Cap. 12 - Eu ainda não terminei!

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Quando acordei naquela manhã, Sonho não estava no quarto. Ainda sonolenta, estiquei os pés e as mãos, lembrando de Salem apenas quando ele se levantou do emaranhado de cobertas e se espreguiçou, com um bocejo engraçadinho.

— Oi filho, bom dia! — Estendi a mão em direção a ele, que se aproximou para receber o meu carinho. — Você é tão lindinho! Tão fofinho! — Me distraí, passando os dedos pela barriguinha dele e o sentindo ronronar. Ao que parece, diferente dos outros gatos, ele era carente e gostava de me ter por perto. Isso me deixou feliz demais, imaginando como seriam divertidos os nossos dias juntos.

— Você não pode falar, né?! — Desci da cama olhando ele deitar sobre as patinhas. Salém balançou a cabeça negando. Juro, ele me respondeu com a cabeça. — Você me entende, filho? — Perguntei petrificada. O bichano novamente balançou a cabeça, confirmando.

Dei um grito. Fui até ele correndo e o peguei no colo, olhando para aquele pedacinho de pet, tanto com surpresa quanto com alegria.

— Ele pode te entender! — Escutei a voz do rei, atrás de mim. Ao me virar, me deparei com Sonho já de roupa trocada e suas costumeiras vestes pretas.

— Isso não é justo! — bufei, fazendo carinho no meu gatinho.

— Ele é um ser inteligente, não tem como evitar que ele te entenda! — o perpétuo explicou.

— Eu tô falando de você! — inclinei a cabeça, indignada. — Como você pode estar tão lindo a essa hora da manhã? Que raiva! — Assim que entendeu, ele riu.

— Não consigo manter a seriedade com você! — ele veio até nós, caminhando rapidamente e me deu um selinho demorado.

— Para! — o repreendi, me afastando — não na frente do Salém, né?! — agora, Sonho deu uma gargalhada.

— Feiticeira, o que eu faço com você? — Ele estendeu a mão para mim, e passei a segurar Salém com uma só, para tocar na dele.

— Salém, você está com fome? — O perpétuo perguntou olhando pro meu novo filho, e o gatinho fez que sim. — Vá até a cozinha, Matthew irá servi-lo! — Morpheus o orientou, e eu o coloquei no chão. O bichano foi caminhando elegantemente até a porta, mas antes de sair do quarto, parou e olhou para mim.

— Tudo bem meu amor, jajá eu te busco! — Falei para ele toda animada. Ele pareceu compreender, finalmente deixando o cômodo.

— Agora eu mereço um abraço, né?! — O rei puxou a minha mão, me colocando junto de seu peito.

— E ainda tem um cheiro delicioso! — Respirei bem fundo, sentindo o perfume natural que saía das roupas e pele dele. — Majestade, o Senhor certamente será a minha perdição! — Senti quando ele me apertou um pouco mais.

Contra a minha vontade, pedi licença e fui ao banheiro para escovar os dentes. Quando vi meu reflexo, me veio um mini surto: meu cabelo estava uma bagunça, o resto do rímel estava borrado e meu rosto estava inchado.

— Aff, que raiva! — Falei baixinho, pensando como pude ter deixado ele me ver assim.

Fiquei um tempo maior do que imaginei, tentando parecer menos acabada. Encontrei o que precisei no armário e voltei com um pouco de dignidade. Sonho estava sentado em sua cama, olhando para a porta do banheiro. Assim que passei por ela, ele avisou — Você pode pegar uma roupa no armário, se quiser ficar um pouco mais!

— Uma roupa? — Olhei para o guarda-roupas mágico, pensando se eu devia ficar mais ou ir embora.

— Eu quero que você fique... — ele começou, mas de repente sua expressão ficou séria outra vez. — preciso que fique, na verdade!

Just Like a Dream (Sandman)Onde histórias criam vida. Descubra agora