A Filha Do Meu Amigo

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•AMANDA•
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A lua já estava presente no céu há um bom tempo quando enchi minha segunda taça de vinho em busca de esquecer os meus problemas. Gostaria que tivesse algo mais forte para beber, do tipo que fazia o dia seguinte ser iniciado com uma bela ressaca, mas toda bebida com esse teor alcoólico havia acabado nas noites anteriores, quando eu buscava afogar minhas mágoas do mesmo jeito de hoje.

Fui até o sofá e me sentei notando o quanto aquele silêncio pela casa me incomodava. Emilly foi como um furacão em minha vida, entrou nela, fez uma bagunça e me deixou sem saber como colocar tudo de volta no lugar. Era esse o efeito que ela tinha em mim, o que era engraçado já que nenhuma outra foi capaz de fazer o mesmo.

Olhei a pequena pilha de papéis que estavam na mesinha de centro, tinha tentado trabalhar para me distrair como costumava fazer mas isso não deu certo. Ficava me recordando dos momentos em que pensei desistir de meus sentimentos por Emilly por saber que no final tudo daria errado, já tinha passado por esse sentimento uma vez, sabia como acabava e mesmo assim decidi continuar. Sabe o pior? Não me arrependia disso.

Preferia ter meu coração partido do que abrir mão de Emilly, pois foi com ela que descobri o que era ter alguém tão especial ao meu lado, ter alguém que me fizesse sentir especial.

Quando estava prestes a virar minha bebida a campainha tocou e não perdi meu tempo tentando descobrir quem estava lá fora, não me importava, no momento não estava apropriada para receber ninguém e sinceramente queria ficar sozinha. Fiquei em silêncio esperando que quem quer que fosse imaginasse que não havia ninguém em casa e fosse embora, mas não foi isso que aconteceu. O som irritante da campainha continuou circulando pela casa e percebi que o inconveniente não iria partir.

Me levantei de onde estava e fui até a entrada pronta para dar uma bronca ao idiota, mas não consegui dizer nada quando abri a porta. A imagem que estava em minha frente me deixou sem palavras.

— Oi, Amanda — Emilly abriu um sorriso tímido em minha direção e vi suas bochechas ganharem cor.

Por alguns instantes tentei pensar nas possibilidades que a trariam aqui, talvez minha mente enfim tivesse enlouquecido e resolveu me pregar peças. Mas quando olhei para a baixinha do seu lado desconfiei que aquilo não era uma alucinação.

— Tia Amanda! — Alicia me pegou desprevenida com um abraço e me mantive equilibrada enquanto ela agarrava minhas pernas.

— Meninas, o que estão fazendo aqui?

— Será que podemos entrar? É melhor conversarmos lá dentro.

Dei a passagem rapidamente para que elas entrassem e de maneira discreta levei meus dedos até meu braço, foi só quando me dei um beliscão que tive a certeza de que não estava sonhando. Voltei a sala me juntando a elas.

— Desculpa incomodar essas horas.

— Não incomoda, não estava fazendo nada — Ela reparou na taça de vinho ainda cheia — Aconteceu algo ruim?

— Não, pelo contrário — A morena olhou para a irmã e abaixou o tom de voz — Conversei com meus pais e Estela hoje... Ela está grávida.

— Estela está grávida?!

— Fala baixo! Alicia ainda não sabe de nada — Verifiquei a pirralha e vi ela distraída mexendo no controle remoto — Estela foi até a casa deles contar a novidade e fiquei de babá da minha irmã, não pensei em outro lugar para onde pudesse ir.