{Poema fracassado}

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Artista frustado, é assim que eu me sinto.
Um artista frustado.
O que se faz engraçado,
Um artista frustado irreconhecível ainda é um artista?
Se quer conseguiria se fazer de frustado?

Poemas escondidos,
Sem mesmo que eu queira,
Só não são bons para serem expalhados a sete mares,
E voarem meio a mentes mais observadoras.
Serem notados ou apreciados,
Valem tanto quanto a mente de quem os criou acha que vale,
Nada.
Mesmos poemas que prometi não serem lidos em voz altas.
Quanto menos saberem,
Melhor.

Músicas que nunca serão ouvidas.
Treinos incessáveis pra nada.
De que serve tantos horas,
Músicas,
Cantos e prozas,
Se nada disso vai ser mostrado?
Eu quero que sejam mostrados?
Deveriam ser?

Me encontro em um ponto,
onde eu não sei se sou uma artista frustada.
Ou se me fiz frustada.
Em meio a decepção de simplesmente nem criar conseguir.
A frustração de tentar e falhar.
De treinar e não sentir mais o ânimo de continuar.
A dor de saber que para eu desistir,
é bem mais fácil do que se quer penso ser.

Cada vez me encontro mais nesse redemoinho.
Onde pensamentos me afundam,
Se tornando exatamente o que eu não queria.
Se transformando numa arte manchada de lágrimas invisíveis.
De coisas que nem lembrar eu gostaria.
De sentimentos que eu ignorei por tanto tempo,
Que meu cérebro não aguentou mais.

Me fazendo desistir de tudo.
Odiar quando dá errado.
Ter a raiva me consumindo aos poucos,
Até notar que estou sozinha.
Eu, sozinha,
Me fazendo sentir tudo, que eu senti.
Me deixando mal.
Me forçando a ficar bem.
Me forçando a esquecer justamente o que eu mesma me recordo.
E mais uma vez pensando.
Artista frustada,
É isso que eu sou.

Artista frustada,
Que se faz de perfeita,
Coloca seu sorriso encenado,
Fingindo ser a maior das atrizes,
Mas se encontra sempre com o mesmo destino.
Lotada de raiva ao ponto dela transbordar pelos olhos,
Pelas palavras de mais um poema fracassado.
Igual a sua criadora.

Mais um poema incompleto,
Quase inacabado.
Um poema sem sentido,
E de alguma forma se faz sentido disso.
Sem objetivos, desejos, sonhos.
Só mais um poema doloroso,
Só isso.

Músicas que me servem de tudo,
mas que nesse momento só me ajudam a parar.
Parar de pensar,
Parar de sentir.
Ignorar todos os xingamentos constantes,
Vindos de mim mesma.
Todas as desaprovações que eu mesmo fiz,
Em coisas que parecem normais pra todos os outros.

Músicas que parecem entender que estou triste, e me deixam me encobrir da minha tristeza.
Enquanto eu me perco em mais coisas que me dizem de novo o quanto eu virei só isso.
Uma artista frustada.

Uma que não canta,
Por medo do palco.
Não escreve,
Por medo de um andamento incontrolável,
Só por não controlar suas próprias histórias.
Não solta seus poemas,
Por saber o quão dificil,
E estranho seria se alguém realmente prestasse atenção.
Não toca por medo do difícil.
E que tenta desistir tantas vezes por mês,
Que se esqueceu como é o sentimento de confiança nas suas artes.

Se apoiando em coisas que nem ganha.
Reações invisíveis.
Ganhos nulos.
Sonhos vazios,
E objetivos incansáveis.
Ao ponto de nem saber o que é.

Poema fracassado,
Queria saber como terminar você,
Com uma grande moral ou objetivo.
Mas como fazer isso,
Se no fundo eu sou como você.
Só mais alguém fracassado em meio a tantos outros.

Só mais um artista frustado,
Fazendo um poema frustado,
Sem notar sua frustração,
Que deve ter crescido a mais tempo do que pude notar.
Crescido a mais tempo do que pude evitar.
Ignorado ao ponto de se tornar notável.

Só mais alguém frustado, como um certo poema.

Interior de uma desordenada Onde histórias criam vida. Descubra agora