A Filha Do Meu Amigo

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•AMANDA•
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Sempre detestei quando minhas noites de aventuras acabavam e no dia seguinte eu acordava acompanhada de uma desconhecida, da qual não tinha nenhum interesse em passar aquele leve momento constrangedor onde fingimos lembrar o nome uma da outra e eu inventava qualquer desculpa para expulsar a dita cuja do meu lar, mas ultimamente isso tinha mudada. Desde o primeiro momento que fiquei com a Emilly eram raros os momentos que dormia sozinha e nas poucas vezes que isso acontecia meu sono voava para longe.

A questão é que Emilly me fez mudar em muitos pontos e eu detestava no quanto eu me sentia confortável com essas mudanças. Minhas manhãs eram bem mais felizes quando ela estava presente, a solidão de não ter ela por perto era desconcertante.

Seus lábios estavam colados no meu de um jeito apaixonante, mantínhamos um beijo calmo e lento buscando não colocar lenha em um mundaréu de fogo, já tínhamos nos satisfeitos alguns minutos atrás, não deveríamos fazer de novo. Ninguém tinha o direito de falar que não tentamos sair da cama, até chegamos a entrar no banheiro e escovar nossos dentes, mas com apenas um toque de nossas mãos, já estávamos de volta no colchão. Essa garota trazia todo meu espírito de rebeldia de uma só vez.

— Espera, a gente tem que parar — Tentei escapar de seus beijos mas não conseguia enquanto ela estava montada em cima de mim me impedindo de pensar direito.

— Por que? Podemos ficar o dia todo assim — Ela me pegou de novo e como se fosse um maldito extinto minhas mãos foram diretamente a suas coxas.

Como eu negaria algo a essa garota se ela era tão boa em convencer? O problema eram essas camisolas tão indecentes que ela usava, era tão fácil roubar minha atenção com um tecido que era rápido de tirar e esses beijos desgraçados que me fazia esquecer completamente das coisas, também tinha o corpo perfeito que ela possuía e nem ia falar do cheiro dessa demônia, eram muitas qualidades para uma pessoa só.

— Não, agora é sério — Com muito esforço joguei a mulher para o lado deixando sua boca longe da minha — Tenho uma reunião daqui a pouco, não consigo trabalhar se você me prender nesse quarto o dia todo.

— Amanda, são férias! Por que tem que trabalhar no seu descanso?

— Minhas férias são muito diferentes da sua e você sabe disso, já fiz o possível para ficar o fim de semana todo do seu lado — Ela colocou seu bico dramático de sempre e eu sorri ao perceber o tamanho de sua birra — Não seja tão mimada assim, voltarei daqui algumas horas e poderemos passar a noite juntas, que tal assistirmos algum filme hoje? 

— Você tem razão, seu trabalho é importante — A morena respirou fundo e se levantou — E além do mais nem vou poder dormir aqui.

— O que? Por que não? — Me sentei no mesmo instante.

— Hoje é o dia de buscar a Estela na mãe dela, vamos ir para os meus pais.

— E você não pode dormir aqui?

— Não, eles querem que a gente fique um pouco com eles — Ela arrumou os cabelos enquanto falava meu maior castigo com muita naturalidade.

— Por que tem que passar tanto tempo com aquela garota? Não pode simplesmente abandonar ela e ficar comigo? — O sorriso dela se abriu e percebi o quanto estava sendo ciumenta.

— Agora é você agindo como uma mimada — Suas palavras estavam certas, mas eu tinha uma perfeita justificativa para agir assim, Estela estava roubando o que era meu — Vai, não faz essa cara — Emilly se inclinou na cama e me deu um beijo calmo — Voltarei daqui uma semana. 

— Uma semana é muita coisa.

— Tenho certeza que você consegue dormir alguns dias sozinha — Eu duvidava disso.

— Emi, o que tenho que fazer para te convencer a ficar? — Segurei a cintura dela e apoiei minha cabeça em sua barriga — Vou me sentir solitária sem você.

— Você supera isso e acho bom mesmo que fique solitária, se outra alguma vadia entrar aqui eu te mato — Ri com a possessividade em sua voz mas fiquei com a consciência limpa, isso jamais aconteceria.

Sem que me deixasse responder, ela depositou um beijo em minha testa e se afastou indo ao banheiro, ela sequer me convidou para um banho juntas. 

Prevejo uma má noite de sono acompanhado de vários pesadelos horríveis. Tudo graças a Estela.

•EMILLY•
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Entre tantas coisas ruins em esconder um grande segredo, uma das mais difíceis estava sendo não poder contar tudo para minha amiga. Quando soube que Estela estava voltando para nossa cidade, criei um milhão de expectativas sobre como seria nossa relação daqui para frente, entretanto, tudo estava diferente dos meus planos.

Desde o princípio que me envolvi com minha chefe, sabia as consequências disso e confesso que não calculei direito sobre como ia prosseguir. Amanda se tornou alguém um pouco mais importante do que eu planejava e em contra partida acabei me afastando da minha melhor amiga, que por sinal nunca havia me guardado detalhe nenhum de sua vida e era daí que vinha todo meu remorso por manter esse segredo sujo.

O clima no carro não era tão agradável quanto deveria, enquanto uma das músicas antigas, que meu pai gostava, tocava cobrindo o silêncio, eu me perguntava sobre como seria a reação dos meus familiares se soubessem o que eu andava aprontando. Castiel com certeza não aprovaria nada disso, minha mãe ficaria tão brava que era capaz de puxar meus cabelos e quanto aos outros eu não me importava tanto, mas esses dois ficariam tão irritados que isso causaria mais problemas que o desejado.

Como se minha mente tivesse desligado por alguns minutos, escutei a voz da minha mãe me chamando e fazendo com que eu despertasse.

— Emilly! — Voltei a realidade ao meu redor.

— Sim?

— Onde está com cabeça? — Ela virou o corpo e me observou com olhos preocupados — Bom, isso provavelmente é por conta da faculdade, vi as notas suas notas que saíram, estou orgulhosa de você querida, se esforçou bastante.

— Obrigada, mãe.

— Fico feliz que Amanda tenha te dado essas férias, vocês parecem finalmente estar se dando bem — Eu era muito boa em esconder as coisas, mas assim que meu pai falou isso, minhas bochechas coraram ao me lembrar o motivo de nos darmos tão bem.

—E como anda o resto da sua vida? Sinto como se não soubesse mais nada sobre você — A morena disse — Está saindo com alguém?

— Não temos que falar sobre isso.

— Claro que temos, você é uma caloura na faculdade que está longe dos pais, sei muito bem como funciona essa fase, só espero que esteja se cuidando direitinho.

— Isabella! — Eu e meu pai repreendemos a mulher.

— Todos nós aqui somos bem crescidinhos, pode se abrir com a gente filha.

— Na realidade não pode, prefiro esperar lá fora do que saber dessas coisas sobre meu bebê — Meu pai falou saindo do carro.

Eu e minha mãe nos olhamos e sem conseguir segurar a gargalhada, rimos juntas da reação exagerada do senhor Castiel. Quando era mais nova sempre reclamei dessa proteção exagerada dele, mas agora com tantas responsabilidades de adulta confesso que sentia falta disso, sentia falta de quando algo ruim acontecia e eu podia correr para os braços deles sempre que precisava de conforto, eles dois continuavam me ajudando sempre, mas agora era diferente, eu estava diferente.

Me tirando totalmente desses pensamentos tristes, notei minha amiga saindo do prédio de sua mãe e rapidamente fui em direção a ela. Passar um tempo com eles iria me fazer bem, mesmo que uma grande parte minha quisesse apenas ficar trancada com a loira de manhã.