Livro 2 - Doce Redenção

Capítulo 57

AMANDA

_Isabela e Maluma estão em guerra do momento em que acordam ao momento  em que vão dormir - é a primeira coisa que ele diz enquanto o encaro em silêncio - Ela... ela está querendo apenas irritá-lo. Não  pedi para ela me chamar assim.

_Mas também não reprimiu  o comportamento - comento - Você não é  o psicólogo  dos meus filhos. Eles têm um pai e não  - eu levanto minha mão para impedi-lo  de falar - eu mais do que ninguém sei que Maluma não é  um pai presente e nem um pai de se orgulhar, mas é  o pai que eles têm. Não estou procurando um substituto - enfatizo bem a situação  que estamos aqui - Você não é o pai deles, não quero você perto dos meus filhos brincando com o sentimento deles.

Bryan se levanta da poltrona onde Maluma estava sentado quando acordei e senta na beirada da minha cama. Ele parece nervoso e cobre suas mãos com o rosto. Se aquilo  era pra me fazer ter pena, ele estava muito enganado.

_Eu amo aquelas crianças Amanda, eu os criei, troquei as fraldas delas - seus olhos brilham quando olham para mim - E eu teria sido um pai, um amigo, um irmão, tudo o que eles precisassem. Eu teria sido tudo o que você precisasse.

_E você foi - eu concordo - Mais um manipulador, mentiroso, indigno de confiança. Tudo o que você se propôs  a fazer - dou uma salva de palmas - parabéns soldado. Você fez com excelência. Enganou uma trouxa...

_Amanda eu posso explicar...

_... mas agora não mais - praticamente rosno e tento com dificuldade  me levantar da cama - Se você tivesse sido honesto comigo. Sobre isso - aponto seu uniforme e sua tatuagem militar - as coisas poderiam ter sido diferentes. Mas você escolheu proceder dessa forma.

_Você precisa me escutar - ele pede  dando a volta na cama para me ajudar.

Quando Bryan coloca sua mão em minha cintura, dou um soco bem dado em seu nariz e ele se afasta alguns passos para trás.

_Escutar? - ironizo - Qual a parte que eu devo escutar? Você  sabia?

_Sabia de que?

_Sabia que Daniela tinha voltado para acabar com o meu relacionamento com Maluma? Sabia que ela fazia parte da polícia? Sabia que Balvin estava vivo? Sabia que meus filhos foram jogados em um tabuleiro entre traficantes e militares? Você participou  disso?

Bryan está sério e um pequeno traço de sangue escorre de seu nariz. _Sim.

Inacreditável. _Para qual das perguntas?

_Para todas elas.

Foi como eu imaginei.

Passo por Bryan cambaleante e vou em direção ao banheiro. Sinto Bryan seguir atrás de mim, mas simplesmente não consigo olhar para ele agora.

Quando paro na pia do banheiro, apoio minhas mãos na bancada e sinto meus braços tremerem. Como pude ser tão inocente e acreditar tanto nas pessoas assim.

Meu reflexo no espelho parece muito distante da mulher que um dia eu fui. Será que um dia eu conseguiria sonhar de novo? Acreditar de novo? Viver... sem esse medo. Não  quero criar meus filhos com base no trauma e no medo.

_Eu errei - escuto-o dizer - Não vou entrar no modo clichê em que as pessoas dizem que são humanas. Eu segui as minhas ordens - sinto seu corpo atrás do meu, mas continuo focada apenas no meu próprio reflexo - Fui sua babá quando preciso, cuidei dos seus filhos, fui seu amigo e seu protetor, cuidei de uma parte do dinheiro do Maluma que foi destinado para você e os gêmeos, dinheiro que você nunca aceitaria. Pensei que estava no controle, pensei que vocês estavam seguros.