A Filha Do Meu Amigo

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•AMANDA•
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Eu já havia amado alguém durante minha vida. As pessoas tinham o costume de falar o qual insensível eu era, em como poderia ser desapegada, da forma que meus romances acabavam rápido, mas meu coração já foi entregue a uma mulher e eu podia dizer o quanto isso foi doloroso, algo do qual eu esperava jamais experimentar novamente.

Ainda lembrava da sensação que era acordar todos os dias ao lado de alguém do qual se tinha uma conexão maior do que algo carnal. As lembranças dos cabelos ondulados virando uma confusão graças a ventania da praia. As noites mal dormidas graças a maratonas de filmes.... Essas eram as partes boas, mas por que falavam tão pouco das ruins? Do desespero de acordar sozinha pela manhã, do fato de não conseguir se conectar com mais ninguém para nada, ou de não conseguir dormir por aflição?

Experimentei o amor uma vez e o odiei com todas as minhas forças.

O som alto da música fazia com que a voz da minha cabeça se calasse por alguns instantes e a minha volta tinha um amontoado de pessoas das quais eu não me importava muito. Gostava desse caos de gente dançando, bebendo e se divertindo, era uma sensação ótima na verdade.

Coloquei minha atenção em uma das mulheres que dançava junto com um grupo e ela retribuiu o olhar. Pelo visto tinha encontrado minha presa da vez e ela era linda.

— As vezes sinto que você é pior do que homem hétero, sabia? — A voz feminina me chamou atenção.

Era minha amiga quem atrapalhava meu momento de flerte. Cely, uma mulher da minha idade, dos cabelos ruivos e olhos verdes, era minha companhia de longa data. Cely não era uma pessoa parecida comigo, nenhum pouco, ela era do tipo romântica, caseira e principalmente, muito bem comprometida com sua namorada maluca, ou seja, uma chata. Mas nunca recusava tirar uma noite para beber, principalmente agora que estava brigada com sua companheira.

— Por que diz isso? — Perguntei já interessada em ouvir seus julgamentos. A ruiva sempre tentou me converter para ser uma pé no saco igual ela.

— Porque estamos aqui a meia hora e você já encontrou umas três fodas só para essa noite — Ela indicou as mulheres das quais já havia investido.

— Deixa de ser irritante Cely.

— Não estou sendo irritante, só tô esperando o dia em que você vai finalmente encontrar alguém que roube seu duro coração.

— Lá vem você de novo — Revirei os olhos e a observei beber seu drink com um canudinho — Por falar em amor, onde está o seu? Vocês vivem grudadas, me surpreende ter aceitado vir aqui hoje.

— Nós brigamos — Ela murchou no mesmo instante — Jéssica ficou chateada porquê eu disse que ia ter uma reunião com uma mulher que ela não gostava.

Jéssica era a pior namorada de todas, em minha cabeça aquela morena era uma tóxica possessiva. Dá para acreditar que ela não gostava de mim? Quem em sã consciência não me ama logo a primeira vista? Não confiava nadinha nessa mulher.

— Por que não termina? — Dei a solução rápida e minha amiga me olhou indignada.

— Você realmente acha que é simples assim? — Minha cara mostrou a resposta óbvia — Meu Deus Amanda, não é assim que funciona quando se têm amor.

— É sim, você que complica tudo.

— Não sei porquê ainda tento conversar com você — Uma risada abafada escapa de mim.

Voltei a olhar a bela desconhecida que agora dançava de maneira bem mais sugestiva e vi que era minha hora de ir embora. Levantei da banqueta disposta a ir até o banheiro e descarregar todo o nervosismo do dia.