Capítulo 16

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Sei que não deveria estar tão empolgada assim. Era o meu trabalho, um no qual ficaria atrás de um vidro analisando DNA e outros detalhes de uma, duas e várias cenas de crime.

Minha felicidade era por causa do suspeito em si.

O ceifador me chama atenção por ser discreto, pelas vítimas e por não deixar rastros.

O ver naquele dia só aguçou os meus sentidos e a minha curiosidade. Claro que não falei nada para ninguém, mas pelo menos eu tinha um ponto a frente de qualquer um nesse lugar.

Todos sabiam que a sede da agencia de proteção e investigação nacional era enorme e bem protegida.

Tinha até duas outras alas abaixo do térreo para manter aqueles pesos de segurança máxima bem protegido, pois acima das duas alas prisionais tinha diversos agentes, detetives e policiais de guarda. Eu diria que seria impossível alguns deles fugir.

Não pude disfarçar o sorriso no rosto, tanto de empolgação quanto por saber que finalmente alguém valorizou o meu trabalho.

Ainda tinha a questão sobre apoiar ou não a prisão do ceifador.

Pensar assim me faz parecer uma cumplice ou aceitar que matar pessoas, mesmo que perigosas e merecedoras, era aceitável.

A questão era bem mais complexa dentro de mim.

O ceifador, por mais misterioso que fosse, estava tentando mudar alguma coisa, punir aqueles que a justiça não puniu, e isso o fazia parecer, para muitos, um anti-herói sombrio.

Claro que o ver assim era fantasioso demais. Ele era um homem com ideologias radicais, mas confesso que era difícil distinguir o certo e errado aqui.

Posso ter trabalhado diversas vezes durante o ano nesse lugar, porém, hoje esse prédio reluzia bem mais aos meus olhos.

Os agentes especiais eram sempre mais calados, arrogantes e poucos aqui eram realmente uma boa companhia.

- Há não, você... claro que chamariam você! – Ouvir a foz ridícula de Edward me tirou do paraíso. Seus questionamento e olhar me fez pensar em jogar o primeiro objeto que eu conseguisse ver, em seu rosto. – Não bastasse essa sua obsessão por ele, agora está oficialmente no caso.

- Edward, você veio aqui só me chatear? – Franzi o cenho revoltada. – Sabe, hoje acordei relaxada, super alegre. Tomei café com o meu namorado e foi perfeito, até ouvir a sua voz.

- Que pena, florzinha, mas esse caso é meu. – Disse irônico.

- O que!? – Fiquei pasma.

- Há, Deus, achei que me livraria de vocês. – Mila se aproximou com aquela cara de quando odiava o mundo inteiro. – Dona deveria escolher bem os seus investigadores.

- Você também! – Bem que desconfiei que tudo estava bom demais para ser verdade. Apesar de ser até que reconfortante trabalhar com meus colegas de sempre, eles eram um pé no saco comigo por conta desse interesse quase que obsessivo pelo ceifador. – Achei que seria perfeito. Eu me livraria de vocês e acharia o ceifador sozinha.

- Claro, porque você o enfrentaria sozinha com a sua caneta. – Ela ironizou.

- Que bom que todos estão aqui. – A voz de Dona atrás de mim, surpreendeu-me. – Vamos, quero apresentar seus novos colegas.

Enquanto andávamos lado a lado atrás de Dona, que nos guiava, minha cabeça trabalhava em hipóteses do porque estávamos reunidos nesse caso que foi tirado de nós, ou melhor dizendo, de Edward.

Por que nós três, de um nível tão baixo na hierarquia, fomos selecionados para voltar a buscar informações sobre o ceifador?

O que a levou a achar que éramos capazes? O que aconteceu para mudar de ideia?

Entramos em uma sala enorme, onde duas outras pessoas já estavam lá. O ambiente era bem comum, com uma mesa no centro, onde os detalhes e planos pudessem ser botados em pratica, a lousa enorme, já preenchida com algumas informações e fotos, e s computadores, fora a sala de laboratório que creio eu, será usada por mim.

- Esses são Charles Donovan – Falou apontando para o home sério e cheio de tatuagens pelo braço. – E Brian Carter. – O segundo parecia ser mais simpático, com um sorriso largo, e um aceno tímido. Novatos não eram muito o meu forte. Apesar de ser bom em diálogos e me enturmar, quando preciso, gostava de trabalhar com pessoas nas quais eu confiasse, e mesmo sendo escolhidos por Dona e parecerem profissionais de alto nível, eu não me sinto confortável em revelar certos detalhes, apesar de que é preciso já que estamos na mesma equipe. – Esses são Mila Foster, Edward Wilson e Rebecca Miller. Todos aqui foram escolhidos a dedo. – Ela continuou, fechando a porta atrás de nós e encarando a todos, um por um. – É bom que todos aqui saibam que essa não é a única força tarefa em busca do ceifador. – A minha surpresa foi muita, aposto que mais visível quanto dos outros. – Desde que esse homem sem rosto começou a caçar e matar ex presidiários, olhos muito atentos começaram a se incomodar. – Não era uma novidade. Sabíamos que ele causava um rebuliço fora do comum. – A polícia ficou responsável pelas vítimas, mas depois de um certo número de mortes e a mídia fofocando e criando hipóteses absurdas, olhos de poderosos se viraram contra esse caso. – Minha língua coçava por não poder fazer perguntas. Eu era aquele tipo de pessoa ansiosa que queria sempre perguntar, saber e ser bem direta. – Pensamos que nossa investigação nos levaria a um nome a muito tempo, mas acredite, esse tão de... ceifador, é uma pessoa inteligente e cautelosa. Ainda mais atacando pessoas que seriam consideradas importantes para certos líderes do tráfico.

- Qual o nosso papel em tudo isso? – O carinha tatuado perguntou. Ele parecia entediado ou essa era mesmo a sua personalidade.

- Por que não somos a única equipe a buscar pelo ceifador? – Tomei a liberdade de perguntar.

- Na verdade, essas suas perguntas se unifica no nosso propósito. – Dona era conhecida como uma chefe exigente e que não revela muito dos meus planos. – Fui designada, assim como o Benjamin, para essa missão, mas acabo discordando muito dos seus princípios e das ideias. – Ela falou andando de um lugar a outro. – Bem deseja mais do que pegar o ceifador. – Novamente ela me prendeu nessa curiosidade. – Devemos ser muito claros aqui. – Parou de andar e nos encarou. – Existe duas vertentes dentro dessa instituição e nesse governo. A parte correta tenta a todo custo fazer o que é certo, mas facilmente é engolida pela parte que se deixa influenciar pelo dinheiro sujo. – Claro! a máfia. – Ben, apesar de ser um ótimo investigador, ele é corrupto. Saber disso não nos ajuda em nada, pois sabemos bem que sem provas e plenos poderes, não conseguiríamos de fato acabar com isso.

- O que Benjamin quer com o ceifador? – Perguntei e fui encarada por Dona.

- O ceifador mata pessoas perigosas, é experto e muito bem treinado. Arruína negócios e gerou um medo incomum para o meio do crime. – Explicou. – Isso é um bom motivo para que eles usem a parte ruim da nossa cidade e instituição para caça-lo e mata-lo.

- Querem o matar? – Sussurrei.

- Então o nosso trabalho e proteger esse fantasma? – Questionou Ed, quase que ofendido com o que Dona falou. – Pensei que fossemos prendê-lo?

- É o objetivo. – Falou pensativa. – Se Ben o achar primeiro, vai mata-lo sem piedade. Dirá a todos que o homem resistiu e que isso foi a única forma de pará-lo.

- Então o que de fato vamos fazer? – Questionou o Charles.

- Saberei quando encontra-lo. – Respondeu seria. – Enquanto isso tudo o que vamos dizer a seja lá quem for, que essa é outra vertente de investigação. Não podemos atacar o outro lado, sabemos bem onde isso vai dar, e não acho que seja justo matar alguém com esse potencial.

Minha cabeça estava a mil. Como se o seu mistério não fosse o suficiente para me enlouquecer, o ceifador agora precisa da nossa ajuda para não morrer?


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