Hoje estava sendo um daqueles dias frios que tanto amo. Olhando para o lado de fora, pela janela de vidro, aquecida pela casa, pensei no que ouvi e no trabalho que aceitei fazer.
Tudo o que eu mais queria era descobrir quem era o ceifador. Saber que existia duas vertentes sobre o caso me põem em perspectiva.
Todos sabiam que coisas erradas aconteciam todos os dias nessa cidade. Fora e dentro da corporação.
Os telejornais, às vezes, comentavam sobre esses assuntos. Outros, com medo de retaliação, fingiam não enxergar o quão corrupto era o sistema e o poder que a máfia exerce nessa cidade.
Muitos viviam com medo de serem alvos. Ninguém podia falar abertamente sobre isso ou seriam calados.
Bem, eu já tinha me esquecido dessa parte. Meu empenho em buscar pelo único homem corajoso não passou de um simples desejo de saber quem ele é. Agora me pego pensando que era mais do que uma brincadeira de cão e gato. O ceifador era o único que matava aqueles que mereciam, ele caçava criminosos importantes para a máfia, e quem saber se não matou algum deles.
Desconfiei de quando os federais tomaram a investigação tão repentinamente, logo após a sétima vitima morta naquele beco.
Talvez por ingenuidade minha não percebi que eles podem estar querendo não prender, mas matar o ceifador. Puni-lo por seus crimes, quando quem deveria estar atrás das grades eram eles.
Dona dizia que seu empenho era prendê-lo, antes do seu colega corrupto, mas, àquela vozinha no fundo da minha cabeça dizia: tome cuidado. Você está no ninho de cobra, não se meta onde não deve para não ser mordida.
- Às vezes tenho ciúmes desse ceifador. – A voz de Jonathan tirou-me dos pensamentos confusos e sombrios. Revirei os olhos com um sorriso no rosto. Encontrei seus olhos escuros me observando com uma caneca na mão. A fumaça que saído do objeto e o aroma doce do café me deixou ainda mais feliz. Jon veio até mim, sentando-se ao meu lado e entregando a caneca. – Desde que voltou para casa você está um pouco preocupada. Creio eu que isso tenha relação com aquela sua obsessão pelo assassino.
- Está certo. – Falei tentando me animar. Não podia deixar que meu trabalho interferisse no meu relacionamento ou vida fora das paredes daquele lugar. – Confesso que não foi nada do que imaginei. Talvez tenha colocado muitas expectativas e acabei não gostando da realidade.
- Isso é preocupante? – Cerrou os olhos curioso.
- É preocupante a motivação deles.
- Que motivação? – Ele estava me encarando, pondo uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, tocando o meu pescoço, e fazendo cócegas.
Não sabia se podia falar isso abertamente, mas confiava em Jonathan. Ele também trabalhava com a lei e sabia que o que falaria não sairia dessa casa.
- Quando Dona me pediu para entrar nesse caso até me animei. Achei que seria como o meu trabalho no distrito. – Comecei, dando um gole do café com leite, quente. – Mas nada que envolva o ceifador é tão simples. Ela não queria penas a mim. Convocou outros investigadores, incluindo Ed e Mila. Dona queria uma equipe para uma investigação apart. O motivo! Parece que os demais investigadores não querem só prender o ceifador. Eles querem o entregar para a máfia.
Jonathan me olhou com surpresa, até pareceu furioso, porém, não mais que eu.
- Creio eu que se sentiram incomodados com a lista de vítimas que ele tem. – Supôs, virando o rosto, inquieto no lugar. – Deveriam usar esse tempo livre para prender pessoas que realmente não pode conviver na sociedade. - Jonathan sempre está reclamando que dou muita importância ao ceifador. Diz que é para o meu bem intelectual, e agora o vejo defendendo o misterioso. Isso me fez rir. – Acha um absurdo o que falei? – Franziu o cenho.
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dupla obsessão
ChickLit"Ele está por todos os lados, me olhando e usando-me de tantas formas que não sei por onde começar. " "Ela é tão sóbria quanto eu e isso é ruim, pois quanto mais desejo que fique longe de mim, mais ela se aproxima. ' As razões pelas quais Rebecca en...