Cap. 6 - Rosas Vermelhas

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Depois de cuidar da horta vertical, varrer a casa toda, lavar a louça e tomar um banho, o sono ainda não tinha chegado. Sentei no sofá e corri o olho pelo papel de interdição do Alegoria. Infelizmente, meu bar ficaria fechado por um mês inteiro, como punição adicional da igreja.

A uma altura daquelas, pelo menos eu ainda estava viva. Por outro lado, Ana e eu estávamos esperando ansiosamente que Miranda retornasse do Sonhar, para que ela pudesse concluir a magia de proteção para todas nós.

— Acorda, dorminhoca! — Era tarde quando minha amiga finalmente deu as caras. — Esse sofá vai te deixar toda torta!

— Oi, Mi! — Me ajeitei para dar espaço a ela do meu lado. — Como foi lá?

— Foi bem assustador. — Miranda disse com um sorriso nos lábios. Não parecia nada assustada.

— Ele te colocou em alguma roubada?

— Não! Ele só queria conversar. — Ela desconversou, mas pelo que eu conhecia da ruiva tinha mais coisa aí. — Hoje a noite nós vamos sair para jantar! — A ruiva fez uma dancinha de comemoração com as mãos.

— Ah ... — minha voz falhou. — Então vocês se deram mesmo bem! — Porra, eu não tinha nem tentado disfarçar.

— Sim sim — Miranda estava animada demais pra reparar na minha insatisfação. — Preciso comprar um vestido novo, e ir até o salão fazer unhas e cabelos... — Ela continuou falando, mas eu não estava mais prestando atenção.

Minha mente estava muito longe.

Um ano antes

— Gregory, amor, o que você está olhando?

Fazia algum tempo que eu tentava chamar a atenção dele, mas enquanto eu escorria o macarrão na cozinha, o homem que eu achei que me amava estava hipnotizado olhando Miranda estender as roupas na lavanderia. Distraída, minha amiga rebolava para lá e pra cá com seus fones de ouvido sem fio.

— Ah, oi querida! — Assim que me viu, ele disfarçou. — Estava procurando o controle da TV.

— Esse aí na sua mão? — Ele levantou o controle fingindo surpresa.

— Nossa, tô muito distraído hoje! — Foi em direção a sala balbuciando alguma coisa.

Aquela foi a primeira vez que eu notei que eu era o prêmio de consolação e não o troféu do campeonato.

.............

De volta para o presente, me endireitei no sofá e olhei bem no fundo dos olhos cristalinos da minha amiga. Naquele momento, tudo o que eu me apegava era o fato dela ter me acolhido quando mais precisei.

Era Miranda quem topava todas as minhas ideias doidas. Que se lembrava de me trazer presentes em todas as suas viagens; que cuidava da febre quando eu ficava doente, que lia meus poemas preferidos no meu aniversário; quem lavava minhas meias quando eu esquecia, que fazia piadinhas para me fazer rir nos dias mais difíceis.

— Você está bem? — O rosto com sardas se contraiu e me inclinei para abraçá-la.

— Sim, estou bem! Você sabe que eu te amo, né sua doida? — Eu realmente a amava, muito.

— Eu também te amo, amiga! — ela me empurrou, voltando a me encarar curiosa.

— Você deveria usar o vestido azul. Ele valoriza os seus olhos! — Disse de coração e ela logo se iluminou.

— Você tem razão! Já tinha esquecido dele. É novinho e eu nunca usei! — Logo ela voltou a fazer planos. Dessa vez, tentei mesmo prestar mais atenção.

Just Like a Dream (Sandman)Onde histórias criam vida. Descubra agora