Cap. 1 - Alegoria

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Chloe

Meus olhos percorreram extasiados o agitado bar diante de mim. A atmosfera do "Alegoria" estava impregnada de uma energia mágica, onde feiticeiros ansiavam por música vibrante, drinks e poções. Tudo se desenrolava perfeitamente, como planejado.

O ambiente do "Alegoria" abraçava os frequentadores com sua atmosfera acolhedora, suas luzes suaves criando um cenário aconchegante. Mesas e bancos estrategicamente distribuídos proporcionavam áreas para grupos grandes e pequenos. Quadros vintage e luzes de néon adornavam as paredes, conferindo ao lugar um toque retrô. No centro do fervor, onde eu estava naquele momento, destacava-se um balcão iluminado.

— Casa cheia, chefe! — Miranda, agora minha parceira de negócios, exultava com um sorriso radiante. — Estou tão animada que chega a dar medo! — Ninguém vomitou no tapete, e já são 3 da manhã! — Ela pontuou, sorrindo ainda mais, e partiu com uma bandeja vazia.

— Então, este deve ser meu dia de sorte! — Mas, infelizmente, não era.

Como uma aparição vinda das catacumbas, um dos perpétuos adentrou o bar, avançando determinado pelo corredor entre as mesas. Um silêncio tenso se instaurou, os feiticeiros temendo a presença imponente, enquanto ele parava diante de mim.

— Chloe — pronunciou meu nome com uma voz soturna, fazendo minha espinha gelar.

— Não há humanos aqui. — Afastei-me, percebendo que os clientes se retiravam apressadamente. Miranda, com a bandeja vazia, também indicou sua saída.

— Mi, é sério isso? — gritei para ela, sentindo os olhos do perpétuo ainda sobre mim.

— Ouvi dizer que ele pode te transformar em um punhado de areia. Tô fora! — Ignorando a criatura, ela partiu apressada.

— Merda! — Finalmente, encarei-o, ignorando o bar vazio.

— Isso é o que dizem sobre mim? — O homem de preto parecia indiscutivelmente perigoso.

— O que você quer?

— Magia.

— Você já tem magia, perpétuo! — Não gostava nem um pouco daquela conversa, nem do prejuízo que sua visita trazia consigo.

— Magia de revelação! — Bastaram essas palavras para me deixar apreensiva. Enquanto minha mente ainda processava, encarei os olhos azuis da criatura. Sua pele pálida e cabelos bagunçados davam-lhe um ar atraente, mas não necessariamente cativante.

— Isso é magia...

— Proibida. — Ele completou, sentando-se numa das cadeiras vazias perto do balcão.

— Um mal necessário! — Concluiu, desviando finalmente o olhar de mim.

Morpheus era um perpétuo recluso, e talvez aquela fosse apenas a segunda vez que eu o via em 22 anos. Infelizmente, as notícias sobre ele não eram nada animadoras.

Pelo que eu sabia, ele era imortal, impaciente, cruel, indiferente à raça humana e de temperamento sombrio.

— Mesmo que seja o senhor a me pedir algo assim, não posso aceitar. — Observei enquanto ele bebia um drink de aloe vera deixado por um cliente.

— Posso te dar algo em troca. O que você quer?

— Dinheiro. — Respondi rapidamente. Ele balançou a cabeça.

— Impressionante como os humanos são previsíveis. — Decretou, finalizando o drink e retirando o casaco.

Pensei em fazer um breve discurso sobre como as contas não se pagam sozinhas, como aquele era o dia mais feliz da minha vida até ele arruinar tudo, mas percebi que isso não o interessaria.

Just Like a Dream (Sandman)Onde histórias criam vida. Descubra agora