Na manhã seguinte, quando desci com Liz no colo, Gustavo já tinha feito café. O cheiro de grãos moídos na hora misturado ao do perfume que ele usava era um ótimo jeito de começar o dia. Notei que também havia uma cafeteira de espresso nova em cima da bancada.
— De onde veio isso?
— Trouxe do meu apartamento. Assim posso fazer fusão para mim e descafeinado na cafeteira para você.
— Isso foi muito gentil da sua parte.
Quando ele me entregou a caneca fumegante, eu percebi um detalhe.
— O que pôs aqui? O creme acabou, não tive tempo de ir ao mercado.
— Usei leite.
— Não tem leite.
Ele apontou a geladeira com o polegar.
— Tinha uma garrafa de vidro com leite. — Cobri a boca com a mão.
— Eu não comprei leite, Gustavo... Esse é meu leite! Eu tirei e guardei em uma garrafa de vidro. A única coisa boa que minha mãe fez por mim enquanto esteve aqui foi comprar uma bomba para tirar leite. Estive treinando. — Rindo, apontei para as canecas.
— Você pôs meu leite nisso!
— Não só pus... como já bebi duas xícaras de café com seu leite. Esta é a terceira. — Cobri a boca de novo.
— Ai, meu Deus! — Ele bebeu um gole do café.
— É bom.
— Sério?
— Sim, é doce. Agora entendo por que Liz é viciada nele.
— Está brincando?
— Não.
— Você é maluco. Não vou beber isso.
— Quanto consegue produzir por dia? Podemos vender.