Cap. 8 - Uma jovem fascinante

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Chloe

Era noite quando um corvo pousou na janela da sala. A ave de penas escuras bateu com o bico no vidro, assim como qualquer faria, mas já fazia um tempo que não via os corvos do mesmo jeito.

Fui até o vidro e encarei o bicho, pensando o quão vergonhoso seria conversar com ele. No fim, decidi arriscar. Quase imóvel e com seus olhinhos pretos em mim, o corvo parecia me reconhecer.

— Matthew? — Finalmente questionei, em voz alta.

— Senhorita, Chloe! — A ave respondeu, balançando a cabeça afirmativamente.

Comecei a dar risadinhas, um tanto aliviada e constrangida por minha atitude estranha anterior.

— O rei quer saber se aceita o convite dele?

— Aceito sim, Mattew! Vamos, entre! Aí fora tá muito frio! — Dei espaço para ele aterrissar no meu sofá.

—Que bom, senhorita, ele vai ficar contente!

— Mattew, quem vai estar nessa festa?

— É um jantar em família. Vão estar os irmãos de vossa majestade!

— Ah, entendi! — Ele ia me apresentar pra família assim, de cara?

— A família pode ser um pouco complicada, sabe? É melhor a senhorita conhecê-los primeiro, antes de qualquer ... — a ave ajeitou as asas, envergonhado — compromisso.

— E se eles não gostarem de mim?

— Eles não gostam de ninguém! — Matthew assumiu, de forma bem humorada.

— Queria te oferecer alguma coisa para comer. O que você quer?

— Talvez algumas sementes de girassol? A senhorita teria um pouco?

— Tenho sim! Uso para as poções da alegria! — Fui para a cozinha, lembrando com tristeza que o bar estava fechado.

— Matthew, sabe aquele guarda roupas do quarto de hóspedes que você me mostrou? — Coloquei as sementes em uma vasilha de frente para ele.

— Sei sim! Quer usá-lo para criar um vestido de gala?

— Sim! Isso é possível? Olha, eu posso pagar por ele viu!

— Não é isso, não! É que eu não posso levá-la até o Sonhar. Só perpétuos podem levar visitante! — Ele explicou.

— Aff, que pena!

Fiquei olhando o corvo comer suas sementes empolgado. Num instante, lembrei de uma coisa essencial que já estava me esquecendo.

— Matthew, da última vez que estive no castelo do rei eu fui sozinha!

— É verdade, senhorita, mas a senhora foi pelo sonho, não fisicamente!

—Sim! — não tinha pensado por esse lado! — Seu corpo foi levado só depois, pelo rei! — A ave me explicou.

— Foi tudo tão real, que eu até tinha me esquecido disso.

— Olha, tem um jeito de você ir lá, que é pedir para ele. Posso levar o seu recado.

— Não, Mattew! De jeito nenhum. Isso seria muito vergonhoso pra mim.

— Então não se preocupe, qualquer vestido que escolher vai ficar bom! — Ele garantiu. — O mais importante é a sua presença!

Antes de ir embora, Matthew me explicou que um portal seria aberto na porta do meu quarto, às 20 horas em ponto, para me levar para o sonhar. Quando o questionei sobre Constantine, ele disse que não sabia de nada por enquanto, e que daria notícias assim que possível.

Just Like a Dream (Sandman)Onde histórias criam vida. Descubra agora