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•EMILLY•
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝

O início da faculdade era a passagem perfeita de adolescência para a fase adulta e festas eram os eventos ideais para  conhecer gente nova, quem não gostaria disso?

Estela era a única jovem com defeito que não gostava disso, mas eu costumava ignorar suas vontades e a obrigava do mesmo jeito. Claro que de início ela odiou a fantasia que preparei, mesmo assim dei meu jeitinho de convence-la.

Andamos pelo extenso corredor de entrada e percebi que chegamos mais tarde do que  o pretendido, as pessoas já estavam entrando no estágio mais elevado da bebida.

— Meninas, vocês chegaram — A voz feminina me chamou atenção.

Viollet estava um arraso, a loira usava uma fantasia de princesa que combinava com ela. Nunca pensei que me tornaria amiga da esposa dos meus padrinhos, mas depois de conhecer um pouco melhor essa garota foi impossível não me apegar. Ela era quase uma versão casada e mãe de Estela, as duas se dariam muito bem.

— Viu Estela, não têm só gente ruim aqui.

— Só nós que prestamos, e quando digo nós é eu e Viollet, você é depravada igual as pessoas daqui — Olhei para minha amiga querendo assassinar ela pelo seu comentário e ela apenas ignorou.

— Bia ficou com Jane e Michael? — Perguntei antes que me desse um impulso de coragem e realmente acabasse com a vida dessa chata.

— Sim, os dois quase me obrigaram a vir nessa festa, queria está em casa

— Meu Deus, vocês duas são idênticas — Murmurei — Bom, vou deixar vocês aqui, não façam nada que eu faria.

Nunca tive problemas com festas, pelo contrário, sempre adorei música alta, adolescentes inconsequentes e alcoólicos precoces. Mas a noite de hoje não estava cumprindo nada de minha expectativa.

Tinha me preparado inteira e fiquei o mais deslumbrante possível, mesmo assim algo em mim dizia que está aqui não era o certo. Talvez fosse o tempo que passei com Estela, estava me influenciando até demais.

Andei pela casa barulhenta e me perguntei quem exatamente estava por trás daquilo tudo, certamente não morava sozinho, tinham vários quadros de família espalhada pela cada. Quem quer que fosse o indivíduo provavelmente teria problemas com os responsáveis legais pela propriedade, estava tudo um caos.

Me aproximei da porta de saída e antes que pudesse averiguar as coisas que aconteciam no jardim, um par de mãos fortes me agarrou e me puxou de um jeito delicado. Antes que pudesse gritar por ajuda notei a presença conhecida em minha frente. Essa não.

— Samuel?! — Olhei o babaca que vestia uma fantasia ridícula de vampiro — O que pensa que está fazendo?!

— Matando a saudade, boneca — Ele tentou me beijar mas empurrei ele.

— Está ficando louco? Como soube onde eu estava?

— Você postou agora pouco e fui convidado para festa — Seus olhos caíram pelo meu corpo — Você fica uma gostosa nessa fantasia.

— Eu sei que fico, mas nada disso é para você — Afastei sua mão da minha cintura — Têm que ir embora, sua namorada não vai gostar nada de te vê aqui.

— Esse assunto de novo? Já disse que não namoro ninguém, aquela louca que é obcecada em mim — Ele se aproximou e segurou meu rosto com delicadeza — Sinto saudade de você.

Samuel era claramente um idiota que só se aproximava quando queria transar. Mas eu estava no meu poço de carência e por mais que alguns bêbados pela festa quisessem ficar comigo, ainda assim me dava preguiça a enrolação da paquera. A realidade era que eu só pensava com o que tinha no centro das pernas, precisava de um alívio.

Parecendo entender perfeitamente meus pensamentos, o moreno me puxou para perto e me deu um beijo leve, mas não queria carinho naquele momento, de jeito nenhum.

— Por que não subimos para um dos quartos? — Perguntei próxima a seu ouvido e vi seu sorriso malicioso.

— Você leu minha mente.

Ele me agarrou com mais força e me beijou com mais intensidade, o volume de sua calça agora era perceptível, seu corpo estava quente e eu já nem me importava se alguém estava me vendo. Não até o tom familiar preencher a cozinha.

Por alguns segundo pensei que estivesse traumatizada o suficiente para começar a alucinar com a voz de Amanda. Mas assim que soltei o homem, vi a loira bem em minha frente.

Ela não olhava para mim, mas sim para a garota belíssima que estava em sua frente. Era a mesma desconhecida de alguns dias atrás quando a encontrei na faculdade, uma queimação pairou em meu peito.

— Que droga — Sussurrei largando o homem que me segurava com força.

Sem querer acabei chamando a atenção para mim e recebi os olhos azuis em minha direção. Seu sorriso travesso se abriu.

— Olha só, era ela mesmo que estava procurando — Amanda colocou a mão nos bolsos da calça social e me observou de cima a baixo.

Eu não vestia uma fantasia comportada, nem era essa minha intenção. Estava com um body curto, orelhas de gato, um salto gigante e alguns acessórios que arremetiam ao animal felino. Não sentia nada quando os desconhecidos me olhavam, mas aquela mulher tinha um bom jeito de me abalar apenas por focar tanto em minhas coxas.

— O que tá fazendo aqui? — Perguntei a mulher.

— Querida, obrigada pela ajuda — Ela ignorou minha pergunta e falou com a desconhecida ao seu lado.

— O encontro de amanhã ainda está de pé?

— Claro, pego você no lugar de sempre — Tentei não ficar constrangida com a conversa mas quando as duas se despediram com um selinho foi impossível não sentir uma  irritação — Vamos?

— O que? — Questionei quando entendi que a pergunta foi direcionada a mim.

— Ah, eu ainda não expliquei, preciso de você urgentemente, vamos logo.

— Eu não tô no meu horário de trabalho.

— O que está acontecendo aqui? — Quase tinha me esquecido da presença desse menino.

— Desculpa, estou tão distraída hoje — A loira olhou para Samuel com divertimento — Sou a Amanda, chefe da Emilly, agora vamos logo gatinha, estamos quase atrasadas.

— Eu não vou com você.

— Vai sim, ou então eu ligo agora mesmo para o seu pai e digo o tipo de festa que a filha dele está enfurnada.

A mulher saiu sem nem esperar uma resposta minha e senti a vontade absurda de mandar ela tomar em lugares profundos. Como podia alguém ser a arrogância em pessoa?

Eu não iria acompanhar ela, de jeito nenhum.

A Filha Do Meu AmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora