Capítulo 58

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AMANDA

Como as coisas podem acontecer  tão rápido?

Dois dias.

Em dois dias, muitas coisas aconteceram. E pra começar algumas nunca - pauso para respirar um pouco - deveriam ter acontecido.

Tão logo passamos pela consulta com o Dr. Afonso, a casa tornou-se ainda mais movimentada. Um quarto foi transformado em um centro cirúrgico em algumas horas e Maluma garantiu que todo equipamento ali usado  seria enviado para o hospital.  Miguel entrou em uma dieta especial e foi submetido a uma cirurgia que durou horas.

A equipe médica contava com três enfermeiras, um anestesista, uma instrumentalista, dois cirurgiões e uma técnica de enfermagem. Os números  subiam rapidamente na minha cabeça, mas eu não queria saber  o valor dessa conta. Ganhei alguns pontos nos meus machucados e caminhei de um lado para o outro enquanto esperava noticiais do meu filho.

Notei quando Bryan me trouxe uma xícara  de café e quando Maluma se tornou um apoio silencioso num canto do quarto de espera - que ficava ao lado do quarto adaptado para servir como centro cirúrgico. Maluma não falava, eu não falava e Enzo - que entrava na sala a cada 40 minutos - soltava alguma piada idiota que fazia Maluma literalmente rosnar e sair para fora.

Quando finalmente pude segurar a mão do meu filho, ele estava deitado de barriga para cima e suas pernas enfaixadas do pé  até a coxa, como uma múmia. A enfermeira vinha passar  uma medicação para dor endovenosa e eu sabia apenas chorar.

_Ele vai ficar bem mamãe - Isabela sussurrou sentada em meu colo. Ela acariciava meu cabelo devagar e olhava para seu gêmeo com tristeza - Ele é  forte e vai ficar bem.

_As coisas não são como eu esperava - eu fungo para ela, que me entrega um lencinho. - Eu nunca quis ver vocês passarem por isso.

_A culpa não é  sua - Isabella fecha o semblante - Juan é  o culpado.

Puxo-a ainda mais para mim. _Ele é seu pai - afirmo sentindo sua contrariedade - Tem sua parcela de culpa, não estou passando a mão sobre isso. Mas Bryan tem a parcela dele também, não quero você perto dele ou reafirmando  uma coisa que ele não é. Eu nunca confiaria sua segurança ou a de Miguel  a ele novamente. Maluma pode ser muitas coisas, mas nunca fingiu que  era alguém que ele não é.

Ela parecia entender. _Bryan fez isso? Ele mentiu pra nós?

_Sim - aquilo doeu em mim - Não sei como te explicar - choramingo em seu cabelo  - queria que as coisas fossem  tão mais fáceis.

_Ele vai ficar bem? - os ombros de Isabela caem em tristeza conforme encaramos seu irmão adormecido - Ele precisa  ficar bem.

_Tudo o que estiver em meu alcance - ouço Maluma dizer e viro meu rosto para encontra-lo parado na porta - Farei.

Ele estava vestido com um traje militar preto e segurava um capacete da mesma cor em sua mão. Pistolas, balas, algumas facas e o que parecia ser granadas estavam penduradas em seu traje, ele estava partindo. Estava indo atrás de China.

Isabela concorda com a cabeça e muito sem graça se aproxima do pai para abraçar sua perna. Maluma se abaixa até a altura de seus olhos e os dois se entre-olham por um tempo. Trégua. Ao menos por agora.

Livro 2 - Doce RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora