yosuga no sora

RENDIÇÃO

Haru ~

Os outros dias que vieram foram estranhos, Yuki me cumprimentava na escola normalmente mas não me ligou mais. Estava com vergonha de mim mesmo, ainda não tinha coragem de tocar no assunto.

Eu havia comentado por cima o que aconteceu com Kasuha, mas nem ela mesmo me entendeu, afinal... Quem entenderia?

- não entendo, achei que vocês fossem o "casal", estava tão determinado a ficar com Yuki e no fim deu pra trás? Achei que era o que queria Haru.

- também achei... Pensei que estava apaixonado e quando vi que eu ia fazer algo errado, tentei forçar ficar com ela... Acho que a assustei kah... Eu sou tão confuso.

- eu acho que você quer todas hahaha, mas sério, você me disse que amava outra pessoa  que não podia ficar, era da cidade grande? As vezes acho que isso te assombra.

- você nem imagina o quanto..

As aulas haviam voltado com tudo, com elas muitos afazeres, Sora estava tendo dificuldades e passava até do horário na escola estudando, dava pra ver seu cansaço. Hoje não seria diferente, ela me pediu que fosse embora sem ela pois iria estudar com Akira, ao sair do 2° andar encontro Yuki e a presidente Kosue juntas.

- Yuki... Presidente. - fiz uma reverência.

- olá Haru, eu queria falar com você mesmo, percebeu que Sora anda tendo dificuldade? Talvez precise de reforços, se quiser posso ir dar uma ajuda dando aulas pra ela.

- ah sim... Eu percebi, mas não seria muito longe pra você ir? Digo, Yuki mora mais perto, se você pudesse ir Yuki...

Ela evitava de me olhar nos olhos, eu sabia que ela ainda estava muito machucada, sabia que era difícil, mas queria uma chance de me redimir.

- desculpe Haru, eu já tenho muita coisa e estou estudando pra um vestibular, não tenho mais tanto tempo, ando tentando ocupar minha cabeça. - dava pra sentir a dor na voz dela.

- bom, se ainda precisar de ajuda Haru, pode me chamar já que Yuki está ocupada. - a presidente estava observando tudo e parecia muito intrigada.

Casa kasugano (outro dia) ~

Mal dormi depois de ontem, estava sentindo tanta culpa que me revirava na cama, percebi que ainda era cedo, Sora não havia levantado. Me levantei pra preparar o café da manhã e vejo que já se passou meia hora e nada da Sora sequer levantar pra ir ao banheiro.

- Sora, não vai ir pra escola? Você anda tendo dificuldade pra estudar, não pode ter o privilégio de faltar agora. - dei algumas batidas na porta mas não tive resposta.

Com o silêncio imaginei que ela ainda dormia, fiquei com receio de abrir a porta... Me lembrando da última vez que tinha ficado ali, tentei criar coragem e abri.

Sora estava deitada, parecia dormir mas fazendo caretas de dor, ela estava doente e ao encostar a mão em sua testa percebi que ardia de febre, fiquei desesperado, as vezes em que pegou uma gripe forte quase teve pneumonia e ela não tinha muita resistência.

Desci e peguei um remédio pra febre, assim que dei o remédio pra ela, Sora tentou ficar sentada, parecia esgotada e tinha olheiras fundas embaixo dos olhos, seus lábios estavam muito vermelhos e suava.

- eu não queria te dar trabalho Haru, desculpe, demorei pra voltar pra casa ontem e quando vi já estava anoitecendo, eu não levei blusa e ventava muito...

- a culpa não é sua Sora... É minha eu deveria ter ido te buscar e levado minha blusa, droga... A responsabilidade é minha. Deite, vou preparar algo e ligar pra escola, ficarei com você hoje.

Depois de uma hora Sora voltou a dormir, eu pensei em ligar pra Yuki, mas imaginei que talvez ela não fosse me atender. Resolvi então ligar pra presidente que ira explicar melhor pra diretoria.

- [Alô??]

- oi Kosue, é o Haru, estou ligando pra avisar que eu e Sora não iremos pra escola, ela está com um resfriado e ele não pode piorar... Ficarei cuidando dela, poderia avisar aí?.

- [ah, claro Haru, Yuki me avisou mesmo que não havia te visto, melhoras pra sua irmã.]

- obrigado... Vamos ficar bem.

Ao desligar fiquei pensando que Yuki ainda gostava de mim, ou ainda se importava, mas pra mim não tinha mais volta, eu nunca conseguiria me separar de Sora e talvez... Não quisesse.

Fiquei o dia todo em alerta, cuidei da casa e ficava conferindo a sua febre, ela estava tentando ser forte e dizia que eu não precisava ficar, eu sabia que ela estava tentando mostrar que já era grande o suficiente, mas pra mim era um prazer cuidar dela.

Ao medir sua temperatura ela continuava febril, gemia de dor de cabeça, acabei que pegando uma toalha resolvo dar uma banho nela com a compreensão de água morna. Vou passando o pano com cuidado em sua testa e pescoço. Fico ao seu lado reparando cada traço e depois cada parte do seu corpo, tirei suas roupas e fiquei ali... Enxugando e molhando com cuidado, estava preocupado, tomando cuidado como se fosse uma boneca de porcelana, mesmo ela nua ali não senti nada sexual, era só amor, amor e preocupação.

"Se fossemos um casal, quando a idade chegasse talvez fosse preciso aprender a cuidar um do outro, afinal, quando a beleza acaba e a doença chega, quem ficaria ao seu lado senão aquele que te ama?"

Ao pensar isso me veio todos os momentos em que eu cuidei dela, desde seus primeiros dias aqui, das outras vezes acamada, do desespero indo buscá-la doente na outra escola, das vezes em que ela mal comia e sua risada era baixa... Até mesmo do dia que nossos pais se foram e ela ficou meses deprimida, agora ela tentava cuidar de mim, se esforçava pra conseguir ficar bem na escola, aprendera a cuidar da casa e até se arriscava na cozinha. Aquilo já era amor, mas até que ponto era algo familiar?

Já vi outros casais de irmãos, geralmente se odiavam, brigavam e cuidava um do outro por obrigação, mas eu não, nunca foi assim...  pensando nisso eu acabo adormecendo nos pés da cama de Sora.

Sora~

Vi Haru dormindo sentado aos pés da minha cama, já deveria ser fim de tarde, a luz do por do sol entrava na janela e iluminava seus cabelos, ele é lindo, cansado ao extremo, mas lindo até assim.

Eu senti ele me dando banho, medindo minha temperatura e até mesmo penteando meus cabelos, meu peito doía, não era justo viver assim, eu queria ser totalmente sincera e me entregar para o único homem que saberia me amar e a prova disso era ele estar ali.

Sentei em sua frente e com todo o anseio dou um selinho nele, com isso ele acorda assustado, mas quando seus olhos se encontraram com os meus ele parou e pareceu não querer mais resistir, estávamos cansados e rendidos.