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17/06/1789

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17/06/1789

Os olhos azuis deixavam lágrimas descer, enquanto esses contemplavam a trilha que se espreitava sorrateiramente entre as árvores grandes e verdes de um bosque da região. 

Mirio sentia o cavalo galopar e balançar ele, parando algumas vezes bruscamente pelo fato de seu condutor não estar prestando atenção no caminho que percorria. Sua mente estava presa na lembrança de quando ele tinha 17 anos de idade e galopava aquela trilha voltando para a casa de Eijirou, acompanhado de uma garotinha de 5 anos de idade..

“-Quantos anos você tem? - Ele perguntou, tentando puxar assunto e deixar ela mais confortável. Ela levantou o olhar, com seus enormes olhos vermelhos.

-Cinco, moço. - Ela respondeu.”

Ele olhou para sua frente no cavalo, para o lugar que ela tinha se sentado naquele dia. Era pequena, magra, estava suja e molhada por culpa da mãe. Mas mesmo suja e mal cuidada, ela era uma criança fofa e encantadora. Agora ela tinha morrido, e ele fazia aquela trilha a cavalo, sabendo que ela nunca mais estaria lá para acompanhá-lo. 

Sentiu um aperto no peito, mais forte que o de costume quando algo o entristecia. Parecia como se a garra de algum animal que possuísse unhas muito afiadas tivesse se cravado e ido na parte mais funda de seu coração, quase perfurando a alma. Ele fechou os olhos, sentindo aquela e precisou respirar fundo para controlá-la o quanto podia.

Ao abrir os olhos percebeu que a paisagem se tornou limpa, e então seguiu campina acima até ver algumas casas de madeira ao longe, soltando um pouco de fogo pela chaminé. Ele parou o cavalo, olhando o lugar, sentindo o peito afundar. Poucas pessoas moravam ali, e pessoas muito pobres e miseráveis  

Quando ele saiu de lá com ela, ela olhou para trás, para as ruas, as casas, as árvores cortadas e para a sujeira no chão, e perguntou se ela não iria morar mais lá. Ele respondeu que não, mas disse que ele poderia levar ela de volta se ela quisesse. Ela quiz algumas vezes, mas ele nunca levou de volta para poupá-la de ver a mãe. E agora, quando ele voltou era para dizer que ela estava morta. Afinal, era o correto. 

Ele refez o caminho, seguiu a rua principal, vendo as barraquinhas, os pedaços de carne expostos, às moscas voando, as crianças correndo para lá e para cá as mães brigando com algumas, mas não conseguia se manter atento em nada daquilo. De certo modo, Mirio se sentia desligado e zonzo. Receber a notícia de que ela havia sido baleada e então sangrou até a morte o deixou fora de si.  Parecia que sua consciência tinha saído do corpo e até agora não havia retornado.

Pelo menos ele tinha tirado ela daquele lugar, pelo menos ela teve uma vida boa, mesmo que curta.

Virou a terceira esquerda, e depois entrou em um beco à direita e viu o portão de madeira pequeno,  estreito no meio das outras casas que também eram feitas de madeira.

Tinha sido ali que ele tinha visto ela. Ele se lembrava bem.A mãe dela grávida, com uma barriga enorme, segurando uma vara e batendo na menina. Eri chorava e chorava, falando pra mãe que não faria mais.

Entre pinturas e morangos.(Kiribaku)Onde histórias criam vida. Descubra agora