𝐀𝐍𝐀 𝐅𝐋𝐀́𝐕𝐈𝐀.
𝗉𝗈𝗂𝗇𝗍 𝗈𝖿 𝗏𝗂𝖾𝗐'
_________________________________Era noite de sexta-feira, e Gustavo já havia saído para tocar no Sandy's. Ele partiria cedo na manhã seguinte para voltar a Nova York. Eu havia dito que não assistiria à apresentação, mas estava quase mudando de ideia. Não sabia quando e se ele ia voltar. Afinal, ele tinha vindo para passar um tempo sozinho, sem saber que Liz e eu traríamos o caos para sua vida. Eu, no lugar dele, não sei se voltaria.
— Quer sair para ver o tio Gustavo tocar? Promete que vai ser boazinha?
Deixei a bebê no berço e comecei a me despir apressada, com medo de demorar muito para me arrumar e acabar ficando em casa por falta de coragem. Escolhi um vestido vermelho que não usava desde antes da gravidez e usei protetores de seio para evitar vazamentos de leite. Arrumei o cabelo em ondas soltas e me maquiei. Minutos depois, Liz e eu estávamos prontas e dentro do carro.
Voltar ao Sandy's me deixava nervosa. Eu não ia lá desde o verão passado. Também estava inexplicavelmente aflita com a ideia de Gustavo me ver na plateia depois de eu ter dito que não iria.
Quando entrei, ele estava no meio de uma canção que eu não conhecia. Como sempre, a multidão estava hipnotizada, e mulheres se aproximavam cada vez mais do palco para ver melhor aquele rosto bonito. Eu sempre me emocionava quando assistia a uma de suas apresentações. Felizmente, Liz se comportava no canguru, e eu pude aproveitar cada momento.
Fui até o bar para cumprimentar Rick, o bartender, que me deu uma água com gás por conta da casa. Relaxada em meu lugar, fechei os olhos e me deliciei com a voz de Gustavo cantando um cover de "Thinking Out Loud", do Ed sheeran. A canção parecia ter sido feita para a voz dele. Quando senti que meus olhos se enchiam de lágrimas, briguei comigo mesma. Por que eu tinha que me emocionar tanto sempre que ele cantava? Era como se cada palavra de cada música tivesse um significado relacionado ao que eu viveria com ele.
Na metade da música, Liz começou a chorar. E a canção não era do tipo que encobria muito bem os gritos de um bebê.
Muita gente olhou para mim. Ouvi algumas pessoas cochichando, provavelmente se perguntando por que alguém levara um bebê a um lugar como aquele.
Ondas quentes passeavam por meu corpo. Sem parar de cantar, Gustavo olhou para onde eu estava. Nossos olhares se encontraram. Quase morri de vergonha por interromper aquela linda canção. Quando a música chegou ao fim, levantei para ir à sala do fundo. Gustavo fez um gesto me pedindo para ficar. Continuei andando mesmo assim, até a voz amplificada pelo microfone me fazer parar.
— A bebê que acabaram de ouvir chorando é muito especial para mim. Ela se chama Liz, e a mãe, Ana Flávia, também é muito especial para mim. Uma das minhas amigas mais antigas. Enfim, essa é a primeira vez que Ana Flávia sai de casa para se divertir desde que Liz nasceu, há quase três meses. Ela não queria vir. Temia que as pessoas se incomodassem, caso a filha chorasse. Eu disse a ela para não se preocupar, pois o público aqui é gentil e compreensivo. Ela não acreditou em mim, mas decidiu arriscar e vir assim mesmo. Acreditem, não tem sido fácil para ela. Ana Flávia está fazendo um trabalho incrível criando a bebê sozinha. Ela merece uma noite de folga, não merece?
Aplausos estrondosos seguiram o discurso, e Gustavo acenou me chamando para perto dele. Liz ainda berrava.
— Traz ela para cá. Traz o canguru também. — Gustavo falou no microfone. Gustavo ajustou o canguru no peito e acomodou Liz nele.
Minha bebê estava exatamente onde queria estar e, enfim, se acalmou. Ele mudou a posição do violão para ajeitá-la e começou a cantar uma música que, de início, parecia uma canção de ninar. Depois reconheci "Dream a little dream of me". Não consegui deixar de sorrir vendo Liz no palco com ele. As mulheres na plateia suspiravam. Se já o adoravam antes, agora sentiam os ovários entrando em combustão. O aplauso bateu recordes quando ele terminou.
Quando Gustavo tirou Liz do canguru, o bumbum dela ficou na frente do microfone. Amplificado, o ruído que imitava uma explosão ecoou no restaurante. Logo compreendi que toda aquela gente havia acabado de testemunhar a diarreia explosiva da minha filha. Gustavo teve um ataque de riso.
Quando me devolveu a bebê, ele ria com todas as pessoas na plateia.
— Liz caprichou desta vez.
— É melhor eu trocar a fralda dela.
— Ana Flávia.
— Oi?
— Você está muito bonita. — Dei de ombros.
— Eu tentei.
Embora demonstrasse não dar muita importância ao elogio, não me sentia bonita até aquele momento. Agora meu coração batia a um quilômetro por minuto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝗶𝗻𝘁𝗲𝗻𝘀𝗲 𝗹𝗼𝘃𝗲 | 𝗆𝗂𝗈𝗍𝖾𝗅𝖺 ✔︎
Fanfiction▌╰╮ 𝐈𝐍𝐓𝐄𝐍𝐒𝐄 𝐋𝐎𝐕𝐄 • # !! a miotela fanfiction~ #* > © ! + ~l 𝗽𝗿𝗼𝗻𝗴𝘀𝘀𝘁𝘆𝗹𝗲𝘀 𝗼𝗻𝗱𝗲 ana flávia foi embora a nove anos, antes de gustavo se declarar para a mesma. ❚ original by 𝘄𝗲𝗯𝘃𝗵𝗮𝗰𝗸𝗲𝗿 ❚ started in 17, mar ❚ ana fl...