpados estejam mortos.

Senti minhas mãos suarem e uma nuvem preta nos meus olhos. Como tudo sempre me levava a Jonathan West? Porque todos querem ele morto, que merda que minha vida se tornou?

Fechei o computador, o colocando as pressas na bolsa, levantando-me às pressas. Eu tinha que chegar antes que o assassino possa acha-lo primeiro.

Se bem sei, sabendo do risco que corre agora, ele agirá rápido e já se passou quase doze horas desde a morte do juiz, o que me dar pouco tempo para encontrar Jonathan antes desse parente vingativo.


dupla obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora