Capítulo 25

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Escolher ir com Jonathan não foi tão difícil quanto imaginei. Depois da decisão, eu até me senti mais relaxada.

Era louco pensar que eu deixaria tudo para trás e seguiria com uma relação que começou com uma mentira, porém, no meio de toda a confusão existia uma chama, um amor que nunca experimentei e realmente queria me jogar de cabeça e tentar ser feliz com alguém.

Por minhas esperanças no trabalho nunca me deu o que tenho quando estou com ele. Sempre pensei que ficaria sozinha, que nunca me meteria com o amor ou pior, que nunca ninguém fosse me querer para algo além de uma noite de sexo.

Jonathan começou sendo o cara mais velho que por alguma razão me fazia sentir-se completa, mesmo sem nos conhecermos tão bem.

Ele era o meu maior ouvinte, me entendia, aceitava as peculiaridades e ainda ria de coisas absurdas nas quais as outras pessoas brincavam dizendo que era mórbido, e talvez fosse.

Jonathan me enganou, disso eu nunca vou esquecer. Ele me manipulou, magoou, não tenho como negar. Mas minha mãe sempre dizia para fazer escolhas nas quais, apesar das consequências, me fizesse feliz.

Claro que ela não estava me dizendo para se apaixonar por um assassino e ficar cegamente ao seu lado, porém, Jon, apesar de tudo, era alguém que não era tão errado assim.

Todos cometíamos erros, mentimos e enganamos, uns mais outros menos. Mesmo me esforçando para odiá-lo, sabendo que assim as coisas seriam mais fáceis, não consegui, pois lá no fundo não achava ele caçar criminosos era algo imperdoável.

Os policiais, mesmo fazendo seu trabalho e justificar os corpos deixados como uma consequência, fazia o mesmo e nós não os odiamos.

Claro que há casos e casos. Eu mesma já vi policiais sendo escrotos, perseguindo pessoas por motivos errados, esses eu jamais justificaria ou minimamente esqueceria seus maus atos, e mesmo sendo hipócrita ou louca, perdoei Jonathan por ter me enganado e feito atrocidades, que já em seu passado ele fazia.

Seu passado o moldou dessa forma, porém, havia mais do homem por quem me apaixonei. Ele era justo, lutava pelos mais necessitados e pelas vítimas. Até eu tenho os meus limites e certezas, se por um acaso ele passasse essa linha tênue, nem todo amor do mundo o salvaria do meu ódio.

Agora, me vejo tendo que dar adeus a tudo o que construí nessa cidade, mas não achava que para ir com ele eu teria que deixar os que amo.

Ed e Mila, por mais diferentes e babacas que sejam, eram a única família que me restou.

Não os deixaria para sempre, para todos os efeitos, ninguém sabia das loucuras que fiz por amor ou que o homem que escolhi para ser meu companheiro era a pessoa por quem procuramos.

Dar um adeus seria demais, então eu diria que só me mudaria para outro pais e viveria a minha vida ao lado de Jonathan.

Já até sabia o que diriam, mas antes de falar com eles eu tive que ter uma conversa bem difícil com Dona.

Ela confiou em mim para achar o ceifador, mas indo de encontro a isso, fiz o contrário. Eu estava o protegendo e indo para sei lá onde, com ele.

A mulher não gostou do que ouviu, mas não tinha nada a ver comigo. Seu intuito era achar o quanto antes o ceifador e até me pareceu assustador a ver falando com tanto ódio sobre a pessoa que eu mais amava.

Sai de lá pensando comigo mesma que havia mais do que sabíamos, e isso só me impulsionou para finalmente me decidir que o melhor para nós dois era ir embora e deixar o ceifador no escuro, sem volta.

dupla obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora