Cap 8: Mentiras

20 3 0
                                    

Fernando ficou analisando os meus projetos, elogiando quando merecido e retificando quando preciso, ensinou-me como melhorar em alguns aspectos e muito mais. E acabei de ver o homem que estava praticamente me comendo com os olhos, se transformar num completo profissional, o meu "professor particular", que segundo ele, tem muita coisa que na qual teria prazer em me ensinar.

A sua aula é interrompida no momento em que ouvimos o sino do elevador tocar, e Flora fazer com que já não fiquemos apenas os dois na sala. Ela traz consigo o pedido de Fernando.

-Pode pousar aí, muito obrigado. continuação de um ótimo sábado!—Orienta Fernando e a dispensa, e creio eu que agora estaremos apenas os dois, não apenas no seu escritório, como em toda a empresa.

Ele organiza os meus projetos de forma prática e os coloca de lado.

-Vem comigo—Diz e eu faço o seu pedido.

Ele nos leva até ao banheiro, para higienizarmos as mãos antes de entrarmos em contacto com a comida. Fernando me deixa ir na frente, e então vem logo atrás de mim, mantendo-se por perto. Ele pega minhas mãos e lavamos juntos, e eu nunca pensei que fosse gostar tanto de lavar as mãos acompanhada por umas mãos enormes.

-Tão pequeninas e macias—Diz ele enxugando as minhas mãos, e logo saímos do banheiro.

Fernando serve para nós, e vai até seu frigobar tirar uma jarra de sumo natural, porque segundo ele, não bebe refrigerante e tem apenas sumos naturais no seu frigobar, para além de água.

Estamos comendo, acredito que os dois estão realmente com fome e não pensamos em conversar, então apreciamos apenas a comida. Assim que terminamos de comer, ele retirou a loiça e levou para a máquina de lavar loiça (ele tem realmente muita coisa aqui, diria até que ele mora aqui).

Agora estamos sentados no sofá, com a TV ligada, assistindo e conversando enquanto fazemos a digestão.

Nesse momento, ele partilha muito comigo, sobre estar super cansado, sobre não ter tempo para muita coisa para além do seu trabalho, mas que também, que ele é grato à Deus por ter conseguido alcançar os seus sonhos, e ainda estar alcançando, e que então, não se arrepende das noites mal dormidas, de não ter férias, e nem de passar 24/24 no trabalho, se necessário.

Fernando partilhou comigo que veio de uma família pobre, e que ele é a primeira pessoa tendo sucesso em sua família, o que faz com que ele seja sobrecarregado, tendo muitas responsabilidades, ele diz amar o trabalho, e eu também amo, mas acredito que de vez em quando, precisamos sim de um descanso...

Ele é um homem cheio de qualidades, e está bem resolvido de vida, mas parece ansiar sempre por mais. Acredito que ele trabalha para se esconder de alguma coisa, ou por algum medo ou trauma, ele é todo confiante e possui uma grande armadura, mas parece esconder uma dor imensa, mas isso só o meu terapeuta iria descobrir.

Fernando coloca a mão em minha coxa, me trazendo de volta ao mundo e me mandando diretamente para o paraíso. Seu toque é quente e preciso.

-Vem para cá—Ele diz me puxando para seu peito. Ele coloca seu rosto em volta de meu pescoço, e eu sinto meu corpo se arrepiar.—Sua pele cheira tão bem—Ele faz esse elogio perto de meu ouvido, enquanto uma de suas mãos segue acariciando minha coxa—És tão macia—Ele diz isso beijando meu pescoço, golpe baixo, muito baixo Fernando.

Um milhão de pensamentos se passam pela minha cabeça, estou me derretendo, mas estou errando? Deveria parar? Mas estou gostando. Começo a me sentir confusa e me afasto de seu peito.

-O que te faria deixar de falar comigo?—Pergunto mostrando-lhe ser mais aleatória que ele.

Ele se ajeita, analisa a pergunta e me responde.

-Mentiras—Ele diz olhando para os meus olhos—Detesto mentiras, e à partir do momento em que descubro, corto relações com a pessoa. Falando nisso, eu já fui traído, estava me relacionando com uma mulher, até que um dia a flagrei com um amigo meu.
-Meu Deus, e o que foi que fizeste?
-Essa é a melhor parte, não fiz nada, ambos me viram e eu apenas me retirei, e cortei contacto com os dois. O meu "amigo" passou a me evitar por medo de eu tentar o agredir, e ela ficou me mandando mensagens que nunca tiveram respostas.

Gostei do facto dele ter me contado isso, entrando totalmente no meu assunto, aprofundando a sua resposta invés de ficar chateado por eu ter cortado o clima, mas, não acho que fico em paz com o que ele acabara de me contar, então apenas decido revelar uma mentira.

-Eu já contei uma mentira para si—Digo e ele fica medindo as minhas palavras.
-Estou ouvindo.
-Não sou virgem. Não nos conhecíamos, e tu fizeste-me uma pergunta aleatória, e eu não iria partilhar a minha intimidade com alguém que tinha acabado de conhecer.
-Ahahah, super entendo. E olha que fico bastante aliviado em saber que não és virgem, já estava me imaginando tendo o trabalho...
-Meu Deus—Rimos.

Vejo que já são 19h e sei que preciso de voltar para casa.
-Acho que tenho de ir...
-Vamos!—Diz ele se levantando.
-Já chamaste o sr. José?—Pergunto.
-Irás com o Sr. Saymon.—Diz ele enquanto pega minha cintura e me dirigindo ao elevador.
-Amei conhecer a tua empresa, fico bastante orgulhosa de ti.—Digo.—Muito obrigada pelo convite e pelo almoço.
-E eu amei a tua companhia—Responde.

Fernando me puxa para perto dele pela cintura, pega meu rosto com uma de suas mãos, e me dá um selinho.

-Não fui o homem que tirou a tua virgindade, mas serei o primeiro a foder-te quando tiveres 19 anos.

Assim que essas palavras deixam sua boca, minha boca entra em contacto com a sua, nos beijamos com vontade, como se durante esse tempo todo estivéssemos nos segurando para não o fazer, nos beijamos com necessidade, como se precisássemos desse beijo para viver.

Até que a porta do elevador se abre, e tão logo saímos, voltamos a nos beijar intensamente.

Entre linhas e beijos: Arquitetando o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora