V. Club Gotham para Pessoas Góticas

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Emily:

Mal acreditava, estava com William sendo levada para um lugar desconhecido, após ele assistir a noite de estreia da minha peça! O grau de euforia que eu sentia era espantoso, meu coração errava as batidas, meu sangue agitado queimava nas veias, não despregava os olhos dele. Sinceramente, não fazia ideia qual era seu poder e não importava qual fosse; porque pra mim o mundo que colapsasse, nada tiraria a felicidade que sentia naquele instante.

William era fascinante. Não era somente bonito, como elegante e inexplicavelmente único. Seu porte, jeito de falar, trejeitos e olhares, o nariz arrebitado, os lábios bem desenhados, as orbes esverdeadas, o cabelo liso, o sorriso misterioso e tímido, o sotaque exótico, as mãos de pianista, o vocabulário formal, tudo era uma soma sublime! Como era possível? O destino tê-lo colocado no meu rumo e, para completar, tê-lo encaminhado a assistir minha peça teatral, não devia ser coincidência!

Durante o caminho, conversávamos e riamos juntos, falando sobre seus livros dos quais eu era fã de longa data e que inclusive me inspiravam muito.

William parecia à vontade comigo, eu estava sonhando? Eu estava me apaixonando muito rápido, mas como não me apaixonaria?? Vez ou outra me recordava do que ouvi na sua sessão, algo sobre sopa de sangue, foi tão estranho. Porém, esse mistério acerca dele me intrigava. Afinal, eu também tinha manias estranhas, defeitos, problemas consideravelmente graves de comportamento, não era um exemplo de pessoa. Quem eu era pra julgá-lo? O que mais queria agora, era compreendê-lo.

Quando o Uber estacionou, descemos do carro e nos vimos adiante de uma construção imensa que se assimilava a um castelo antigo com altas torres medievais. As paredes eram por completo pintadas de preto e luzes azuis arroxeadas clareavam bruxuleantes os cantos exteriores, além de imensos archotes presos às fortificações, com chamas vivas. Eu fiquei boquiaberta e confusa contemplando a fachada. Tinha uma enorme quantidade de pessoas alternativas vestidas de preto formando fila na frente, e música podia ser ouvida ecoando de dentro pra fora.

- Aqui é o Club Gotham para pessoas góticas. - ele explicou. - Já veio?

Eu dei uma risada espontânea, achando adorável.

- Sério que me trouxe pra balada??

- Sim, foi má escolha? - perguntou e pressionou os lábios, preocupado. - Podemos ir pra outro lugar, se preferir.

- Não! - neguei rápido. - Eu disse que você poderia me levar onde quisesse! E hoje quero comemorar a estreia da minha peça.

- Então vem comigo, vamos entrar. - disse com seu sorriso tênue, dando-me o braço. Apoiei a mão recebendo o tecido grosso e quente do sobretudo.

William me conduziu pela entrada e não precisamos pegar fila. O ambiente interno me surpreendeu, era um saguão amplo e escuro, iluminado fracamente apenas por velas. O teto era alto, há muitos metros de distância de nossas cabeças, e o gigantesco lustre rudimentar estava pendurado, como os lustres dos castelos medievais, com velas em cada suporte dele.

Incontáveis mesas, poltronas e cadeiras estavam espalhadas. Gárgulas e esculturas demoníacas completavam a decoração sombria, muito mais realista e sinistra do que um recinto decorado para o Halloween. Era tétrico e inspirador. Um telão com vídeo clipe de banda oitentista se estendia na parede oposta, e um balcão grande com bartenders serviam bebidas no canto.

Eu estava deslumbrada, nunca fui de sair para boates ou lugares assim, era uma agradável surpresa. William me levou até uma das mesas e nos sentamos frente a frente. Logo a garçonete com vestido curto, coleira e decote avantajado apareceu para nos servir. Eu pedi um drink, William por sua vez não pediu nada.

Obsessão de Sangue || Bill Skarsgård ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora