Capítulo 54

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AMANDA

Não foram dias fáceis, nem de perto e nem de longe. Às  pessoas não tem noção  do peso das próprias  palavras. Isso de "você encontra  sua maior força, nos momentos de pressão" parecia balela - em outra vida - mas não nessa aqui. Fui obrigada a passar por cada obstáculo, me arrastar por cada maldito solo fofo e lamacento e comer larvas de árvore  ou frutas desconhecidas para chegar nesse único momento.

Não faço  ideia de como eu deveria estar. Minha pele não estava nada "legal". O sol tinha queimado todo o lado que ele enconstou nos últimos dias e fui obrigada a passar barro no meu rosto, na pele e nos cabelos, a fim de aliviar a vermelhidão  de uma possível queimadura e virar parte da mata - segundo Enzo - da vida selvagem. Essa camuflagem contra as pessoas que estavam nos perseguindo, foi o que tinha nos salvado em um momento criquitico do segundo dia. Matar para não ser morto - eu não queria reviver essa cena.  Mas cada vez que eu fechava os olhos eu podia ouvir os passos dos homens de China se aproximando e no outro momento, Enzo estava atirando e matando aqueles homens sem hesitar nem por um segundo.

Fora esse momento de terror, a floresta sempre tentava me vencer pelo cansaço. Tudo parecia igual e por vezes eu me sentia caminhando pelo mesmo lugar, tropeçando  na mesma pedra. Os animais fugiam ao nos ver e não conseguimos nem um coelho - animal que Enzo tentou caçar para o almoço  - para comer.

Estávamos  sujos, com fome e cansados.

Árvores não são  plantadas simetricamente. Uma hora você desvia de um troco e no outro você é  acertada por um galho ou dois, nas costas, nos braços ou em qualquer lugar que ela te alcançar. São como chicotes  que vi nas pernas do meu filho. Secretamente sentia que era um tipo de punição, não iria reclamar disso.

Minhas feridas estavam infeccionando - eu poderia dizer - se não fosse pela dor que eu estou sentindo, seria pelo fato do cheiro que estava começando a sair das minhas roupas. Enzo parecia motivado e não me deixava se quer praguejar. Cada vez que eu implorava pra ele levar Miguel o mais rápido possível e que eu esperaria por ajuda, ele gritava comigo, me dizia o quanto eu sou uma mulher forte e corajosa e que eu deveria levantar meu traseiro e seguir. Não era bem isso que eu sentia por mim mesma agora. Ou ele tinha fé demais em mim ou às explicações a dar seriam piores se ele simplesmente me abandonasse.

_Parados! - escuto uma voz familiar chamar nossa atenção. Eu estou tão cansada que nem ousaria me mexer nem se ele pedisse - Identifiquem-se! Essa é  uma área privada.

Enzo da uma gargalha e solta um grande silvo. _Wey! Soy yo! O mais bonito volta a casa!

_Porra - escuto o cara dizer ao vir correndo em nossa direção. - Enzo?

Aquele cara, qual era seu nome mesmo? Como eu poderia me esquecer? Se ele é  o retrato de seu irmão.

Brean.

A grande muralha estava trajado com um uniforme militar com símbolo dos Estados Unidos e agarrou Enzo em um abraço. Os dois trocam uma série de palavras e Enzo vira o rosto em minha direção um pouco preocupado. O que tinha acontecido agora? Vejo Enzo passar meu filho - que obviamente foi esmagado pelo abraço de urso anterior - para Brean, enquanto Enzo volta para sua posição ao meu lado.

_As coisas estão um pouco tensas lá dentro - Enzo me pega no colo e automaticamente passo um braço em torno de seu pescoço. Sinto uma de suas mãos firmarem a baixo das minhas pernas e a outra apoiar minhas costas. - Tipo muito tensas.

Livro 2 - Doce RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora