Capítulo 6

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O que aconteceu ontem anoite?

Essa era uma pergunta na qual deveria ser simples. Me lembro de todos os detalhes e talvez por isso seja tão confuso.

Primeiro, ir aquele lugar foi perigoso. Não sei bem como funciona essa coisa de Ceifador, se ele é um cara mal ou faz isso por um bem maior.

Se eu estiver errada e ele for apenas um homem maluco que mata por gosto de prazer, como um psicopata, eu estaria ferrada. Não vi seu rosto, apesar de querer, mas ele pode achar que vi e vir atrás de mim.

Se estivesse certa, ele não me faria mal, certo? Bem, apesar dos pesares, eu não queria saber, mas isso não me impede de esquecer o bom senso e ir atrás dele.

Segundo, quem é Jonathan West?

Porra, esse homem me pegou de jeito. As únicas duas vezes em que o vi foi tão estranho e... nostálgico.

Nunca o vi antes, me lembraria com certeza. Porém, seu olhar me remetia algo que já vi.

O problema era que alguma coisa nele me atraia e não era a sensualidade ou charme, muito menos o sorriso de segundas intensões.

Tocar na sua pele em um simples cumprimento foi como abri uma caixa de surpresas e realmente me surpreendi.

Poucas vezes na minha vida eu sair e com caras. Não por não ter pretendentes ou cantadas, mas por não estar interessada.

Sempre fui focada, sempre estudei e me esforcei para chegar onde cheguei. Uma mulher na polícia tinha que se dedicar, mostrar que realmente era boa, e foi o que fiz.

Namoro era um plano futuro que parecia bem distante ou esquecido por mim.

Me limitava a sair e ficar por uma noite, muitas vezes me arrependi por não ter sido do jeito que eu queria que fosse.

Com Jonathan, com um simples toque meu corpo reconheceu um perigo e uma atração. Como dois polos se grudando no centro de um imã.

Acredite, senti minhas pernas tremerem perto dele e eu estava sentada. Aquele olhar, as palavras e a voz, aquela voz não me era estranha, mas não sabia da onde era.

Me odeio quando o meu cérebro me trai. Ter memoria fotográfica era uma bênção, mas quando não me ajudava era um carma.

Pior era que sair sem nenhuma expectativa de revê-lo foi bem ruim. Não foi um encontro, não passamos de uma conversa estranha que mais pareceu um interrogatório, e um aperto de mão, porém, já me causou uma reação fora do comum que ao invés de me para se afastar, me pede para ficar bem próximo a ele.

Com raiva de mim mesma, bati com as duas mãos na cama, tirando o lençol que cobria o meu corpo.

Meu mal humor duraria uma eternidade hoje. Levantei da cama pisando em ovos e escovei o dente tentando tira-lo da minha cabeça.

Quem você pensa que é, Jonathan West? Você me encara, me interroga e sai como se não tivesse me causado uma imensa sensação de prazer momentâneo.

Cuspi na pia, e lavei o rosto. Olhei-me no espelho, meus olhos estavam com olheiras e eu sabia quais eram os culpados.

***

- Você não precisa ficar de mal humor todo o dia, Becca. – Falei a mim mesma, em um sussurro debochado. – Não tem como espreitar mais a investigação, mas tudo bem, não é da sua conta. Também não tem que ficar pensando naquele promotor estranho que te deixou excitada só com um aperto de mão. Cresce e arruma um namorado.

- Você está falando sozinha? – A voz de Ed me assustou. Quase pulei de susto. Eu estava na sala de evidencias, trabalhando no computador, analisando as informações colhidas a dois dias e pensei mesmo que estava sozinha. Fiquei envergonhada. Quando virei na cadeira para encara-lo, Mia e Edward estavam na porta, com o cenho franzido e eu só conseguia pensar no caso deles terem me ouvido reclamar. – É do seu feitio fazer isso, mas dessa vez...

dupla obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora