Cap 10: Terapia

14 2 0
                                    

                          ~Uma semana depois~
São 10h da manhã e estou sentada no consultório do Dr. Lino, para cumprir com a terapia do mês.

  -Querida Laura, gostaria que começasses por contar sobre os últimos eventos, o que tens feito e como te sentes em relação à tudo isso.— Recitou o Dr. Lino.

  -Falta apenas uma semana para o regresso às aulas e eu sinto que estou mais do que preparada. Concluí o projeto para se apresentar na escola, fiz dois projetos extras nos tempos livres; revisei toda a matéria passada e estudei as que se seguem no programa para que assim, domine todas as aulas; desenvolvi alguns temas interessantes em forma de trabalho científico. Me sinto satisfeita em relação à isso, e sei que me ajudará a ter mais confiança nas aulas.—Dou uma pausa.

  -Muito bem, é bastante interessante esse teu método de estudo, talvez recomende para os pacientes que têm encontrado dificuldades para estudar.—Ele anota algumas coisas em sua agenda, e como sempre, não posso ver.— Mostras-te ser uma excelente estudante cada vez mais, mas, gostaria de saber se tens dado o devido descanso à sua mente, é importante estudares, mas não podes esforçar muito de ti.—Comentou o Dr.

  -É, tenho descansado —Respondo cruzando meus braços.
  -Espero que não estejas fazendo dos estudos, um hobby. Tente distrair a mente com coisas mais leves, como jogos, ouvir músicas também te ajudariam—Recomendou Dr. Lino.
  -Ajuda se eu disser que projeto ouvindo músicas?—Pergunto.
  -Não é bem o que me referia, mas já serve. Como vão as coisas com os seus pais?—Tocando no assunto que me tem feito o pagar.

  -Dona Ana tem se mostrado forte, como sempre, não me permite a consolar quando o mundo dela desaba. Mas finalmente já não anda triste pela casa. Ver minha mãe saindo mais, voltando a se cuidar, fazendo as coisas de que sempre gostou, me deixam feliz e esperançosa, embora ela já não possa fazer o que mais gostava, que é trabalhar.—Dou uma pausa antes de tocar num assunto delicado para mim— Tenho estudado, tenho me esforçado, venho procurando formas de conseguir a minha independência, pois tenho medo, medo de um dia me acontecer o que aconteceu com minha mãe. Eu amo projetar, mas tenho medo que um dia o poder, passe por cima dos meus estudos, do meu conhecimento e do meu amor ao trabalho, me impossibilitando de trabalhar em qualquer área que fosse.

  -Entendo, e achas que seu pai faria contigo o que fez com sua mãe?—Questionou anotando novamente em sua agenda.

  -Prefiro não pensar nisso.—Respondo e ele anota, mas desta vez sei o que é, "pergunta não respondida", cada vez que não respondo uma de suas perguntas, ele encara como se fosse um tema difícil para mim, e pela próxima, me prepara melhor.

  -Como está a sua relação com Diego?— Essa é uma de suas perguntas favoritas, depois das perguntas envolvendo o meu pai.

  -Diego e eu continuamos juntos sem compromisso. Mas recentemente tivemos um desentendimento e eu fiquei ainda mais confusa em relação à nós. Mas aí nos resolvemos sem precisar sentar para conversar, apenas ignorando o que aconteceu. As pessoas seguem perguntando sobre o nosso estado, não sei se apenas têm coragem de perguntar para mim, ou se perguntam também para ele e ele não dá a mínima, ou ainda se perguntam para mim por saberem que estou fazendo uma figura triste. Essa situação deixa-me ansiosa, sinto que ele gosta de mim, noutras vezes sinto que ele apenas se acostumou comigo e não quer nada mais do que isso.

  -Muito bem, as pessoas perguntam-te sobre o vosso estado, mas tu já pensaste em conversar com ele sobre o vosso estado? Contar-lhe como te sentes não tendo um compromisso, estabelecendo também as tuas regras.

  - Não, porque eu acho que caso ele quisesse, ele diria alguma coisa.—Respondo.

  -Ou será que tu estás com medo da possível resposta? Pois isso poderia acabar com o que vocês estão tendo, caso ele não queira um compromisso. Mas por outro lado, caso ele queira também, já não estarias te martelando...—Ele diz.

- Caso ele queira, ele tem de dar a iniciativa.

-E enquanto ele não der, tu estarás disposta a esperar por mais quanto tempo?—Não respondo.—Este é um assunto delicado, não te sintas mal pelos outros estarem perguntando, apenas tu sabes como as coisas são, apenas tu vives isso, tu e ele, então apenas vocês os dois saberão quando for a hora certa. Já imaginaste que talvez tu dizes que ele tem demorado a tomar una iniciativa por estares comparando com um outro caso que foi mais rápido? Cada relacionamento tem o seu processo, ele não toma uma iniciativa de pedir-te em namoro, e tu tampouco tomas uma iniciativa de cortar esta relação sem compromisso. Talvez os dois estejam esperando por algo, talvez vocês ainda estejam construindo. É importante pensares em como ele te faz sentir!— Calculou Dr. Lino

-Nunca pensei por este lado, pode fazer sentido...—Digo.

  -O que aconteceu para que vocês tivessem um desentendimento?—Questionou.

  -Há uma semana, uma amiga de infância que havia se mudado, regressou, e marcamos de nos encontrar. Eu estava com muitas saudades de Soraia, ela é uma das amizades mais verdadeiras que eu tenho. Então nos encontramos e nos divertimos imenso.—Dou uma pausa.

  -Não preciso conhecer Diego para saber que ele não ficaria chateado com isso.—Afirmou o Dr. sendo irônico.

  -Continuando, acabamos tendo alguns imprevistos. Um homem passou-se por taxista e deixou-nos em casa. Acontece que, ele ficou sabendo que eu era Projetista, e animou-se, pois ele é arquiteto, conversamos bastante nesse dia, ele se mostrou muito interessado em mim e eu amei isso. Trocamos contactos, e no mesmo dia, eu me encontrei com Diego para ir ao ginásio, e o contei sobre o ocorrido, pulei apenas um detalhe, ter lhe dado o meu número. Na manhã seguinte Diego ficou sabendo e nos desentendemos.—Termino.

  - Me conte sobre esse homem.—Sugere.

  -Ele é um homem de 30 anos, trabalhador e educado, gosta de compartilhar conhecimento, sabe dirigir uma conversa. É um homem que vem se mostrado bastante interessado em mim, me encontrei com ele uma única vez em sua empresa. Enquanto analisávamos projetos, acabou rolando um clima entre a gente e ficamos, mas não houve sexo. Eu disse para ele que quis me afastar, pois estava numa fase complicada da minha vida amorosa, e ele simplesmente me disse para aproveitarmos o momento, mostrou-se persistente e inverteu o quadro para que eu não cortasse intimidade com ele. Eu acredito que estou gostando dele, e não sei o que fazer, não sei se deveria conversar com Diego...

  -Tu estás desesperada para ter um compromisso, e esse homem veio com esta oferta, entendi errado? Tenha cuidado com os teus sentimentos, tente ter a certeza de que estás mesmo gostando dele e que não é uma ilusão, é o conselho que te dou, e um conselho extra, tente reservar um tempo para si, e reflita sobre o que realmente queres para a tua vida.

  -Está bem, doutor.—Digo.

  -Até a próxima sessão, Laura!
  -Até a próxima sessão, doutor!

Entre linhas e beijos: Arquitetando o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora