No meio da tarde, Gustavo desceu. Liz estava presa ao meu peito no canguru enquanto eu limpava a cozinha.
— Bom dia. — Eu disse, sorrindo.
— Oi. — Respondeu ele, meio grogue.
E assim, do nada, meu corpo despertou com uma necessidade intensa. Ele era a definição do relaxo. Seu cabelo estava uma bagunça, e à luz do dia dava para ver a barba por fazer. Uma camiseta cinza e justa parecia ter sido pintada sobre seus músculos. Sem mencionar a calça de tactel que moldava seu traseiro.
— Como ela está? — Perguntou ele. Meu corpo reagiu ainda mais intensamente quando Gustavo se aproximou para dar uma olhada em Liz.
— Dormindo.
— Faz sentido. O sol está brilhando, eu devia ter imaginado. — Ele olhou nos meus olhos.
— E você?
— Estou bem. Você foi incrível ontem à noite.
— É o que sempre dizem. — Ele piscou. Revirei os olhos.
— Obrigada de novo.
— Para de agradecer. — Gustavo ficou sério.
— Sabe, esse tempo todo, sempre que eu perguntei como estavam as coisas, você dizia que estava tudo bem. Pois você não parecia nada bem ontem à noite. Você mentiu.
— Gustavo, isso tudo é minha responsabilidade. E as pessoas não podem fazer muito por mim.
— Sua mãe não apareceu nem para visitar?
— Ela foi ao hospital quando Liz nasceu, mas não se ofereceu para ficar e ajudar. Está mais preocupada com outras coisas, como viajar para Cancún com o namorado e vender leggings coloridas pela internet. Sabe como é, prioridades.
— É inacreditável. — Ele olhou em volta.
— Sua vó teria ajudado.
— É, teria. — Fechei os olhos por um momento e pensei em minha avó, antes de voltar a falar da minha mãe.