A rosa branca

Capítulo 7

Rodrik🦇

Há treze anos atrás

Eu, Kaio e Kayssom viemos até o lago brincar, os meus irmãos mais velhos estão na escola e Dalila foi até a cidade com o papai. Estamos tomando banho e brincando de caçar os peixes até que uma flecha acerta Kayssom no braço, ele grita e eu e Kaio começamos a procurar quem fez isso.
Outra flecha, na direção de Kaio, ele segura ela e joga de volta, acertando o homem bem na perna, é um caçador de vampiros, nós três começamos a sair da água, ajudo Kayssom a se vestir enquanto Kaio distrai o caçador com o fogo.

—Vamos Kaio!! —Grito.

Nós corremos e corremos até chegar em casa, onde damos de cara com o papai e Dalila.

—Onde vocês estavam!? —A voz dele está assustadora.

—Fomos brincar no lago e um caçador atacou a gente. —Kayssom diz já chorando.

—Eu disse que não podiam sair!! De quem foi a ideia? De Rodrik?

—Eu...

Não consegui dizer nada.
Não queria que Kaio apanhasse, ele já se esforçou muito pra distrair o caçador.
A mão de meu pai agarrou meu pescoço com força e ele me levou até a sala e me jogou na lareira. Dalila gritou. Senti a madeira quente queimar minha pele e os ferros perfuraram minhas costas.

—Vá para seu quarto Dalila, agora! E vocês dois venham aqui! Cada um pega uma faca na cozinha e vem até aqui! AGORA!

Eles não podiam desobedecer.
Sinto muita dor.
Kaio e Kayssom aparecem segurando a faca.
Robert abaixa na minha frente e acena para os meninos se aproximarem.

—O caçador machucou vocês?

Os dois fizeram não com a cabeça.
Estão tentando me proteger.
Meu pai dá um tapa na cabeça deles

—Falem a verdade!

—Uma flecha acertou meu braço.

Kayssom respondeu já chorando.
Engulo as lágrimas quando meu pai manda ele enfiar a faca no meu braço.
Não posso chorar.
Preciso ser forte.
Os olhos cheios de lágrimas de Kayssom encontram os meus, ele tem olhos azuis assim como os da mamãe.

—Desculpa...

Robert joga Kayssom do outro lado da sala quando ele pede desculpa, seu corpo bate com força na parede e cai no chão, como um saco de batatas.

—Aqui não tem desculpa!! O caçador não iria desculpar vocês!

—Para de bater nele! Ele não teve culpa!

—Grito.

Robert agarra meu pescoço e me levanta até eu ficar na sua altura, os olhos deles estão vermelhos cheios de ódio, ele nunca me amou.
Ele me odeia.
Ele sempre acha uma desculpa pra me bater ou tentar me matar.
Minhas pálpebras queimam quando seus dedos perfuram meus olhos, eu grito enquanto tento me soltar e sinto o sangue escorrer em meu rosto.
A dor é horrível
Eu só tenho sete anos...

Isso é normal pra um garoto de sete anos?

—Eu vou te matar, você só atrapalha e é um inútil fraco.

Seus dedos se afastam dos meus olhos
Pensei que iria morrer, mas apenas caí no chão.
Quando me curei e abri os olhos, ainda doloridos, eu pude ver, meu tio pressionando meu pai contra parede.

—Já chega! Ele é só uma criança.

Desde que minha mãe morreu, meu tio é que me protege.
Robert empurrou ele e encarou meus irmãos.

—Vão para o quarto de vocês.

Os três somem. Meu tio se aproxima e me pega no colo. Abraço ele, mas não chorei. Ninguém pode me ver chorar, eu já sou fraco demais.
—Vai ficar tudo bem.
Não falo nada.

🦇

Deitado na minha cama e encolhido eu finalmente chorei, chorei até soluçar. Escutei Robert entrar no quarto dos meus irmãos para conferir se estão todos bem, ele faz isso todas as noites, com todos, eu sempre espero ele entrar aqui...
Ele nunca entra.
É como se eu não fosse filho dele
Ele me despreza.
Todo dia é a mesma tortura, se eu me atraso para alguma reunião... Ele me bate.
Se eu falo algo "errado"... Ele me bate.
Se eu faço algo "imprudente"... Ele me bate.
Ou se simplesmente eu aparecer na sua frente e ele estiver com a paciência curta, ele me bate.
Não há motivos concretos, tudo o que existe é sua vontade insaciável de me causar dor.
E por mais que eu me cure, eu ainda sinto cada soco, murro, chute, facada, perfurações e até mesmo meus ossos se quebrando.
Ele me espanca até se a culpa não for minha.
Me pergunto todos os dias:
Por que só comigo? O que eu tenho de errado?