AMANDA
Como as coisas podem acontecer tão rápido?
Dois dias.
Em dois dias, muitas coisas aconteceram. E pra começar algumas nunca - pauso para respirar um pouco - deveriam ter acontecido.
Tão logo passamos pela consulta com o Dr. Afonso, a casa tornou-se ainda mais movimentada. Um quarto foi transformado em um centro cirúrgico em algumas horas e Maluma garantiu que todo equipamento ali usado seria enviado para o hospital. Miguel entrou em uma dieta especial e foi submetido a uma cirurgia que durou horas.
A equipe médica contava com três enfermeiras, um anestesista, uma instrumentalista, dois cirurgiões e uma técnica de enfermagem. Os números subiam rapidamente na minha cabeça, mas eu não queria saber o valor dessa conta. Ganhei alguns pontos nos meus machucados e caminhei de um lado para o outro enquanto esperava noticiais do meu filho.
Notei quando Bryan me trouxe uma xícara de café e quando Maluma se tornou um apoio silencioso num canto do quarto de espera - que ficava ao lado do quarto adaptado para servir como centro cirúrgico. Maluma não falava, eu não falava e Enzo - que entrava na sala a cada 40 minutos - soltava alguma piada idiota que fazia Maluma literalmente rosnar e sair para fora.
Quando finalmente pude segurar a mão do meu filho, ele estava deitado de barriga para cima e suas pernas enfaixadas do pé até a coxa, como uma múmia. A enfermeira vinha passar uma medicação para dor endovenosa e eu sabia apenas chorar.
_Ele vai ficar bem mamãe - Isabela sussurrou sentada em meu colo. Ela acariciava meu cabelo devagar e olhava para seu gêmeo com tristeza - Ele é forte e vai ficar bem.
_As coisas não são como eu esperava - eu fungo para ela, que me entrega um lencinho. - Eu nunca quis ver vocês passarem por isso.
_A culpa não é sua - Isabella fecha o semblante - Juan é o culpado.
Puxo-a ainda mais para mim. _Ele é seu pai - afirmo sentindo sua contrariedade - Tem sua parcela de culpa, não estou passando a mão sobre isso. Mas Bryan tem a parcela dele também, não quero você perto dele ou reafirmando uma coisa que ele não é. Eu nunca confiaria sua segurança ou a de Miguel a ele novamente. Maluma pode ser muitas coisas, mas nunca fingiu que era alguém que ele não é.
Ela parecia entender. _Bryan fez isso? Ele mentiu pra nós?
_Sim - aquilo doeu em mim - Não sei como te explicar - choramingo em seu cabelo - queria que as coisas fossem tão mais fáceis.
_Ele vai ficar bem? - os ombros de Isabela caem em tristeza conforme encaramos seu irmão adormecido - Ele precisa ficar bem.
_Tudo o que estiver em meu alcance - ouço Maluma dizer e viro meu rosto para encontra-lo parado na porta - Farei.
Ele estava vestido com um traje militar preto e segurava um capacete da mesma cor em sua mão. Pistolas, balas, algumas facas e o que parecia ser granadas estavam penduradas em seu traje, ele estava partindo. Estava indo atrás de China.
Isabela concorda com a cabeça e muito sem graça se aproxima do pai para abraçar sua perna. Maluma se abaixa até a altura de seus olhos e os dois se entre-olham por um tempo. Trégua. Ao menos por agora.
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Livro 2 - Doce Redenção
FanfictionLivro 2 - É necessário ler o primeiro: Doce Tempestade. Sinopse. Amanda está vivendo a fase mais desafiante de sua vida. Ser mãe deveria vir com algum manual de "Não enlouqueça". Ter um bebé de Maluma já era um grande problema e ela podia lidar tr...