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•EMILLY•
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝



Era engraçado a maneira que o proibido andava me atraindo. Nem sempre fui criteriosa na hora de escolher algum parceiro, mas ultimamente meus gostos estavam ficando impressionantemente diferentes do comum. E todas as interações que tive específicamente com aquela mulher repassava em minha cabeça, como um disco arranhado que sempre voltava a mesma música.

Estela e eu andávamos pelo prédio enquanto íamos nos atualizando sobre nossas vidas que ultimamente estavam bem corridas. Não podíamos ficar juntas o tempo todo, agora que estávamos morando na mesma cidade nos víamos com menos frequência do que quando ela estava do outro lado do mundo. Sabia que isso era culpa de nossas agenda lotadas, mas tinha a leve impressão que por algum motivo ela também andava se afastando.

— Ainda estou indignada que você passou aquele dia todo com Catarina ao invés de está ao meu lado — Relembro do dia seguinte da festa da empresa. Assim que saí da casa de Amanda precisava urgentemente de alguma distração.

— Já disse que não sabia que você estava mal — Suas bochechas ficaram rosas e me senti ainda mais curiosa.

Ela se recusava a contar o que estava acontecendo com sua relação amorosa com aquela garota de cabelos rosa, isso matava meu lado fofoqueira mas ainda assim tentava respeitar seus limites. Estela nunca deixou de me contar sobre suas paqueras.

— Eu te disse e você nem largou tudo para ir me socorrer — Fiz um biquinho e ela riu de minha expressão.

— Não seja tão dramática e também você não falou o motivo de ter ficado mal, Amanda fez alguma coisa de novo?

Meu corpo congelou ao ouvir a citação do nome da mulher. Eu tinha certeza que estava fazendo algo muito errado, ou então jamais esconderia de minha própria amiga sobre o beijo que rolou entre mim e aquela loira, nem sobre meu interesse repentino mas assim como ela também queria privacidade com Catarina, eu desejava o mesmo com Amanda. Até ter certeza do que se passava pela minha cabeça.

— Não, tudo continua na mesma, ela ainda é uma velha rabugenta — Uma velha que beijava muito bem por sinal e me fazia ter raiva disso.

— Por que não conversa com seu pai? Tenho certeza que ele te colocaria para trabalhar com outra pessoa.

— Porque meu pai me deixou com Amanda justamente por isso, ele quer me torturar e sabe muito bem o quanto sua amiga é exigente.

Enfim chegamos ao andar que eu precisava e saímos juntas do elevador, enquanto íamos passando algumas pessoas nos cumprimentava. Assim que paramos em frente a sala da Amanda ela me olhou apreensiva.

— Não é melhor eu esperar aqui fora?

— Não se preocupe, a essas horas ela só está organizando as coisas, pode entrar.

Abri a porta e dei acesso para que Estela entrasse primeiro, notei Amanda lendo algo com seus óculos que a deixava mais atraente. Eu estava mesmo ficando doida.

— Bom dia, Estela — As duas loiras sorriram uma para outra e me senti incomodada. Ela não era tão bem humorada ao me cumprimentar.

— Bom dia, Amanda... Passei aqui para pegar alguns papéis com a Emilly, desculpa atrapalhar.

— Não se preocupe, fique a vontade querida — Querida?

Fui em direção a minha mesa e peguei a pasta que havia deixado aqui a alguns dias, me aproximei da minha amiga e deixei nas mãos dela.

— Prontinho, avisa minha mãe que separei tudo o que ela pediu.

— Vou avisar, nós ainda vamos almoçar juntas, não é?

— Sim, te mando mensagem quando estiver pronta — Estendi a porta para ela.

— Estou ansiosa para você me contar sobre aquela pessoa que conheceu — Minha amiga falou mais baixo para que Amanda não ouvisse.

— Ah, nem se anime — Senti um par de olhos sobre mim — Não acabou do jeito que eu queria.

— Bom, me conte tudo depois — Ela deixou um beijo em minha bochecha e saiu com a pasta.

Fechei a porta e fui em direção a minha mesa para começar o trabalho, liguei o computador e só então percebi que ela olhava para mim. Estendi a cabeça e vi minha chefe me analisando atentamente.

— Algum problema? — Perguntei.

— Contou alguma coisa sobre o que aconteceu para Estela?

— Vai ter que ser mais específica, conto muitas coisas para ela — Tentei segurar o sorriso mas era divertido demais vê-la brava.

— Sobre o que aconteceu a alguns dias atrás... Em relação a nós duas — Por que ela parecia tão tímida derrepente?

— Está falando sobre nosso beijo? Não, eu não contei.

— Não acredito em você, amigas sempre falam as coisas umas para as outras.

— Falou sobre nosso beijo com Cely? Melhor, falou sobre isso com meu pai? — Suas postura ficou rígida.

— Não foi um beijo tão significativo para que eu contasse algo para Cely ou qualquer outro.

— Se não foi tão importante então trate de me deixar em paz.

— A única pessoa que está insistindo com isso é você.

— Mas eu já desisti, aliás, por falar nisso, Cely gosta de mulheres, não é? — Seus olhos se encherem de uma emoção desconhecida e notei seu visível incômodo.

— Cely namora, faça o favor de ficar bem longe dela.

— Não vi a aliança em seu dedo naquele dia da balada, ela estava chorando, não é? Eu poderia consolá-la se fosse preciso.

— Não se atreva, Emilly.

— Se você não pode tomar nenhuma atitude graças ao meu pai, com ela não tenho nenhum empecilho para me manter longe, sempre achei ruivas interessantes — Minha chefe segurava a caneta com mais força do que era preciso — Lembro dos elogios que ela me deu naquela festa, poderia me arrumar daquele jeito de novo.

— Chega! Você não faz o tipo de Cely, ela não gosta de pirralhas sem educação.

— E você? O que acha de pirralhas sem educação? — Me levantei e peguei algumas folhas de sulfite em branco. Mas antes de poder sair me aproximei de sua mesa — Cely me passou o número dela para falarmos dos meus planos futuros de carreira, talvez eu ligue, ela precisa de uma distração, não é?

— Fique longe da minha amiga e qualquer outra pessoa que eu conheça, ache outro alguém para brincar — Notei seus olhos no decote da minha blusa e sorri satisfeita.

Me afastei e deixei que a loira refletisse isso, logo em seguida saí da sala.

A Filha Do Meu AmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora