Capítulo 11

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Jonathan West

Ela está em todos os lugares.

Quero dizer, no sentido figurado.

Rebecca não era como as outras. Mexia comigo, roubava a minha cabeça e todo o resto.

Não a culpava, pois, o único culpado sou eu. Deixei que isso acontecesse aos poucos.

Ela me invadiu, percorria por lugares que achei serem seguros e agora me vejo desejando aquela menina que deveria ser só uma amiga inconveniente no qual estava colocando o nariz onde não era chamada.

A questão era que Rebecca era mais do que aparentava, sua inteligência era nítida, porém, também se tornava provocante, brincalhona e verdadeira.

Não tinha medo ou filtro, isso me divertia e aos poucos fui gostando ainda mais dela.

Como se isso não fosse o bastante, essa menina despertava em mim um desejo fora do comum.

Era claro que ela me atraia, seu corpo sensual se tornou o maior pecado que eu desejava cometer.

A boca atrevida era convidativa, seu toque revelava a macies da sua pele.

Durante essas semanas, perdi o número de vezes em que não sonhei em tê-la nos meus braços, beijando o seu pescoço e invadindo a sua carne.

O olhar inocente se transformava cada vez que nos aproximávamos mais um do outro. Esse desejo era claro e mutuo, nem adiantava mentir.

Medo era algo no qual eu pouco sentia, entretanto, desde que a conheci começou a se tronar corriqueiro.

Nos falávamos basicamente todos os dias. Eu falava para mim mesmo que isso se dava porque eu queria saber mais sobre a garota e descobrir um jeito de tirar sua obsessão de achar o ceifador da cabecinha imatura dela, mas tudo não passava de capricho. Eu queria a ver, a tocar e a ver sorrir novamente. Nunca fui tão bobo, jamais admitiria estar apaixonado por alguém, ainda mais tão jovem e.... bem, eu não posso dizer que era tão diferente de mim, pois sentia a escuridão dentro dela. Era isso que nos puxava para tão perto um do outro.

Hoje era aquele dia que era uma exceção na minha rotina. Além de não poder a ver, tinha que vir a um lugar que nunca comparecia muito. Bares até eram suportáveis, mas casas noturnas com tanta gente e som alto, me causava alergia.

Vir até aqui cobrou-me muito esforço. Jessica usou todo seu charme para me convencer a vir com ela. Bem, a mulher era atraente, mas pouco me interessava.

Sendo minha sócia na agencia de advocacia, ela basicamente trabalhava para mim, porém, isso não a impedia de se jogar nos meus braços as vezes.

Eu poderia dizer que poucas mulheres me atraem o suficiente para me fazer leva-las para cama.

Sexo era algo no qual só fazia por necessidade, mas o prazer não era totalmente agradável. Me sentir atraído por alguém iria levar muito mais trabalho do que simples roupas justas, um corpo perfeito ou algumas doses de bebida.

Isso era o que diferia Jessica de Rebecca. A menina não se importava com a aparência, se estava bem vestida ou confortável. Tinha um corpo padrão, usava de poucos recursos de beleza, e mesmo assim era linda, atraente e me despertava um desejo fora do comum.

Isso me deixava pensativo e assustado. O que de tão especial aquela garota tem?

- Sei que não é o tipo de local que frequenta, mas não tinha como dizer a ele que jamais iriamos a um lugar assim, afinal, o cara é o dono do lugar. – Ela disse, jogando uma de suas mexas sobro o ombro e me olhando com sua mais nova bebida na mão. – Mas quem sabe você não se diverte.

- Sem nenhuma chance. – Falei logo em seguida, olhando ao redor e vendo coisas na qual eu não estava gostando. – Afinal, por que estou aqui? – Voltei a encara-la.

- Eu disse a você, o homem quer uma reunião informal, é um grande empresário e procura um serviço de confiança, mas eu não viria aqui sozinha. – Disse como se fosse algo obvio.

- Não sou o seu segurança particular. – Eu poderia dizer que hoje em especial o meu mal humor estava três vezes pior.

- Nossa, Jon, você está azedo. – Reclamou. – Nunca sai, e está sempre com essa cara.

- É a única que tenho, você quer que eu a jogue fora?

- Que bicho mordeu você? – Perguntou sentindo-se ofendida e chateada. – Nunca falou assim comigo.

- Não estou com muita paciência. – O que não era mentira.

Meu dia se resumia a ficar estressado com os problemas dos outros. Hoje eu deveria estar relaxando ou tendo umas conversas estranhas ao mesmo tempo que comum, com Rebecca.

Não precisava de muito para me senti confortável com ela. Mesmo que a menina constantemente desperte um fascínio pelo lado dark da vida.

Peguei um copo com bebida na qual fui servido. Um homem tatuado e alto, na faixa dos vinte anos, se aproximou de nós.

Ele nos cumprimentou, eu me limitei a um aceno e voltei ao ambiente barulhento em que estava, vendo as pessoas, as ações tudo o que poderia ser considerado errado.

Talvez eu tenha me tornado um velho muito rápido e esquecido como era bom ser um burro de vinte anos que usa drogas e bebe sem pensar no amanhã, mas estava achando tudo um absurdo.

Eu poderia dizer que minha noite foi totalmente perdida se não tivesse encontrado um rosto conhecido no meio da multidão lá embaixo.

A mulher que tanto me torturava estava linda como sempre, porém, com roupas diferentes, maquiagem mais pesada no rosto e um homem quase a agarrando em frente ao bar.

Ele conversava ao seu ouvido, ela ria, mas tinha algo estranho em seu rosto, como se não estivesse realmente alegre.

Aquilo me prendeu, me cativou e deixou com raiva. Era bem obvio o que iria acontecer depois disso. Provavelmente ele a levaria embora e os dois passariam o resto da noite juntos.

Saber disso só me deixou ainda mais nervoso e puto. Não era para ficar desse jeito, não devia me importar. Ela era livre, jovem e linda, com certeza tem o direito de transar com quem quiser, mas pensar nisso assim, com outro cara, me deixou furioso.

Jessica pode ter me chamado algumas vezes, mas desviar o meu olhar e atenção não era o que eu mais queria.

Parecendo notar a minha atenção, Rebecca desvia o seu olhar para mim, o que faz ela perder todo o sorriso falso do rosto.

Isso me deixa mais alegre. Uma satisfação até assustadora. Seu olhar percorre por todo o lugar então volta para mim, que me prende e deixa novamente feliz.

Depois que acabo o liquido do copo, me levanto e vou até as escadas que dão ao salão onde as pessoas se esfregam à vontade.

Eu não sabia o que faria, como faria, só sei que devo afastar aquele idiota de perto dela e leva-la para longe daqui.


dupla obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora