Usei a oportunidade para admirar sua estatura e suas costas nuas e bem definidas. Uma calça preta de ginástica cobria o bumbum arredondado. Nunca havia percebido como aquele traseiro era espetacular. A atração física por ele me irritava, considerando as circunstâncias, mas isso não me impedia de continuar a análise. Gustavo tinha uma tatuagem retangular no meio das costas. Tentei entender o desenho, mas levei um susto quando ele se virou de repente e cravou em mim aquele olhar incendiário.
— Sempre seca as pessoas quando acha que não estão percebendo? — Engoli em seco.
— Como soube que eu estava aqui?
— Vi seu reflexo na janela, gênio.
Merda.
— Mas você nem se mexeu. Achei que não tivesse me visto.
— Isso é evidente.
— Está tentando me fazer te odiar ou algo assim? Porque vai conseguir.
Gustavo não respondeu. Em silêncio, me deu as costas de novo e olhou pela janela.
— Por que faz isso? — O questionei.
— Isso o quê?
— Fala coisas para me irritar e depois se fecha.
Ele continuou olhando pela janela.
— Acha que seria melhor se eu continuasse te irritando? Estou tentando controlar a raiva, Ana Flávia. Devia ficar satisfeita. Sei quando devo parar... ao contrário de algumas pessoas.
— Será que pode pelo menos olhar para mim enquanto fala? — Ele se virou, caminhou lentamente em minha direção e aproximou o rosto do meu. Quando falou, senti as palavras em meus lábios.