Prólogo

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Como um presente ingrato, aquela noite trazia uma fina camada de névoa que agasalhava o Santuário. Da casa de Libra, Jade observava o horizonte por uma das saídas laterais.

A neblina avançava pelas Doze Casas chegando aos pés da morada de Gêmeos. A dourada batia os dedos por entre os braços cruzados. O coração pulsava nas orelhas.

— Cristal disse que queria me ver. — Formal como sempre, Ágata surgia pela escuridão.

— Ah, sim. — Jade se virou para fitá-la. — Obrigada por vir.

A libriana deu um passo à frente.

— Que descuido o meu, não deveria estar de costas para invasores da minha casa, né?

Ágata correu os olhos lentamente pelo salão.

— E então? — disse a escorpiana.

— Eu tenho uma dúvida que queria discutir com você. Quem sabe possa me ajudar. — Apontou para uma mesa central, com algumas cadeiras ao seu redor.

— Prefiro que não. — Ágata respondeu, após analisar o local por um instante. —Tenho coisas a fazer. Sejamos rápidas.

— Certo — Jade suspirou. — Não quero tomar o seu tempo. Você tem o relatório da morte de Aura de Lebre?

— Aqui? — Descruzou os braços. — Lógico que não, né, Jade? Já passou pelo escritório, e a essa altura o Granada deve ter mandado guardar nos arquivos.

— Se bem me lembro, você reportou uma invasão e um ataque surpresa, certo?

— Olha, se esse vai ser o papo, abra um chamado pro Granada resolver. Não tenho mais nada com isso.

— Ainda não terminei. — Jade, imóvel, estendeu a mão quando Ágata tentou se retirar.

— Que encheção.

— É pelo bem do próprio Santuário. — Estralou os dedos. — Agora me diga, Ágata. Onde você estava na noite que Ema de Jamadhar invadiu o Santuário?

— Que tom é esse? — ela rosnou. —O que está sugerindo?

— Nada, é apenas uma dúvida sincera. Estou questionando todos que tiveram contato com Aura na Biblioteca, no dia anterior.

— E por que isso?

— Porque ela foi atacada assim que fez uma grande descoberta sobre os artefatos de Ares. O elmo, o escudo e a lança. É, no mínimo, suspeito, não acha?

Ágata franziu os olhos, em silêncio.

— Existem motivos para desconfiar de todos que estiveram com ela naquele dia. — Jade concluiu.

— Isso lá é sua função? E por que não está desconfiando do Rubi também?

— Porque, assim como os outros, ele tem um álibi — disse, severa. — Estava comigo naquela noite.

Pff. E que credibilidade tem isso?

— É uma boa pergunta. — Jade coçou a cabeça. — Mas tivemos uma conversa interessante esse dia.

— Uma conversa? Ah bom, então caso encerrado. — O sarcasmo de Ágata não abalou a libriana.

— Uma conversa justamente sobre seu comportamento estranho.

— Cuidado com suas palavras, Jade. — Embora a voz da escorpiana carregasse sempre uma agressividade natural, dessa vez se distorcia num rouco injuriado.

— Sabe, foi estranho você checar por novidades na Biblioteca, algo que nunca havia feito antes. Normalmente é função do Cristal, ou do Ônix. É uma baita coincidência você ter sido uma das últimas a interagir com ela. Não concorda?

Cavaleiros do Zodíaco: Desatando Nós - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora