A Filha Do Meu Amigo

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•EMILLY•
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝

Minha sexualidade nunca foi um problema para mim, na verdade sempre me pareceu bem claro que o gênero de alguém jamais seria um empecilho em minha opinião. Mas ultimamente eu tenho dedicado mais tempo pensando nisso do que deveria.

Amanda era a amiga do meu pai da qual nunca me preocupei em me aproximar e vice versa, mas depois de começar a trabalhar para ela as coisas mudaram, eu mudei. Em geral a sua atitude ignorante e soberba me irritava profundamente, detestava quando me mandava fazer coisas das quais me parecia bem inútil e era impossível conviver com alguém tão exigente quanto ela, mesmo assim a noite de ontem me confundiu de um jeito inesperado.

Eu não deveria me apegar a essa sensação, pelo contrário, deveria correr dela e me esconder ao máximo que podia, mas a curiosidade parecia me intrigar e tudo o que mais queria era conhecer mais e mais da loira endiabrada.

Expulsei as dezenas de duvidas de minha cabeça e não deixei a confusão transparecer em meu rosto, precisava está na minha melhor forma possível. Atravessei o corredor exageradamente grande e entrei na sala tão temida pelos funcionários, em segundos o olhar da mulher estava sobre mim.

— Pronto, fiz as cópias que me pediu — Falei sem ao menos me importar em olhar no seu rosto. Já era a terceira vez que ela me pedia para mexer nesses papeis desnecessariamente, até parecia que queria me punir por algo.

— Pode deixar aqui — Amanda indicou sua mesa e assim eu fiz.

Não tinha dormido nada bem, minhas poucas horas de sono não foi o suficiente para me deixar descansada e conciliar o trabalho com a faculdade era um desafio a parte. Mesmo assim não daria a satisfação de fazê-la achar que estava certa, acordei mais cedo que o comum, me ajeitei da melhor maneira possível e não deixei transparecer todo meu cansaço.

— Você tá bem? Parece um pouco... Indisposta — Não olhei para ela mas tinha certeza que em seus lábios existia um sorriso idiota.

— Estou ótima — Fui até minha mesa e comecei a vasculhar qualquer coisa que me distraísse. Se ficasse parada por tempo demais acabaria cochilando em pé.

Peguei a folha que estava com metade do meu trabalho feito e achei o motivo perfeito para não dormir. Quando conseguia ficar livre de Amanda sempre aproveitava para colocar algo da faculdade em dia, era o que me ajudava a não atrasar as lições.

Comecei a lê as primeiras linhas em busca de revisar e não demorou para que minha cabeça começasse a pesar até demais, meu corpo estava tão exausto e eu precisava tanto dormir. Imagina se eu tivesse ficado naquela festa e extrapolado na bebida, as coisas só iriam piorar.

Minhas pálpebras se fecharam por milímetros e senti vontade de largar o orgulho e pedir para ir embora. Até que a voz dela me despertou.

— Pensei que os jovens de hoje fossem um pouco mais resistes, mas pelo o que estou vendo vocês só amoleceram durante os anos — Olhei para ela confusa e a vi bebendo seu café como se tivesse dormido o dia todo — É uma pena que ninguém tenha te aconselhado a ficar em casa... Ah não, espera, eu avisei.

— Do que está falando? Já disse que tô perfeitamente bem.

— Você diz isso mas já te vi cochilar umas três vezes em cima desses papéis — Desde quando ela prestava tanto atenção em mim? — Por que não vai para casa?

— Posso muito bem trabalhar, não estou com sono — Arrumei a postura e vi aquele divertimento de sempre em seu rosto. Era tão babaca.

— Se não tivesse ido naquela festa para se agarrar com meninos que só querem te comer, então talvez pudesse está mais apresentável para o trabalho, mas é claro, o que se pode esperar de uma menina que foi mimada a vida toda?

Tinha certeza que minhas expressões mostrava o tanto que estava indignada com suas palavras ditas tão simplesmente. Como ela ousava falar coisas desse tipo?

— Você sabe que é por culpa sua que estou assim, não é? Afinal não foi nenhum menino que queria me comer que me levou a uma social as onze da noite.

— Tenho certeza que se eu não tivesse te tirado daquele lugar você estaria tão pior quanto agora.

— E eu tenho certeza que ninguém, muito menos você, deveria se preocupar tanto com minha vida — Foi impossíveldeixar o tom de voz tranquilo — Não costumo ser alguém que julga as outras pessoas, mas receber concelho de uma velha com crise de identidade, que pega garotinhas de faculdade para se sentir melhor, não é uma fonte muito confiável.

— Você não deveria falar assim com sua superior.

— Minha superior está no momento agindo com muita imaturidade só porquê não conseguiu foder com uma jovem desnaturada — Ela sorria mas sabia que em algum momento machuquei seu ego —  Você deve ter algum problema de meia idade para sair com uma garota anos mais nova que você.

— E você deve ter um péssimo gosto para homens, aquele idiota não sabia nem colocar o pau dentro das calças, falando nisso me pergunto se quando vocês estão sozinhos ele sabe onde por...

— Não ouse terminar essa frase — Senti meu rosto queimar mas ela apenas riu descaradamente — Ainda consegue mesmo satisfazer alguém? Parece tão enferrujada para isso.

— Não acho que isso seja conversa para uma criança como você.

— Típica frase de quem não se garante — Me levantei querendo sair daqui o mais rápido possível.

— E no que isso te importa? Você nunca será a privilegiada a saber — Por alguns segundos meu peito queimou de raiva.

— Quem disse que não? Existem muitas mulheres mais velhas que teriam interesse em mim — Seu sorriso se desmanchou no mesmo instante.

— Pensei que só jogasse no outro time, senhorita Mancini — Ela arrumou a postura como se parecesse mais intrigada no assunto — Estou errada?

— Não importa, você jamais terá o privilégio de saber — Repeti sua frase de segundos antes e fui em direção a saída.

Não deixei que ela falasse mais nada, como que por um momento achei ela ela seria capaz de ser minimamente legal? A noite de ontem tinha sido sim uma confusão, mas bastou um diálogo com ela para que eu confirmasse uma coisa.

Amanda era o pior ser humano com quem já trombei, jamais conseguiria dividir um ambiente com ela decentemente