Livro 2 - Doce Redenção

Capitulo 55

MALUMA

Quando eu a vi saindo da mata meu coração parou e só pude engolir em seco por um momento antes de ter alguma reação. Ela estava aqui, Miguel estava aqui e Isabela estava dormindo segura em um dos quartos. Tudo o que importava pra mim está nessa casa. E a sensação que eu ia estragar as coisas de novo era como um batimento cardíaco, ecoando em minha mente como uma bomba relógio. Não mais uma vez. Do que adiantava controle e poder? Não consigo manter em segurança minha própria família.

Já faziam dias que as coisas estavam acontecendo sem muito planejamento. Coisas que fugiam do meu esperado, mas nunca do meu controle. Não sei como Amanda vai reagir estando na mesma casa que Daniella e Bryan e tantas pessoas desconhecidas. Mas é o que eu posso fornecer agora. Só mais alguns dias e as coisas poderiam se tornar normais novamente.

Mas se normal significa que minha família estaria em segurança e que a gangue chinesa estaria na cadeia, normal também significaria que Amanda não ficaria nem mais um segundo do que o necessário comigo.

Não sei como vou reagir com a minha família no meio de hackers, polícias, militares, mercenários e traficantes. Mas eu iria descobrir em poucos minutos. A primeira impressão que tive foi o cruzamento do olhar do Miguel com o meu. Reconhecimento e... decepção. Havia um tecido enrolado em cada uma de suas pernas e ele estava sujo e arranhado. Uma marca roxa era ligeiramente aparente em seu braço minúsculo. Eu descobriria quem tinha feito aquilo e trataria pessoalmente do agressor.

Aquele que tocou na minha família - cerro minhas mãos em punhos - iria me encontrar muito em breve. Só mais alguns dias. E tudo seria como deveria ser.

Enzo me encara com certo pesar e segura mais firmemente Amanda em seus braços, como se pudesse afastá-la de tudo isso. Eles sussuram entre si rapidamente e ela encara a frente da casa como se procurasse uma agulha no palheiro. Meu instinto me diz que não devo aprovar essa proximidade entre os dois. Mas meu instinto também diz que eu dou um idiota.

A última vez que permiti um membro da Elite próximo de Amanda, às coisas não foram bonitas. Eu sai como o errado da história e até hoje não tinha se quer conseguido me explicar. Nao havia muito o que dizer, nem o que negar. Eu tinha minha parcela de culpa. Minha mente tenta ser racional, meu filho e Amanda acabaram de chegar de um cativeiro, tiveram que fugir por dias em meio a floresta para chegar aqui e eu sou um babaca por pensar em qualquer coisa que não for a saúde deles agora.

_Amanda - chamo sua atenção para mim.

Quando seus olhos me avistam parado na sua frente, sou tomado por um desejo muito forte de tê-la em meus braços. Esse desejo não parece recíproco e eu nem sei se eu me importo com isso nesse momento. Só quero tê-la perto de mim, nem que for para gritar o quanto ela me odeia e espera que eu fique longe dela para sempre.

Amanda está mais magra do que eu se quer posso me lembrar. Seu cabelo está desgrenhado e cheio de barro seco, assim como suas roupas e sua pele amostra. Eu não quero nem imaginar o que aconteceu para que ela se encontre nesse estado. Não estive lá para protege-lá. Eu não só deveria ter estado lá para ela, como também nunca deveria ter permitido que as coisas chegassem ao ponto em que ela ficasse nesse estado.

_Não toque em mim - ela praticamente rosna quando vou para tira-lá dos braços de Enzo.

A recusa me atinge em cheio, mas não permito que meus sentimentos sejam revelados para ela.

_Como ela está? - encaro Enzo e seu semblante se torna restrito, suas mãos apertam em torno de Amanda ligeiramente. Ele não desvia o olhar e também não me responde.

_Como eu estou? - Amanda responde ao invés, sua raiva extravasando em cada sílaba.

_Ela foi baleada. Uma bala passou por seu pé e uma tive que retirar de forma bem arcaica de seu abdômen. Já existem sinais de infecção mas ando controlando a febre com tequila - Enzo responde de forma prática e rápida, mas parte de mim entende que sua lealdade não me pertencia mais, o que havia acontecido entre os dois?