Capítulo 20

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A noite foi longa e as vezes em que fechei os olhos só serviram para me lembrar de tudo o que passou na minha vida nesses últimos tempos com Jonathan.

Comecei a me questionar se foi realmente uma surpresa ou meu cérebro idiota já sabia da verdade e só agora conseguiu notar o obvio.

Desde o primeiro momento em que o vi senti como se existisse uma força maior ligando-me a ele. Seu olhar era hipnotizante, tanto me passando medo quanto desejo.

Sempre achei a possibilidade dele me notar fosse mínima. Mas com tudo, os encontros e as semelhanças entre nós, achei que fosse só uma bobagem da minha cabeça. Não era!

Jonathan West só se aproximou de mim para me manipular e vigiar. Meu trabalho não era ir atrás dos assassinos, mas estava no caso, e particularmente saia em aventuras perigosas atrás de mais provas sobre o ceifador.

Naquele dia eu estava no lugar certo e na hora certa. Posso comigo que se eu não tivesse lá, Jonathan nunca teria se aproximado de mim e nada desses últimos meses teria acontecido.

Peguei-me pensando no quão triste e desagradável seria. Queria acreditar que de alguma forma ele realmente gostava de mim agora, e talvez goste, diz aquela voz no fundo da minha cabeça.

Só ela e eu não somos burras. Como acreditar em alguém que só mentiu e me enganou?

A noite foi um inferno, porém, não mais que me levantar da cama, sentindo a cabeça pesada e o corpo cansado, sair de casa e ir para o trabalho sabendo da verdade.

O primeiro dia depois da confissão foi um dos piores que já tive. Passei na minha cafeteria favorita, assisti a chuva cair do lado de fora, sem poder tirar nada dos meus problemas na cabeça.

Essa foi a primeira vez desde que o conheci, que notei a melancolia e o frio da cidade. Todos viviam suas vidas pacatas, indo ao trabalho, andando pelas ruas molhadas, comprando cafés e seguindo suas vidas, enquanto eu só conseguia me perguntar o que estava acontecendo na minha vida.

Sai andando como se o corpo não fosse meu. Não me esforcei para dar um sorriso e entrar na sala de provas me deu enjoo.

Mila e Ed notaram o meu mal humor, fizeram perguntas que foram respondidas vagamente ou eu simplesmente disparei palavras frias para justificar a minha tristeza.

Para todos, eu tinha brigado com meu namorado, mas dentro de mim, a briga ainda acontecia, pois olhei para o computador sem saber o que fazer.

Fui ao deposito que era restrito só ao pessoal que trabalhava no caso. O material recolhido estava em sacos separados, todos catalogados por mim.

O DNA do suspeito não tinha um nome ou rosto, mas sabia que os detetives logo buscariam pelo rastro dos nossos suspeitos e cruzariam os dados e quando desse negativo, nossa busca por mais nomes começaria.

Como me calar e trabalhar nesse caso se já sem quem o ceifador é?

Como vou conviver sabendo que entreguei o homem que amo para as mãos de pessoas com interesses particulares ou que busca calar a boca dos justos?

Eu não sabia de muito. Só havia uma certeza absoluta em mim que era: nunca vou entrega-lo de bandeja para eles.

Não suportaria isso. Provavelmente seria o fim da minha sanidade.

Esse foi a marca que Jonathan fez em mim. O amar era o meu bem e mal. Nunca me senti tão fazia e no escuro. Nem mesmo quando minha mãe morreu.

Pedi para que se afastasse de mim, para assim, talvez, encontra uma saída. Pensar sem que ele interfira só que minha mente já estava infectada por Jonathan West. Ela dizia que eu tinha que apagar tudo, sair sem olhar para trás e esquecer dessas merdas.

dupla obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora