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Desligo a ligação com o meu governante, que me avisou que meu irmão mais novo não chegou ainda em casa. Faz dois dias que ele não aparece, liguei para ele, mas o mesmo somente diz que está bem e que volta na segunda.
Sei muito bem que ele aprontou, senão, não estaria se escondendo de mim. Mas acho que ele se esquece que conheço ele como a palma de minha mão. Cuidei desse moleque dês dos 5 anos de idade dele.
Ouço baterem na porta, mando entrar já sabendo de quem se trata. Lucas, meu secretario, entra todo envergonhado e de cabeça levemente baixa.
Vitor Lucas, um garoto\homem um tanto estranho e misterioso para mim. As vezes não consigo o entender. Uma hora vejo uma pitada de malicia em seus olhos, outra vejo inocência. Ele é bem calado, mas quando fala, não para mais. Cheguei a achar que ele era uma pessoa autista, pelo modo dele falar. Ele é observador, organizado e bem inteligente.
Fora que tem uma beleza maravilhosa, nas primeiras semanas que ele começou a trabalhar aqui, não conseguia tirar meus olhos dele. Algo me atrai para esse garoto. Mas como eu disse, ele ainda é um garoto, praticamente tem a idade do meu irmão, então não deveria ter esses pensamentos com ele, principalmente sonhos.
Na primeira vez que tive, fiquei com raiva de mim mesma. Porra! Ele ainda é um garoto que está entrando para o mundo adulto.
O que não me ajuda também é o modo que ele me chama ’’ Senhora Muale’’, o modo que ele fala errado o meu nome, faz acha-lo fofo e principalmente, faz um certo efeito no meio das minhas pernas.
-- No-nova secretaria? – Pergunta e noto medo na voz dele.
-- Sim. – O respondo voltando a assinar os papeis.
Essa semana toda minha agenda estará lotada. Terei que ir para a Itália, irei fazer uma reunião com o CEO de lá, para podermos fechar um novo contrato. Reuniões de vídeo chamada com os advogados das empresas que sou sócia e fora as visitas que tenho que fazer nas minhas outras empresas.
Quando noto o silencio da sala, levanto a cabeça e vejo o Lucas olhando para o chão. Seus olhos estavam lagrimejados.
-- O que.. – Ele me corta.
-- A.. Senhora está me demitindo? — Pergunta um pouco triste, quase chorando.
-- Da onde você tirou isso, Lucas? – Reviro os olhos.
-- A senhora está contratando outra secretária e.. – Paro ele.
-- Não leu o e-mail que mandei para você? – Cruzo as pernas e noto seus olhos indo até elas.
-- E-mail? – Fica confuso.
-- Sim. Mandei ontem a noite avisando das mudanças. – Suas bochechas ficam vermelhas.
Ele nega e abaixa a cabeça. Não gosto quando ele faz isso..
Entro no e-mail que mandei para ele e o chamo para se aproximar. Poderia muito bem falar o que mandei, mas quero sentir o seu perfume de bebê mais de perto.
-- Está vendo? – Aponto.
-- Mas, eu não preciso de ajuda para cuidar dos assuntos da senhora, posso fazer sozinho isso. – Faz bico.
Só uma mordidinha..
-- Lucas? Como expliquei no e-mail. Um novo sócio estará trabalhando com a gente. Ele vai ficar aqui na minha sala junto comigo e.. –
-- Por que aqui? – Me corta e pergunta muito bravo. Chega a cruzar os braços. -- Porque ele irá trabalhar comigo, e além do mais, não tem outra sala aqui em cima a não ser a minha, do ravi e de reunião. – Tento explicar.
-- Coloca ele para ficar com o Sr. Salles. – Da de ombro. – Ou na sala de reunião. – -- Lucas? Olha o que você está falando. Não tenho como trabalhar com ele estando na sala de reunião. E muito menos na sala do meu advogado. – Bufo.
-- Dou a minha mesa para ele poder trabalhar. – Enciste.
-- E você fica aonde? –
-- Aqui com a senhora. – Fala como se fosse obvio.
Começo a dá risada me encostando na cadeira. Suas bochechas inflam e o mesmo faz careta.
-- Não tem graça. – Coloca as mãos na cintura.
Faz tanto que não dou uma risada desse jeito..
-- Olha, Lucas.. Não tem nada o que fazer para mudar, então está tudo resolvido. – Falo, mas desta vez, séria. – Você será o secretário dele até a estadia dele aqui. Quero que o ajude no que precisar. A nova garota, será provisoriamente a minha secretária. –
-- Por que a mulher não pode ser a dele? – Suspiro já ficando nervosa com tantas perguntas.
-- Ela não tem experiência com a nossa empresa, Lucas. Não sabe como funciona, e você tem mais experiência e irá facilitar as coisas. –
-- Mas ele também não sabe como funciona a nossa empresa e.. –
-- Vitor! – Acabo falando com grosseria. – Não será mudado o que já falei. Você vai ficar com ele e ela comigo até terminarmos o que precisa. – Ele confirma.
-- Desculpa. – Pede. – Irei falar com as moças e manda-las para o senhor. Salles. -- Fala e deixa a agenda ao meu lado.
Saindo da minha sala, suspiro e me xingo por ter sido a porra de uma grossa. Não queria ter falado desse jeito, mas, perguntas de mais e questionamentos me deixam nervosa. Ainda mais do modo que ele estava falando.
Merda!
Ligo o meu notebook e começo a trabalhar. Depois falo com ele e peço desculpa pelo modo que falei com ele.
(...)
Batem na minha porta e por ela o Salles entra, logo atrás dele o Lucas estava, noto que seus olhos estavam vermelhos.
O que aconteceu?
Antes de poder perguntar, ele somente entrega duas pastas verdes para o ravi e sai fechando a porta atrás de si.
-- Que cara é essa? O bonitão, gostoso, delicia da sua vida está aqui. – Salles se aproxima de mim e me dá um selinho.
-- Sai daqui. Seu feioso! – Reclamo.
-- Não fale assim, ou, vou achar que está falando sério. – Abre seu palito e se senta, cruzando as pernas.
Eu e ravi sempre nos damos bem, não é á toa que nós conhecemos dês da escola. Ele que sempre esteve ao meu lado, ele que acreditou no meu potencial quando ninguém mais acreditou, nem mesmo minha própria família. Ele é o meu melhor amigo.
-- O que você quer aqui? – Pergunto voltando ao meus afazer.
-- Como você só me maltrata. – Reviro os olhos. – Vim falar sobre as gatinhas que você mandou para a minha sala. – O encaro seria. – Não se preocupe, elas não fazem o meu tipo. Mas, enfim. A melhor para ficar trabalhando para você é a Nathalia, ela tem mais experiência como secretaria. –
-- Só isso? – Ah, mas esse mané não me engana.
-- Sim, sim. – Balança a mão na frente do rosto. – É amanhã que aquele lá chega, não é? – Confirmo. – Só dor de cabeça. – Bufa.
