Capítulo 8

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O clima mudou totalmente assim que o vi naquela cafeteria.

Jonathan West conseguia ser mais misterioso do que o ceifador, que no momento estava desaparecido, escondido na escuridão dessa cidade.

Não sei como tudo aconteceu. Pelo o que me lembro, eu estava na cafeteria, ele apareceu e me convidou para um jantar, mas os fatos não eram o problema, entende-los sim.

Uma ocasionalidade? Parecia mais que o promotor estava sempre nos lugares certos para me puxar para a realidade e me jogar em seu mistério particular.

Os três vestidos que coloquei, anterior a esse, não me deixaram confortável. Não por não ser, mas por me olhar e não me ver neles.

Apropriadamente, o azul escuro de mangas longas e corte justo me deixou mais alta do que eu aparentava ser. A meia caça escura era uma fina barreira que inutilmente me protegia do frio. O salto preto completava o conjunto e me olhando no espelho, mais parecia que eu iria para um velório, só que esse era o meu estilo favorito.

Deixei os cabelos soltos, sem muita maquiagem. Acho que meu nervosismo era tão grande que as mãos suavam sem parar.

Ninguém nunca me deixou assim antes.

Costumo sair, encontrar com homens, e para mim eram sempre divertidos ou sem muita frescura, não era um encontro. Porém, West se diferia desses outros homens. Tanto pelo convite quanto pela sua presença intimidadora.

Se alguém me encontrasse na minha cafeteria favorita e me convidasse para um jantar, com certeza eu bolaria uma desculpa mais que apropriada. Preferiria ficar em casa, com os meus desenhos mórbidos e ideia estapafúrdias sobre esse novo caso em que estou envolvida.

Indo contra todo o meu ideal, aceitei sem muita dificuldade e agora, estava tão nervosa que me surpreendia.

Estar perto de Jonathan era bom, seu olhar me confortava da mesma forma como me assustava, seu sorriso me confundia, não sabia se ria de mim ou era só o seu charme, e para completar, sua presença era reconfortante, e não nos conhecíamos muito bem, no máximo, dois encontros casuais no qual achei estranho ele querer tanto saber de mim.

Pela janela do meu quarto, vi o carro escuro estacionar na porta da minha casa. Senti meu coração na boca, sai correndo pela escada, com medo até de cair e sai rolando pela casa. Antes de prosseguir com o meu caminho, parei, respirei fundo, arrumei os fios que cobriram o meu rosto por conta do desespero, peguei as chaves e o celular, e caminhei calmamente até a porta, como se a cena anterior não houvesse acontecido.

Ridículo Rebecca!

Abri a porta e olhei para o carro parado, no mesmo instante que ele saiu do veículo e me encarou ainda com a porta aberta.

Me perguntei o que tinha aquele homem que me deixava tão idiota, com medo e atraída.

Seu olhar praticamente me paralisou, tive que desviar de seus olhos escuros para voltar a mim.

Fechei a porta e repeti na minha cabeça: não aja como uma idiota. Não seja boba. Não deixe claro que ele te atrai desse jeito. Jonathan West não é qualquer homem, provavelmente só quer um jantar amigável, vocês não vão acabar na cama, por mais que isso seja o que seu inconsciente deseje.

***

Foi uma péssima ideia ter aceitado esse jantar. Por qual motivo ele me convidou? Me torturar?

Assim que entrei em seu carro eu vi o perigo. Um perigo que já estava lá e eu mesmo assim aceitei.

Ele não facilitou. Suas perguntas não pararam, e eu, bem, eu respondia na lata, nunca fui de me esquivar ou criar todo um enredo, porém, foi estranho. Mais estranho ainda ele ter um perfume marcante, uma energia fora do comum que despertou em mim um instinto de vadia. Pelo amor de deus, ele é só um homem. Não pira e estraga tudo só por que está na seca.

dupla obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora