A Filha Do Meu Amigo

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•AMANDA•
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Eu sabia cada maldito risco que estaria correndo quando comecei a me sentir atraída pela Emilly e foi exatamente por isso que me mantive tão relutante no inicio, mas não era preciso muita inteligencia para saber que eu não resistiria a ela por muito tempo.

A noite de ontem tinha sido péssima, deveria adivinhar que algo ruim aconteceria, nenhum de nossos encontros deram certo e com certeza o da noite anterior tinha sido o pior entre todos. Deveria ter escolhido o caminho mais fácil, cama e filmes a madrugada toda, mas não foi isso que fiz, pelo contrário, acabei com tudo.

No calor do momento disse coisas que não queria dizer, agi de um jeito tão idiota com ela que fiz tudo errado e agora todas minhas mensagens não tinham nenhuma resposta, minhas ligações não eram atendidas e ela fazia questão de não me dá sequer atenção.

Esse bocado de problemas, mais questões do trabalho e uma noite mal dormida resultava em uma grande dor de cabeça e falta de disposição para tudo. Em meio ao meu caos interno, batidas na porta me puxaram para a realidade e voltei rapidamente autorizando a entrada. Era Marta, a secretária.

— Senhora, licença — A velhinha entrou no escritório com o sorriso meigo de sempre — Emilly já está lá fora esperando.

Despertei no mesmo instante e fui em direção a saída.

— Ela parece de bom humor? — Sua expressão era o bastante para saber que não.

— Bem.. Ela com certeza está bem agitada — Certo, ela estava uma fera.

Saí da sala deixando Marta para trás e me apressei pelos corredores pronta para me encontrar com a morena. Assim que entrei no hall reparei em como seu corpo ficou tenso ao me ver e seu rosto se fechou no mesmo instante, ela revirou os olhos.

— Emilly, como você está? — Tentei me aproximar mas ela se afastou.

— Não estou em horário de trabalho, vim aqui falar com a minha mãe.

— Sua mãe não está aqui — Vi a dúvida em seus olhos — Pedi para Marta te chamar em nome dela.

Ela me olhou desacreditada e por alguns segundos ficou em silêncio como se estivesse raciocinando a intenção. Esperei que ela me xingasse, ou então gritasse, mas ao invés disso a única resposta que recebi dela foi apenas seu afastamento, a garota começou a ir embora em direção ao elevador e eu a segui.

— Emilly espera! — Segurei seu braço fazendo meu máximo para não machucar e ela me olhou furiosa. 

— Não quero falar com você, me solta! — Ela se desvencilhou do meu toque.

— Temos que conversar sobre o que aconteceu ontem, o que fiz foi um engano.

— Com certeza foi, você fez questão de me explicar que tudo isso foi um grande engano.

— Não estou falando sobre a gente e sim sobre como eu agi, eu fui uma babaca, me deixa explicar — Senti meu peito doer ao cogitar a possibilidade dela não me perdoar — Vamos para minha sala, aqui alguém pode nos vê.

— É melhor mesmo, vai que você também me culpe por isso — Senti suas palavras acertarem um ponto bem sensível da minha consciência.

— Emilly, por favor — Segurei a mão dela — Só preciso de cinco minutos e prometo que não vou mais te pertubar.

Ela olhou para nossas mãos juntas e logo em seguida para os meus olhos, não sabia definir se aquilo era um bom sinal, mas quando a garota se afastou  de meu toque e foi em direção ao corredor da minha sala, respirei aliviada. Já era alguma coisa.

Acompanhei ela e juntas entramos no meu escritório, Marta não estava mais lá e para evitar qualquer atenção indesejada tranquei a porta. Emilly cruzou os braços e me olhou seriamente, às vezes notava essa semelhança de autoridade entre ela e Isabella.

— Você tem cinco minutos.

— Primeiramente, me desculpe, a forma que te tratei ontem foi totalmente inexplicável, eu prometi que nunca mais agiria daquela forma com você e não consegui honrar minhas palavras — Não tem justificativa pra o que eu fiz, mas se você quer encontrar uma razão então a única coisa que posso falar é que fui movida pelo medo.

— É, eu sei, você estava com medo que Samuel contasse tudo para os meus pais.

— Não, não é só isso — Dei um passo em sua direção e ao contrário de antes ela não se afastou — Fiquei sim com medo da reação dos seus pais, mas não só por mim, fiquei por você Emilly... Eles podem acabar com minha carreira, mas tenho medo do que eles fariam com você, sei que a vida toda os dois te mimaram muito e mesmo com os erros que você já cometeu todo castigo que te deram foi pouco comparado ao que os dois podem fazer ao descobrirem o golpe baixo que estamos dando neles, tive receio de que de alguma forma você acabasse prejudicada por uma decisão onde eu deveria ser a maior responsável.

— E a solução disso para você é terminarmos com tudo?

— Me entenda, eles vão descobrir em algum momento — Vi seus olhos enchendo de água — E sei que meu discurso de segundos atrás pareceu bem romântico mas também tive medo que caso eles descobrissem sobre a gente te tirassem de mim, no fundo eu só estou sendo uma grande egoísta que não te quer longe... Por isso não, eu não quero terminar nada que temos agora, o que eu quero fazer é assumir tudo.

— Espera, o que?

— Eu tenho muita chance de ser morta nesse processo, mas vai ser bem melhor se Isabella e Castiel descobrirem através de nós do que por um ex amante qualquer seu.

Por um instante não tive nenhuma reação dela, esperei até receber uma grande resposta negativa mas ao invés disso seus braços simplesmente contornaram minha cintura. 

— Você tá querendo me assumir? Isso é tipo um pedido de namoro? — Ela começou a chorar como se fosse uma criança.

— Sim Emilly, isso é um pedido de namoro.

A maluca pulou em mim como se não fosse nada e precisei de um esforço para nos deixar equilibradas, como afirmativa recebi um beijo seu e senti aos poucos minhas estruturas amolecerem.

— Isso é um sim?

— Sim! — Ela encheu meu rosto de beijos — Mas é melhor esperar uns dias para eu preparar eles, talvez a gente devesse fazer uma viagem antes disso, vamos precisar de uns dias para nos planejar e sem dúvida precisamos de algo bom para compensar a notícia do nosso namoro — Ela falava mais rápido do que eu conseguia acompanhar.

— Algo bom?

— Sim, tipo uma gravidez! Vamos falar que estou grávida!

— Tá legal, tenho certeza que isso não é possível e você tá ficando doida.

— Enfim, vai dar tudo certo, eles não vão ser tão ruins assim — Eles seriam sim.

— Não me importo, contanto que tenha você já está tudo certo.

As bochechas dela ficaram vermelhas e foi minha vez de juntar nossos lábios em um só. Ela se acalmou e se manteve por perto.

— Isso foi muito romântico, mas só para você saber ainda quero um pedido descente — Não segurei a risada.

— Qualquer coisa que você quiser.