𝐅𝐋𝐎𝐖𝐄𝐑𝐒 - 𝑫𝒓𝒂𝒓𝒓𝒚

CAPÍTULO 30

THEOVILLE

O som do tapa forte ecoando pela sala pode ser ouvido a uma certa distância, alguns elfos se encolheram ao escutar o som e temeram se aproximar. Theodore Nott virou o rosto para o lado e deslizou a língua na parte interna na bochecha tentando estancar o sangue que vazava do corte causado pelo tapa que sua avó lhe deu.

— Estupido! — ela ofendeu — És estupido!

Theo abaixou o olhar e apertou o pulso com as mãos para trás tentando não encarar a senhora à frente dele. Eleanor Nott se jogou dramáticamente em sua poltrona, deixando a mão pálida e delicada sobre seu próprio rosto, os longos cabelos castanhos caindo sobre seus ombros e face estavam como um véu que a cobria. A beleza da senhora era muito conhecida no mundo bruxo, ela jamais aparentava estar com seus 57 anos de idade. Eleanor era uma bruxa russa que havia se casado com seu avô por tradições familiares e acordos, ela tinha pele pálida, olhos castanhos escuros que havia herdado da mãe espanhola (que também havia se casado por conveniência) assim como os longos cabelos que caiam até suas coxas lisos com pontas onduladas, seu rosto parecia ter parado no tempo continuando com a mesma aparência de quando tinha seus 32 anos e sem uma única ruga aparente.

O garoto conteve a vontade de bufar e aparatar para casa dos Malfoy onde seria mais bem tratado do que naquela mansão em que morava.

— Você é terrível, Theodore — a mulher suspirou em tom cansado — Tens alguma ideia do que estás fazendo? — perguntou com o sotaque levemente carregado.

Ele encarou o grande quadro de seu avô acima da lareira e se manteve em pé, não olhando para sua avó que suspirava, continuando com a mão cobrindo sua testa e olhos.

— Não.

— É claro que não — Eleanor murmurou — És tão inconsequente quanto tua mãe — comentou — Não tenho ideia do que se passou na cabeça do meu filho quando se casou com aquela mulher.

— Então...? — Theo virou o rosto para a mulher caída no sofá — O que eu fiz dessa vez?

— Me envergonhou.

— Deveria estar acostumada com isso.

Eleanor tirou a mão da face e esfregou os dedos, olhando para o neto com irritação.

— Muito engraçado, Theodore — ironizou — Você faltou no almoço de noivado outra vez e eu tive que comparecer na reunião com aquela família sozinha! — exclamou se levantando, colocando a mão na cintura fina e andando de um lado para o outro — Já não bastava a vergonha de estar se casando com um membro daquela família, ainda me faz passar pela humilhação de ir sozinha resolver seu casamento e achar uma desculpa para a sua ausência! — ela parou de andar e apontou o dedo para o neto — Eu deveria arrancar sua língua, como punição por não me obedecer!

— E como é que eu vou dar prazer para o Longbottom na nossa lua de mel? — Theo provocou — Sabe vovó, preciso deixar ele satisfeito... — ele juntou o dedo indicador e polegar criando um círculo o qual deixou a frente da língua em um sinal malicioso — entende?

— Oras, seu... — Eleanor pegou uma almofada e jogou na cara do neto, fazendo-o dar alguns passos para trás enquanto ria — Menino sem vergonha! — xingou — Eu estou te avisando, Theodore — apontou novamente para o neto — Se você ousar fugir de seus compromissos outra vez e eu tiver que aguentar aquela velha Longbottom falando no ouvido com aquela voz irritante e com aquelas roupas terríveis, eu te matarei!

— Qual é, a velha não se veste tão mal — Nott riu se jogado no sofá, cruzando as pernas — O que a senhora tem contra a vestidos verde-limão e chapéus de urubu? É a última moda.