{Velha amiga}

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Como posso te querer,
Sabendo que não é pra mim,
Nada sobre querer?
Como posso te odiar e amar em sincronia,
Assim como a música que passei a gostar de ouvir?
Não é como se não gostasse da solidão.
Ela já me abraçou e
Se fez de abrigo muitas vezes.
Mas por que?

Talvez eu cansado de fingir que gosto totalmente da solidão.
Que me dou muito bem com ela,
E não a largo por nada.
Mas como consegui manter essa fachada por tanto tempo?

A fachada que parecia tão normal,
Que se tornou o meu padrão.
Dias sozinha até demais,
Mas sabendo que mesmo que no meu coração eu quisesse sair,
E me abrir,
Não poderia tão cedo.

Porque fui cercada pelo medo,
Sempre essa criatura um tanto desonrada.
Que me faz temer tudo,
Até a vontade de mostrá-la.
Um medo de tudo, de todos.

De amores impossíveis,
Complicados,
Solitários,
Unilaterais.
Nada além de mais um na lista de decepções, certo?
É sempre mais um para ela,
Então porque arriscar?

Medo de ser quem sou.
De fazer o que quero.
Me vestir como quero.
Porque tenho medo de julgamentos sem sentido?
Já que tenho que fingir não me importar com eles?
Posso continuar fingindo pelo resto da minha vida,
Não posso?

Medo, muito medo.
E em uma vida regada ao medo,
Fingir ser forte me pareceu bom.
Me pareceu o melhor,
E que era assim que ficaria tudo bem.
Era só desistir da carapaça de sensível,
Fingir ser forte, e tudo desapareceria.
E eu fingia tanto,
Que me tornei assim,
A perfeita atora da própria vida.
Uma que mente tanto para sí mesma,
Que se tornou sua melhor mentira. 

Então talvez,
Eu realmente tenha me cansado de fingir não gostar de ninguém...
De coisas...
Roupas...
Lugares...
De você...
Da solidão...
De mim...
Talvez eu tenha realmente cansado de tudo.

Eu cansei de você solidão,
Mas posso te aguentar o tempo que for,
Velha amiga, fazemos tudo para amigos, não é?

Interior de uma desordenada Onde histórias criam vida. Descubra agora